Dez meses e 228 árvores depois
Voltamos à Reserva do Uatumã, na Amazônia, para acompanhar o primeiro plantio das nossas árvores. E foi emocionante.
Quatro horas de avião, mais cinco de carro, mais duas de barco — ufa!, chegamos finalmente.
Há dez meses o Samuel, a Fernanda e o André visitaram a Reserva do Uatumã pela primeira vez. A ideia era conhecer de perto o projeto Carbono Neutro, capitaneado pelo IDESAM.
E agora, no início do mês de março, foi a minha vez de ir até lá e documentar o que está rolando na parceria da Sobrebarba com a ONG. Além de acompanhar o plantio das nossas primeiras árvores! Em breve a gente vai publicar dois mini docs sobre essa história toda. Aqui já tem um teaser para você sentir como foi a viagem.
Contextualizando: parte do lucro de toda venda dos produtos Sobrebarba é direcionado para ajudar no reflorestamento da Reserva do Uatumã, na Amazônia. Nossa colaboração é feita através do IDESAM, que organiza e orienta esse meio de campo através da criação dos Sistemas Agroflorestais (SAFs). Com a colaboração dos clientes da Sobrebarba, foi possível plantar até agora um total de 228 árvores. =D
Mas o que são os tais SAFs?
Explicando rápido, são sistemas inteligentes em que, junto com o replantio das árvores nativas (que foram desmatadas para dar lugar a pastos, por exemplo), são plantadas outras culturas como mandioca, cacau, maracujá, etc.
Essas novas culturas viram insumo para que a população local faça negócios, tirando daí seu sustento e fazendo a economia girar. É bom para o meio-ambiente, é bom para os moradores. Vale destacar o cuidado e dedicação com que o IDESAM toca o projeto: as árvores são monitoradas desde o plantio, durante um período de 27 anos no total, e também contam com um sistema de geolocalização.
Bom, depois de ver in loco o processo todo funcionando — o viveiro de mudas, o plantio de algumas árvores, um SAF já todo bonitão e robusto -, o que senti foi orgulho. Orgulho de colaborar e estar envolvido com um projeto sério e tão bacana como esse.
Se liga na história do Seu Aldemir , por exemplo: há não sei quantos anos, era o chefe dos moradores locais contratados para desmatar e extrair ilegalmente o pau-rosa, xodó das perfumarias europeias, cujo óleo é até hoje usado como fixador em muitos perfumes famosos.
Cabia ao Seu Aldemir (nas fotos ali embaixo) e trupe entregar as árvores cortadas aos exploradores gringos, que levavam clandestinamente a planta para o exterior, a preço de banana.
Hoje Seu Aldemir, com a ajuda e orientação dos agrônomos e engenheiros florestais do IDESAM, virou agente agroflorestal e mantém um dos SAFs mais bonitos e variados da região. Planta o pau-rosa (que ainda corre risco de extinção), além de muitas outras espécies. Seu filho mais velho também já aprendeu que é mais lucrativo se relacionar com a terra de forma inteligente e acabou de criar seu próprio SAF, a exemplo do pai. Ambos tiram dali seu sustento e não desmatam mais. Os tempos de ilegalidade ficaram para trás.
Tem como não se emocionar?