Sobre profissões que não existem (mas gostaríamos de ter)

R. S. Azevedo
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3 min readJul 28, 2016

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Eu terminei o ensino médio em 2010. Faz algum tempo, mas desde antes venho me embrenhando nas mais diversas -presepadas- empreitadas profissionais. E quando digo diversas, queridos e queridas, não estou brincando.

Já me enfiei em livraria, cuidei de idosos, estagiei, fui explorado em órgão público federal, trabalhei em hospital, fiz bico de garçom em festa infantil… E com todos esses empregos uma coisa eu aprendi: a certeza de que trabalhar com algo que você não gosta é o inferno na Terra.

Hoje em dia eu larguei tudo isso pra trás e fui estudar cinema, mas não antes de dar muita cabeçada prestando medicina. Não sei o que passava na minha cabeça.

Bom, na verdade, até sei.

Você escuta sua família (que diz que é o melhor para o seu futuro e você confia. Porra, é sua família né?!), você escuta seus amigos (que nunca pensam antes de falar e, se os caras te incentivam a beber vinho de 5 reais, até parece que não vão incentivar a qualquer outra coisa), você escuta os vizinhos (“O filho da Irene, sabe, a Irene? Tá fazendo medicina lá em Cabrobó do meio-oeste, menino, vou te apresentar ele”), você escuta até o Google (eu sei que você revira a internet procurando textos pra se convencer), você só não se escuta!

Atitude pouco sábia.

Não que eu seja um mar de sapiência, mas sabe de uma coisa? Eu nunca estive tão feliz quanto agora que eu faço o que eu gosto, e eu realmente amo estudar cinema.

Mas até hoje eu ainda penso que algumas profissões seriam muito bem-vindas na minha vida. Eu sinceramente não sei se elas existem, mas se existirem alguém me avisa em nome da entidade da sua preferência!

Eu sempre penso que seria muito feliz como “Embriologista de ideias”, o cara que seria pago para ficar fecundando ideias nas cabeças das pessoas. “Você é um ótimo empreendedor? Um baita realizador? Mas te faltam ideias? R. S. Azevedo, embriologista de ideias, a seu dispor!”

Outra profissão que eu, com certeza, me identificaria seria “Botequista de circuito curto”, esse profissional gastaria seu hábil tempo planejando e testando as rotas mais interessantes de botecos para grupos que têm preguiça de sair procurando lugares pelas noites. Também caberiam aqui “botequista de equipe de revezamento” para quem gosta de trabalhar em equipe e “botequista de circuito longo” para quem gosta de estender a programação.

E essa seria o desejo de muita gente: Bon Vivant Profissional. Esse esforçado trabalhador viveria sua vida exercendo horários privilegiados e criando propostas de leis que agradassem a si e aos seus, além do seu salário rechonchudo de mais de R$30.000,00. Ainda teria direito a auxílio-moradia, verba para contratação de funcionários e uma taxa muito agradável para gastar com alimentação, aluguel de carros e outras despesas. O quê? O salário? Não, o salário não serviria pra esse tipo de coisa.

Eu sei que coisas assim não existem por mais que desejemos mas, mesmo assim, não tenho do que reclamar quando o assunto é minha futura profissão. Independente de como as coisas possam parecer turvas eu sei que estou no caminho certo para alcançá-la e sei disso porquê aprendi, e aprendo cada dia mais, a me respeitar e respeitar minhas escolhas.

Qualquer desfecho será bem-vindo, porquê será um desfecho o qual eu escolhi.

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R. S. Azevedo
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Estudante de cinema, pisciano, proto-escritor e overthinking.