Um Sermão Sobre Tabernas

Raul Martins
Sociedade Chesterton Brasil
12 min readJan 23, 2018

Primeiro Capítulo de “A Taberna Ambulante”

O mar, dum pálido verde élfico, ondeava numa tarde que já fora tocada pelo condão do anoitecer, enquanto uma jovem senhorita, com cabelos pretos e um vestido cor de cobre, drapeado mui artisticamente, passeava um tanto lânguida ao longo do passeio público de Pebblewick-on-Sea, a arrastar uma sombrinha e fitar o horizonte marinho. Tinha uma razão para fitá-lo assim instintivamente: a mesma razão que outras tantas e inúmeras mulheres já haviam tido, desde que o mundo é mundo. Mas não havia velas à vista.

Na praia ao pé do passeio, viam-se várias turbas pequenas apinhadas ao redor dos oradores habituais da beira-mar; sejam negros ou socialistas, palhaços ou clérigos. Aqui, havia um homem a fazer sabe-se lá o quê com caixas de papelão, e por horas a fio os turistas ficavam a ver tudo o que fazia, na esperança de descobrir o que afinal de contas fazia; acolá, um homem, com um chapelão alto, uma Bíblia enorme nas mãos e uma esposa miúda e muda ao lado, trovejava, furibundo, com os punhos cerrados, contra a heresia do sublapsarianismo,1 tão em voga nas praias badaladas. Não era coisa fácil entendê-lo — o homem estava tão alvoroçado — mas de quando em quando ressoavam, num tom que vai entre o escárnio e o choro, as palavras: “os nossos amiguinhos sublapsarianos”. Logo ao lado, estava um jovem a falar sobre o que ninguém (exceto ele mesmo) sabia, e, segundo tudo indicava, contava cair nas boas graças do público sobretudo por ter um anel cenouras ao redor do chapéu. Tinha mais dinheiro à sua frente do que os outros. A seguir, havia negros. Depois, havia uma como que escola dominical, conduzida por um homem de cujos ombros despontava um pescoço espichado, e que marcava o tempo com uma pequena vareta de madeira. Mais ao longe, havia um ateu, a arder de cólera, que lhes apontava de quando em vez o dedo rijo e entrava a discursar sobre como as coisas mais puras da Natureza estavam a ser corrompidas pelos segredos da Inquisição Espanhola — pelo homem com a pequena vareta, é claro. O ateu (que usava uma roseta vermelha) não era menos mordaz com a sua própria audiência. — Hipócritas! — gritava ele; e eles lhe jogavam dinheiro. — Palermas! Covardes! — e eles lhe jogavam mais dinheiro. Entre o ateu e as crianças, porém, estava um senhorzinho nanico, com cara de coruja e um tarbuche vermelho na cabeça, a balançar anemicamente um velho guarda-chuva verde. Seu cenho castanho sulcado por rugas parecia uma noz; seu nariz fazia lembrar a Judéia; já sua barba, negra e pontiaguda, a longínqua Pérsia. A jovem nunca o vira antes; era um novo espécime no museu, que a estas tantas já lhe era familiar, de esquisitões e charlatões. A senhorita era uma daquelas pessoas em cujo espírito há uma tensão contínua entre um senso de humor genuíno dum lado e, do outro, uma certa tendência temperamental ao tédio e à melancolia: deixou-se estar ali por um momento, e então se inclinou na balaustrada para ouvi-lo.

Ao menos quatro minutos passaram-se sem ela conseguir distinguir-lhe uma só palavra que lhe saía da boca; havia, em seu inglês, um sotaque tamanho que a jovem chegou a pensar que o homem estava a falar em sua própria língua oriental. Não havia som naquela articulação que não fosse estranho; além dos artigos que comia, dos gêneros que invariavelmente trocava e do seu “r” desesperadamente arrastado, o senhorzinho muitas vezes movia, ao sabor do acaso e do sotaque, as sílabas tônicas das palavras. Aos poucos, a garota foi-se habituando ao dialeto e começou a entender-lhe os termos; conquanto mais um bom tanto de tempo tenha se passado até ser capaz de conjeturar qual era o assunto de que as palavras poderiam estar tratando. Eventualmente, pareceu-lhe que o homem tinha alguma fantasia sobre a civilização inglesa ter sido fundada pelos turcos; ou, talvez, pelos sarracenos, depois de sua vitória nas Cruzadas. Parecia crer, também, que dentro em breve os ingleses haveriam de voltar àquela maneira de pensar, e apresentava, aos berros, o crescimento da abstemia país afora como prova de sua teoria. A garota era a única pessoa que o escutava.

— Véjam — ele dizia, a brandir um dedo trigueiro, recurvo como um sabre — véjam os seus tábernas (a sua versão de “taberna”). Os tábernas sóbre o qual escrrevem em sua livrros! Estes táberrnas não surgiram parra vénder parra vocês a bébida alcoólica cristão. Surgiram parra vender parra vocês o bébida não alcoólica islâmico. É só ólhar parra a nome de seus tábernas. São nomes orrientais, nomes asiáticas. Vocês têm um táberna famosa, parra o qual vão as suas ônibuzes em perregrinação. Chama-se “O Eléfante e Castelo”. Isto não é nome inglesa. É nome asiática. Vocês dirrão que há castelo no Inglaterra, e eu concordo. Há o Castelo Windsor. Mas ónde — bradou ele, implacável, a agitar o seu guarda-chuva verde em direção à garota, num arroubo retórico repleto de fúria — ónde ésta a Eléfante de Windsor? Procurraram pór toda o Parque de Windsor. Nenhum eléfante.

A garota com os cabelos pretos sorriu; e começou a pensar, com seus botões, que se tinha aí um homem melhor que todos os outros. Fiel ao estranho sistema, prevalente nas praias, de se fazer doações a religiões rivais, ela lhe deixou uma moeda de dois xelins na bandeja redonda de cobre aos seus pés. Com afã honroso e desinteressado, o velho cavalheiro com o tarbuche vermelho não lhe prestou atenção alguma e continuou, afável se bem que obscuramente, com o seu argumento.

— Então, vocês têm uma lúgar parra se beber neste cidade, chamado “O Tourro”.

— Nós geralmente o chamamos de “O Touro” — disse a jovem senhorita, algo intrigada, com uma voz melodiosa.

— Vocês têm uma lúgar parra se beber neste cidade, chamado “O Tourro”! — ele reiterou, com uma raiva por assim dizer abstrata — e, com cérrteza, sabem que é tudo muito ridículo!

— Não, não — disse a garota, maviosa, a fazer-lhe pouco caso.

— Por qual rázão deverria haver uma Tourro — ele clamou, arrastando os erres, sem dó nem piedade — Por qual rázão deverria haver uma Tourrro em conexão com um festividade lócal? Quem pensa numa Tourro quando está em járdim de deleite? Parra que serve uma Tourro quando assistimos às dónzelas cor de túlipa dánçando ou enchendo os taças de bébida espumante? — Vocês, meus amigas — e, radiante, olhou em volta praia afora, como se uma enorme multidão estivesse a ouvi-lo — vocês têm um provérbio: ‘Não é de esperrar que prromova a prósperidade ter uma Tourro num loja de pórcelanas.’ Igualmente, meus amigas, não serria de ésperar que manter uma Tourro num loja de vinhos vá prómover a prósperidade. Tudo isto é clarro.

Espetou o guarda-chuva na areia e tamborilou os dedos de uma mão com os dedos da outra, qual um homem que, finalmente, chegou ao que interessa.

— É tão clarro quanto a Sol na meio-dia — disse ele, solenemente — É tão clarro quanto o Sol na meio-dia que este pálavra ‘Toourrro’, despróvido de qualquer associações pácificas ou aprrazíveis, não é senão o corruptela de outrro pálavra, que possui associações pácificas e apráziveis. O pálavra não é “tourro”; é Mourro!— Subitamente, sua voz se ergueu e encorpou qual o som duma trombeta, e ele escancarou os braços como as folhas pontiagudas de uma palmeira.

Passado o grande efeito, conteve-se um pouco mais e se apoiou, mui grave, no guarda-chuva que fincara na areia. — Vocês irrão éncontrar a mesmo trraço de nomenclatûrra asiático nos nomes de todas os seus tábernas inglesas — continuou. — Mais, irrão encontrá-lo, estou quase cêrto, em todas os térmos que esteja de algum môdo ligados a seus festas e répousos. Orra, meus bons ámigos, o nome mêsma daquele espírrito insidioso com que tôrnam os seus bébidas fortes é um pálavra arrábico: álcool. É óbvio, não é, que temos aí ártigo arrábico ‘Al’, como Alhambra, como Álgebra; e não serria préciso enumerrar os numerrosas apárições do sufixo em conexão com o seus instítuições féstivos, como seu cerveja Alsop, o seu Ally Sloper,* e em seu instítuição parrcialmente féstiva do Albert Memorrial. Ácima de tûdo, naquela grrande dia féstivo, neste seu Nátal, que vocês tão érroneamente supõem estarr conectado com o seu religião. O que vocês dizem, então? Dizem as nomes dos nações cristáos? Dizem vocês, ‘Oh, acho que vou pégar um pouco de França. Uma tántinho de Irlanda. Uma bocado de Escócia. Uma ou dois pédaços de Espanha? Nããão! — E o som da negativa ressoou como o balir de um bode. — Vocês dizem, ‘eu vou pégar pouco da carne de marreco; e tódos sabem que marreco vém de Márrocos, que é a nóme que dão ao País dos sêrvos do Prrofeta!

*Ally Sloper é um personagem fictício da tiras de quadrinhos com o mesmo nome. É um dos primeiros personagens a aparecer, de modo recorrente, em mais de uma tirinha. É um malandro vadio, perpetuamente bêbado, com o nariz vermelho de tanta pinga, que vive a escapulir de seus credores.

E uma vez mais espraiou formidavelmente os braços para leste e oeste, apelando a Céu e Terra. A jovem senhorita, a fitar o horizonte esverdeado das águas com um sorriso nos lábios, entrou a bater palmas, suavemente, com as suas mãos enluvadas, como se em peroração. Mas o homenzinho com o tarbuche estava longe de acabar.

— Em résposta, vocês irrão objetar… — recomeçou.

— Oh, não, não — gaguejou e tartamudeou a senhorita, como se num arrebatamento sonhador. — Eu não objeto. Não objeto nadinha!

— Em résposta, vocês irrão objetar — prosseguiu o seu preceptor — que as nómes de alguns tábernas vêm, na verrdade, dos símbolos de seus superrstições nácionais. Logo virrão me dizer que o Gólden Cross está em frrente ao Charing Cross, e irrão discorrer, com détalhes, sobre King’s Cross, e Gerrard’s Cross, e os muitos crrûzes que se podem êncontrar em Londrres e em seus prroximidades. Mas vocês não dévem esquécer — e aqui sacudiu, velhacamente, com a ponta voltada à garota, o guarda-chuva verde, como se quisesse espetá-la — , nenhum de vócês, meus ámigos, devem esquécer quantas Créscentes há em Londrres! Denmark Crescent, Mornington Crescent, St. Mark’s Crescent, St. George’s Crescent, Grosvenor Crescent, Regent’s Park Crescent! Mais, Royal Crescent! E por que deverríamos esquécer de Pelham Crescent? Porr que, de fato? Em tódas os lugarres, digo eu, préstarram-se homenagens à símbolo ságrado do religião do Prófeta! Comparrem, com este rede e pádrão de créscentes, com este cidade quase feito de créscentes, a parrca exibição de crrûzes, que áinda ésta porr aí apenas parra evidenciar o superstição efêmerra ao qual vocês, numa mómento de frraqueza, se sentirram inclinados.”

Como já estivesse próxima a hora do chá, os magotes na praia se iam rarefazendo rapidamente. À medida em que caía a noite, o céu a oeste ia-se tornando cada vez mais límpido e desanuviado, até que a luz do Sol como que mergulhou por trás do pálido horizonte d’água e de lá brilhou, como através duma fina camada de vidro esverdeado. O translúcido mesmo do céu e do mar poderia insinuar àquela garota, que via nas águas o romance e a tragédia, qualquer coisa como uma radiante desesperança. A cheia, feita de um milhão de esmeraldas, estava a recuar tão morosamente quanto o Sol estava a afundar; mas o rio de baboseiras humanas corria eternamente.

— Não digo, absólutamente — continuou o velho — que não há dificuldades no que prroponho; ou que todos as exemplos são tão ôbviamente verrdadeirros quanto os que ágorra elenquei. Nããão!. Ésta óbvio, dígamos, que “O Cabeça do Sárraceno” é um corruptela do verrdade histórrico, “O Sarraceno é o Cábeça.” Não digo que é igûalmente óbvio que “O Drragão Verde” tenha sido, orriginalmente, “Vede o Drogomano”; conquanto esperre próva-lo, na livrro que estou escrrevendo. Aqui, dirrei apenas que é muito mais próvavel que alguém, querrendo atrair o viajante na déserrto, fosse se comparrar a uma guia ou aio ámigavel e pérsuadivel, e não a uma monstrro devórrador. Às vezes, é muito difícil rastrrear o orrigem verdadeira; como no caso do táberna que homenageia o nosso grrande guérreiro muçulmana, Al-Bahair Dameer, nóme que vocês abrreviaram — um tanto éxcentricamente, diga-se — para Bar do Ademir. Outrros vézes, os coisas são ainda mais difíceis parra quem busca o vérdade. Há uma lûgar de bébidas aqui perrto chamado “O Velho Návio”…

O olhar da garota continuou pregado na linha do horizonte, tão imóvel quanto a linha mesma; mas a sua face se corara e transformara. Já não havia quase ninguém na praia agora: o ateu tornara-se tão inexistente quanto o seu Deus; e aqueles que haviam acalentado a esperança de saber o que é que se estava a fazer com as caixas de papelão foram embora para os seus chás sem sabê-lo. Mas a jovem continuava debruçada sobre o parapeito. O seu rosto como que tomara vida de repente; seu corpo parecia paralisado.

— Eu ádmito — baliu o velho com o guarda-chuva verde — que não há quálquer sinal auto-évidente do nomenclaturra asiático nos velhas pálavras “O Velho Návio”. Mesma aqui, porrém, quem busca o vérdade pode descóbrir fatos. Questionei o proprrietário desta “O Velho Návio”, que é, de acorrdo com os notas que tenho áqui cómigo, uma cerrto sr. Pumph.

Os lábios da garota tremeram.

— Pobre Hump! — disse ela. — Minha nossa, havia me esquecido completamente dele. Deve estar ele quase tão preocupado quanto eu! Espero que este homem não entre a falar bobagens sobre isso! O melhor seria se falasse de outro assunto qualquer!

— E a sr. Pumph disse-me que quem derra a nome ao táberna forra um ámigo íntimo seu, um írlândes que havia sido capitão no Marrinha Real Brritânico, mas renunciara a carrgo, indignado com a trratamento dado à Irrlanda. E muita emborra houvesse abandonado a serrviço militar, o capitão conserrvou ainda um tanto de supérstição de seus marinheirros ócidentais, e quis que o táberna de seu amigo ficasse com o nóme de sua velho barrco. Como, porrém, o nome do barrco era A Reino Unido”…

Sua pupila, conquanto não estivesse exatamente sentada aos seus pés, estava indubitavelmente inclinada à frente, com um olhar sôfrego que se não lhe despegava. Em meio à solidão da praia, gritou, numa voz sonora e límpida: — Você pode me dizer o nome do capitão?

O senhorzinho deu um salto, piscou e entrou a fitá-la com os olhos esbugalhados de uma coruja aturdida. Tendo falado por horas a fio como se para uma audiência de milhares, ele de súbito pareceu um tanto embaraçado ao descobrir que tinha, afinal de contas, uma audiência em absoluto. Àquelas tantas da tarde, não parecia haver outras criaturas humanas na beira-mar que não os dois; não parecia haver outras criaturas vivas, exceto as gaivotas. O Sol, pondo-se enfim, esparramou-se vermelho no céu como uma laranja de sangue poderia esparramar-se no chão; e linhas de luz carmesim haviam sido vertidas ao longo do céu cindido, baixo e liso. Este esplendor abrupto e tardio roubou ao tarbuche e ao guarda-chuva do homem o vermelho e o verde; a sua silhueta, no entanto, recortada contra o mar e o pôr do Sol, permanecia a mesma de antes — apenas mais alvoroçada do que antes.

— A nome — disse ele — a nome do cápitão. Salvo engano, erra Dalroy. Mas o que querro fazer notar, o que desejo demonstrrar, é que áqui, mais uma vez, aquele que está em busca do vérdade pode encontrrar o conexão de suas ideias. O sr. Pumph explicou-me que o táberna estava sendo rearranjada, de modo considerrável, parra o retorrno muito ésperada do capitão em questão, que havia, ao que parrece, sérvido em algum pequena marrinha, mas a deixarra e estava a voltar parra casa. Ágora, prrestem muito atenção, meus ámigos — disse ele às gaivotas — pois mesmo áqui se pode verr que o lógica é impecável.

Dissera-o às gaivotas pois a jovem senhorita, após cravar-lhe uns olhos rútilos por um instante, debruçando-se ainda mais sobre o parapeito, virara as costas e desaparecera, ligeira, no crepúsculo. Após o som de seus passos apressados diminuir, e enfim morrer ao longe, não havia na praia outro som senão o quebrar-se, sumido se bem que poderoso, das ondas no mar, o guincho ocasional de uma ave marinha e o som contínuo de um solilóquio.

— Prrestem átenção, todas vocês — prosseguiu o velho, a brandir o guarda-chuva com uma fúria tamanha que por pouco não o abriu e fê-lo voar, qual uma bandeira verde desfraldada, para logo depois fincá-lo fundo na areia, na areia em que os seus pais guerreiros tão amiúde fincaram as suas tendas. — Prrestem átenção, vocês todas, nesta fato marravilhoso! Que eu, por álguns instantes atônito — embarraçado até; sem sáber o que fázer, como vocês dirriam — com o ausência de qualquerr evidência ábsoluta sobre o influência orriental no frrase “O Velho Návio”, quando perguntei, vejam bem, de que páis o capitão estava retorrnando, o sr. Pumph me réspondeu, sólene: “Do Turquia”. Do Turquia! Do páis mais prróxima à Religião! Sei que as homens dizem que esse não é nosso páis. Mas que imporrta de onde viemos se trrazemos um ménsagem do Parraíso? O trrazemos com a éstrondo do galope dos cávalos, e não temos tempo parra parrar. O que trrazemos, pórem, é a único crredo que levou em conta áquilo a que vocês chamam, com seus pálavras grrandiloquentes, o virrgindade do razão do homem; a único crredo que não fez de homem álgum maiorr do que uma prófeta, e rrespeitou o sólidão de Deus.

E uma vez mais abriu e esticou os braços, como se tivesse por plateia uma multidão de milhões, completamente sozinho na praia escura.

--

--