Essa não é uma carta de amor próprio
Em meio a penumbra te avisto: Isolado e perdido. Em conflito, aflito. Já não sabe o que fazer. Ora para um deus, mas não quer crer.
Troca por dinheiro seu valor, sua dignidade, a paz, o amor […], de sua família, esperança, da sua filha, ainda criança.
Te sufoca no mar de areia, sabe que não é a vida que anseia, se sente perdido, sem pulso na veia, esvaído, desnutrido de vida, alheia.
Te sacia do orgulho que planta, come o entulho da vida mundana que não te levanta, mas que encanta. Que se enquadra numa selfie, que não agrega nada, nem causa barulho.
Escrutínio social que fomenta a fome e distribui a gana, servida em adornos sociais de estirpe sacana. Como uma savana. De animais racionais, que escrevem, que se deleitam em parafilias carnais, se tocando em orgias sociais em meio a likes e publicações, prevariacações dos juízos intestinais.
De longe me avisto, preferia não ter visto. O reflexo no espelho não mente: Eis aqui um homem doente, demente. Preso no meio que o engendra, que não se sucega, não para, não fala, não se enxerga.
Essa não é uma carta de amor próprio.
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