Redes sociais: a matrix.

Palhaço Diógenes
Sociedade dos Filósofos Bêbados
4 min readOct 22, 2017

Quanto mais eu olho, mais vejo o quanto somos rebanho, me parece que o coletivo nunca influenciou tanto quanto agora. Interesante isso, pois me parece que o efeito gregário - do rebanho - tem estado mais aparente e aguçado nos individuos, talvez seja conseqüência da individualização do ser e do abandono da intuição humana, justamente o que seria antagônico ao efeito manada. Tentarei explicar: os dias atuais são repleto de informações próprias do individuo, direcionadas e endereçadas para ele, assim o indivíduo vive no cerne do fluxo contínuo de informação que diz respeito a ele mesmo — como que uma retro-alimentação — vive sob um racionalismo não crítico e com demasiada falta de intuição para o resto do mundo e das coisas. Vivencia somente notícias, propagandas, e pessoas nos moldes que ele aceita, conforme seu gosto, um típico mimado. Talvez, possamos pensar que de alguma forma as redes sociais e a informação globalizada favoreça o tato social, contudo, por estas estarem devidamente dimensionada a atender cada indivíduo conforme as vontades dele, o social deixa de existir. Isso explica a individualização e o egoísmo contemporâneo, as redes sociais hoje são ambientes que favorecem a aparição daquilo que é do indivíduo somente para que propagandas e anúncios possam ser direcionados de forma efetiva a ele, é interesse das empresas de mídia sociais que o ser humano mostre de fato o que é e o que deseja, e para isso é criado quase que uma “matrix”, um ambiente ideal, que permita que o ser humano vivencie somente oque lhe agradar. Assim, criamos monstros egocêntricos e arrogantes, pois pensam viver em um mundo onde todos pensam de forma linear e igual. Acontece que de maneira consciente nos afagamos em redes sociais repletas de nós mesmos para amaciarmos nosso ego: nelas nos mostramos como queremos ser, como queríamos pensar, o que gostaríamos de ter, mas nela, na linha do tempo não conseguimos a auto afirmação do caráter, ainda falta convencer a si mesmo, por isso, passamos a buscar libido em grupos, que sempre remete ao nossos ideais e preceitos morais. Aqui vai o efeito manada: o indivíduo busca a auto afirmação do carater em grupos religiosos, políticos, familiares e etc a fim de ter seu carater reconhecido por todos. Dessa forma, busca a afirmação da personalidade e do ego em redes sociais criando posts vagos, dentre amigos e seguidores, que não o criticam, em seguida buscam em grupos afirmar o caráter, e que em sua essência também não o critica. Por isso, é comum encontrar pessoas com uma vasta avalanche de posts fúteis que remetem à pessoa somente, e ao mesmo tempo ativamente participativo em discussões de grupos que remetem à moral, tais como políticos, religiosos, sustentáveis, cuidado com animais e etc. Acaso ja viu algum desses egoistas participarem ativamente de grupos de viagens, negócios, tecnologia, esoterismo e etc? Não né, justamente por que tais grupos não definem o caráter. O ser humano moderno busca o grupo somente pelo caráter, e quanto mais ele consegue se afirmar com sua personalidade — criando lixo virtual — mais ele busca libido nos grupos, ou seja, quanto mais houver individualização no facebook, mais grupos moralistas surgirão, pois esta é a consequência do Facebook. Por isso, não me espanto com a crescente de vídeos evangélicos, de orações, políticos, de ideais e etc nos top do YouTube. O ego nunca foi tão grande como na atualidade, por isso o ser humano caminha para o fim da experiência, do conhecimento, e da intuição social. Quanto mais se isolam no mundo virtual, na matrix, mais pensam viver num mundo onde todos pensam da mesma forma, aglutinados em grupos vazios de ideais e debates. A crítica está sendo morta, com ela se vai a diversidade e a evolução social, seres ignorantes estão sendo criados sem que haja perspectiva de melhora. Valores próprios estão sendo atribuídos ao coletivo como se fossemos iguais, como dizer que temos o mesmo valor se nos distinguimos desde a fisionomia até o pensamento? Como dizer que um artista que cria, possui o mesmo valor que o medíocre que imita e copia? Dizer que possuem o mesmo valor é desvalorizar aquele que de fato se valoriza. Não será agindo como manada, em grupos nulos e agindo individualmente que nos tornaremos melhores. Feliz será aquele que conseguir escolher a pilula correta para poder aturar os demais e dar continuidade à evolução humana.

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Palhaço Diógenes
Sociedade dos Filósofos Bêbados

Não quero ser introjetado em outrem, não me importo para que outros não me importem. Prefiro ser único: sujo, devasso, errante, eloquente, vil, ímpar, negado.