Cólica mental

Quando a massa encefálica se torna um buraco negro.

Palhaço Diógenes
Sociedade dos Filósofos Bêbados
3 min readMay 23, 2017

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As vezes não queremos nos importar com o exterior, mas as vezes ele nos afeta de uma forma que nossa cabeça passa a pesar uma tonelada e a atrair todo tipo de pensamento punitivo para ela.

Esse efeito buraco negro pode ser desencadeado por alguém ou por nós mesmo, basta que agir de uma forma contrária aquilo que nos define e pronto, nossa cabeca se torna um buraco negro que vive a sugar todo e qualquer pensamento punitivo, como se não bastasse a punição é incessante e constante fazendo com que passemos a sentir cólicas mental.

Tapas e puxões de cabelos não aliviam a pena imposta pelo super-ego, nosso juiz.

O juiz ou super-eu ou super-ego é responsável por determinar o nosso ideal de eu, o que acaba por definir muito em nosso caráter, nossas crenças, nossa moral, nossa índole.

Aquilo que miramos como ideal, mas nunca atingimos, nosso sonho de eu.

Desta forma, tendo um juiz em nossa cabeça que vive a julgar nossos atos, ficamos sob vigilância constante de nós mesmo. Nossa índole controlando nossa personalidade em uma dualidade de “Eu” que é capaz de fazer qualquer cabeça se tornar uma latrina .

De um lado nossa meta de eu, como queremos ser vistos, nosso reflexo no espelho, nossas formas, nossas identidades, nossa personalidade; do outro, o ideal do eu, nossa essência, nossa moral, aquilo que nos define e que permite que sejamos afetados, aquilo que é a origem das doenças mentais, neuroses, psicoses e munição para o juiz.

Ninguém liga quando a personalidade é afetada, quando o primeiro Eu é chamado de gordo, torto, feio, careca e etc. Ninguém liga por que o juiz na verdade não liga. As regras que definem a personalidade, o reflexo no espelho mudam constantemente. Assim, não precisamos de um juiz para julgar algo que é resiliente ao espaço e ao tempo.

Por outro lado, somos extremamente afetados quando atingem mosso segundo eu e nos chamam de mentiroso, pecador, “mal-caráter” e etc. Aí sim o Juiz entra em ação para analisar o caso, afinal temos somente um caráter, uma única definição, uma meta, um sonho de eu.

Assim, caso uma pessoa moralista, tal como um cristão por exemplo — digo cristão de verdade, aqueles que não são só esquenta banco — e for submetido a uma situação em que a religião deveria falar mais que a sua personalidade, como exemplo ignorar uma criança que clama por comida, ou se deleitar nos desejos carnais do século pecaminoso ou somente pecar em pensamento será suficiente para ser julgado pelo super-ego, e se condenado será punido, e se reincidir sofrerá de neuroses.

Não é culpa nossa sofrermos de cólicas mentais, nosso super ego não foi definido por nós, mas sim por nossos pais e influenciadores de nossa infância. Estes criaram uma instância de si dentro de nós, no fundo, o Juiz acaba sendo estes criadores.

Para essas cólicas não há buscopan, o único remédio é se entender, aceitar o outro eu para que este não seja mais razão de buracos negro e pare de atrair para o Eu verdadeiro sentimentos ruins e punições de alguém que não escolhemos ser.

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Obrigado.

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Palhaço Diógenes
Sociedade dos Filósofos Bêbados

Não quero ser introjetado em outrem, não me importo para que outros não me importem. Prefiro ser único: sujo, devasso, errante, eloquente, vil, ímpar, negado.