Sarcasmo exacerbado

Palhaço Diógenes
Sociedade dos Filósofos Bêbados
2 min readMay 5, 2018

Enquanto bato a brasa do meu charuto na cara da sociedade, paro e penso: como eu adoraria fumar todos os charutos do mundo, fuma-los ao mesmo tempo, em sincronia, de modo que a fumaça expirada dos meus fadigados alvéolos pulmonares pudesse também consumir a camada de ozônio por completa, permitir que lindos raios de sol cancerígenos encobrissem os céus, para que pudéssemos deixar de fingir a vida feliz, humana e assumisse de vez a vida natural, aquela da igualdade, cancerígena.

Com uma gargalhada da “classe A”: Ha-ha-ha, me animo com o fim de um lindo dia cinco de outono, que custou a passar.

Lá se vai mais um dia delicioso, daqueles com gosto de macarronada requentada. Há quem se ocupe com o cotidiano, com o homem: como um voyager que se excita em observar uma cena. Para este, um aconchegante sofá de espuma fina já basta para a vida, pois o usa como apoio. A madeira da carcaça do sofá sustenta o resto de homem que se equilibra sobre ela. Pobre ser, atento ao mundo, observa pela janela da vida tudo que passa por ele, contudo, de tanto observar se confunde, e por isso nunca possui algo a acrescentar. Se fosse um cavalo, teria de sacrifica-lo.

Bendito sejam os dias enfadonhos que proporcionam o ócio ao homem, que propícia a criação nula por meio de uma abençoada capacidade lúdica e cognitiva fútil, que por fim, acaba por nos consumir em ideias, nos levam ao vício, nos faz desejar um cigarro ou um Deus. Nesses dias alegres, gostaria de poder mergulhar a sociedade num oceano de DSTs para infectar a todos, talvez assim pudessem se entregar à carne e ao odor, à luz, deixar o ócio de lado para se ocuparem com uma fila de atendimento quilométrica. Atenta-los ao natural, fazê-los sentir como se estivessem trancafiados dentro da vagina de uma ninfomaníaca pervertida, para senti -la profundamente e vivenciar seus prazeres e orgias, talvez quem sabe tirar o enfadonho dos dias.

Nesses dias, tudo perde o sentido, a vida mais alegre não existe nos moldes sociais atuais, por isso, a gana consome, o luxo corrompe. A “classe A", da avareza, perverte, também adoraria sê-la, quem sabe me entupir de gana e gula: travar minha boca na saída de um oleoduto de petróleo, saciar-me a ponto de vazar óleo pelos olhos e ouvidos, afinal não ligo mesmo para o que vejo e ouço, a mim, me importa o que consumo …. ah!…., quantos dollares.

Queria beber todo petróleo do mundo e enterrar a sociedade em uma vossoroca, num fosso de esquecimento.

Toco a charuto, a brasa cai

Curtiu? Então toque as palminhas como se estivesse tocando meu charuto, e derrube a brasa na minha cara. Caso queira, fique a vontade para responder nos comentários.

--

--

Palhaço Diógenes
Sociedade dos Filósofos Bêbados

Não quero ser introjetado em outrem, não me importo para que outros não me importem. Prefiro ser único: sujo, devasso, errante, eloquente, vil, ímpar, negado.