Sobre novelas mexicanas

Juliano Souza Ribeiro
Sobre
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3 min readSep 16, 2016

O que posso eu dizer sobre novelas mexicanas? Que as novelas brasileiras são melhores? Desde já vamos combinar que estamos falando de telenovelas! Sinceramente eu não posso dizer muita coisa, sequer me lembro o nome de alguma que eu tenha visto. Na minha infância lembro que vi alguma, o que me faz pensar onde, e o porquê, uma vez que em casa ninguém as assistia.

Mas o sorteio desse tema, para a crônica da semana, ressuscitou uma ideia que eu tinha de escrever sobre a série Marseille do Netflix. Quando anunciaram o começo da produção da primeira série francesa do Netflix com Gérard Depardieu eu fiquei empolgado. As séries que o Netflix produz são as melhores da atualidade, e olhem que há críticos como o Maurício Stycer que dizem que estamos na Era de Ouro das séries de TV. Além do que já falei, ainda pensei comigo que seria legal praticar, quer dizer, ouvir um pouco de francês.

Marseille é sobre um prefeito, papel de Gerard Depardieu, que está em seu último mandato e prepara o seu sucessor, porém, uma traição, já no primeiro episódio, faz o prefeito repensar seus planos. Marseille costuma ser comparada a House of Cards, série também do Netflix, sendo a série francesa uma luta pela prefeitura e não pela presidência.

Mas vocês devem estar pensando o que Marseille, a primeira série francesa do Netflix com Depardieu tem haver com novelas mexicanas? Marseille é uma novela mexicana. Da trama às atuações. Esquecendo o primeiro episódio que quer ser moderno e mostra cenas de sexo lésbico, os episódios seguintes são uma sucessão de clichês mal executados, com atuações beirando à canastrice (o vilão lembra o Renato Aragão em sua performance), reviravoltas, traições, incesto, assassinatos e arrependimentos que nos fazem pensar, “mas porque eu estou assistindo isso?”.

Não vou comentar a trama em detalhes, quando eu conversei com o Fábio Ochôa sobre Marseille, ele comentou que parecia uma novela mexicana e devo dizer que ele tem razão. E que foi uma decepção até o Depardieu. Sua atuação é mecânica e desanimada, vai ver é porque ele não é mais francês.

Por mais que os outros atores sejam mais esforçados, as reviravoltas do roteiro não me convenceram que eles seriam capazes de mudar suas personalidades de um episódio para o outro.

O vilão, ah o vilão, esse participa de três surpresas, e me faz pensar que a canastrice não tem fronteiras. Está sempre com a mesma expressão de mal mesmo quando está sorrindo.

A minha lição ao assistir Marseille foi que não importa a cultura, novelas mexicanas são um estado de espírito que aflora a canastrice e cria roteiros bizarros. Mas a fotografia é ótima!

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