Ahhhhh! Eis que chega a sexta feira.

Palhaço Diógenes
Sociedade dos Filósofos Bêbados
2 min readMar 17, 2018

Sexta feira … intensa, tal como um trago, de urina.

Sim, servido em uma tulipa de boca larga capaz de abocanhar quase que toda sua face. Os olhos que admiram a bebida fitam: a urina gelada, que faz com que o vidro sue, assim como o fez sua coluna durante a semana; urina gaseificada, com bolhas de esperança de um alívio na sede de descanso; urina de cor escura marcante, tal como ficou sua vista ao fitar a inutilidade mundana de uma semana sem propósito.

Os olhos não mentem quando nos seduzem, e assim te faz desejar o trago da sexta. Os sentidos do desejo te levam ao beijo … ao toque sutíl: o lábio e o vidro, suado pelo frio, se juntam em um transe de euforia enquanto bolhas de desejos gaseificados estouram em sua face, estimulando a audição e o tato, como que um urro de orgasmo sadomasoquista pós ejaculação.

Sinestesia! Anestesia!

O mundo gira em câmera lenta e dita o ritmo do trago: simultaneamente, enquanto o vidro se inclina, uma forte inalada faz com que o nariz sugue de dentro da tulipa toda esperança de um fim de semana; a tulipa, de boca larga favorece que o cheiro de escória ecoe por dentro de ti, assim, faz com que o olfato termine na língua, levando um emaranhado de sentimento reprimido para dentro bem como um manancial de saliva que chega até a garanganta; Então, do vidro escorre o líquido em direção aos lábios para revelar a textura espessa na boca, líquido de viscosidade similar ao líquido de uma ferida, de uma diabético que se entope de açúcares. Por fim, já na boca quando o líquido toca as papilas gustativas causa adstringência instantânea revelando então o real sabor da vida.

Sentidos e sentimentos se juntam em uma orgia de sabores que te levam ao vômito imediato…

Assim é “sexta feira", encantadora, rica em esperança, tal como uma garrafa de espumante chinfrim servido em uma ceia de virada de ano, com gosto excessivo de escória e falsidade. Uma comemoração vil, sem propósito, apática, que só serve para mostrar o quanto não somos humanos.

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Palhaço Diógenes
Sociedade dos Filósofos Bêbados

Não quero ser introjetado em outrem, não me importo para que outros não me importem. Prefiro ser único: sujo, devasso, errante, eloquente, vil, ímpar, negado.