Já começou o esquenta pro Dekmantel Festival no Brasil
E o nível de expectativa aqui no QG está lá no alto!
O Dekmantel Festival vai rolar em São Paulo, nos dias 4 e 5 de fevereiro de 2017 dividido em dois momentos: a parte dia, que vai ser no Jóquei, e a parte noite que vai ser no Fabriketa.
A gente foi conferir a edição original que rolou em Amsterdã agosto passado. Por lá o festival já está na quarta edição e é um p-a-r-a-í-s-o para quem gosta de música eletrônica, principalmente house, techno e disco.
A primeira coisa a se destacar é o clima excelente do evento. É um ‘feel good’ constante, galera feliz que quer se divertir sem confusão e sem estresse.
Segundo ponto é o conforto. A infra é excelente, não tem superlotação ou correria para nada. Isso está diretamente ligado ao número reduzido de pessoas, 10 mil por dia apenas. Não tem tumulto para bar nem banheiro, o shuttle funciona (fila de 15 min no horário de pico), e a água é de graça.
Ponto 3: O lugar. O festival rola no Amsterdamse Bos, um parque maravilhoso a apenas 20 minutos de ônibus do centro de Amsterdã (também dá pra ir de bike, aliás, mais da metade do público usa esse meio de transporte por lá). É aberto e tem verde que não acaba mais. O bacana da proximidade com o centro da cidade é que dessa forma você tem um evento no ‘meio do mato’, mas sem os perrengues de um camping. =D
Número 4: line-up monstruosamente perfeito e palcos intimistas. Gente nova, DJs clássicos, Berlim, Londres, Chicago, Detroit, Bristol, Jamaica — tava tudo lá. Tirando o Main Stage, que é o maior (mesmo assim não é gigante), os outros três palcos são pequenos e intimistas.
Que delícia dançar embaixo das árvores do Selector’s Stage ou dentro da Green House (uma estufa com plantas e paredes de vidro). Sem falar no Boiler Room, que parece uma festa na sala da sua casa.
O UFO, dedicado ao techno pesado, dark, lenha, é o palco que destoa: é uma tenda fechada e escura, simulando o ambiente de um clube. Achei um desperdício me entocar ali dentro e perder aquele verde todo lá fora.
No total, não fiquei mais de 15 minutos dentro do UFO.
Vi muita coisa boa, mas muita mesmo. Foi difícil, mas separei (sem ordem de preferência) 8 atrações que mais me agradaram nos quatro dias do Dekmantel. Partiu todo mundo ano que vem? =D
LENA WILLIKENS — Tava na minha lista de prioridades para ver. Gosto muito do som ‘estranho’ dela e queria ver como levaria isso para a pista. Pois então… a alemã de Colônia conseguiu unir a estranheza sem perder o groove da pista. Foi um set pesado, muito percussivo e com tons vintage. Com uma seleção extremamente particular de faixas, foi possivelmente o set mais ousado e fodão que vi em muito tempo. Fiquei na grade, mandei beijinho, vibrava com cada grave batendo no peito. Desde já rezando para que tenha sido gravado e que seja publicado em breve.
THE BLACK MADONNA — Tocou duas vezes (uma sozinha na Green House e outra num b2b com o Mike Servito no Boiler Room). O set da Green House estava muuuuito cheio e, com o sol a pino, estava muito calor também. Vi menos do que gostaria. No set do BR (também lotado) fiquei mais tempo e o negócio dela é o seguinte: set festeiro, hedonista, divertido. Equilibrou perfeitamente as novidades com os clássicos da Chicago House. Voltei apaixonado.
MOODYMAN — O cara tocou para uma Green House também muito cheia, todo mundo queria um pedacinho.
Circulou por onde é mestre: funk, soul, disco e house. E que bailão! Rolaram umas sambadinhas aqui e ali, mas com a bagagem que esse malandro tem, só faz um set ruim se se esforçar muito.
VRIL — Foi o único da parte noite do festival que entrou na lista. Um dos principais nomes do Giegling, selo alemão cultuadíssimo, fez um live no Melkweg que faria até o capeta ficar com medo: pesadíssimo, agressivo, para poucos. Não sou muito desse hard techno dos infernos, mas tem alguma coisa na cadência e nos timbres que esse cara tira que me faz ser fã.
KOZE — Dos ‘grandes’ escalados para esta edição, foi o melhor: botou Dixon, Tale of Us e Villalobos no bolso. Fez um set de BPMs baixos e muito climão. Confesso que estranhei logo de cara, achei que fosse flopar. Apesar da reação relativamente fria da pista no início, ele não desistiu… aí de repente a locomotiva começou a andar. Salpicou um hit ou outro ali no meio (o remix dele pro Modeselektor, por exemplo) e terminou ovacionado tocando a linda, mas linda mesmo, versão que ele fez para ‘9 Years’, do Roman Flügel.
BEN UFO + JOY ORBISON — Dois expatriados do dubstep enfiando o pé no techno. Ben é dos nomes mais respeitados da nova geração de DJs ingleses. Desceram a mão no grave e utilizaram bastantes vocais, sem cair naquele techno estéril sem variação alguma.
PALMS TRAX — Também tocou duas vezes, uma no Boiler Room, e no domingo no Main Stage. O set do BR foi bom, serviu de aquecimento. No palco principal o bicho pegou e o rapaz fez uma das apresentações com mais groove de todo o festival. House com muito vocal, sem concessões a hits. Daqueles que sai todo mundo com sorriso na cara e alma lavada.
MOTOR CITY DRUM ENSEMBLE — Nunca vi alguém usar tracks obscuras de disco funk nigeriano com acid house nóia e fazer dar certo. Ele encerrou o evento no domingo com ares de herói, adorado, num main stage que gritava, gritava e não queria ir embora.
E pra entrar no clima, fiz essa playlist aqui com o que vai rolar no lineup da versão brasileira do festival.
Aumenta o volume e aperta o play: