Mon Inconnue: comédia romântica à francesa, especialmente para namorados

Daniel Muñoz
Soixante-huit
Published in
4 min readJun 14, 2019
François Civil como Raphaël e Joséphine Japy como Olivia, os protagonistas desta história romântica. Foto de Divulgação.

Amantes de filmes irão concordar que um dos pontos mais notáveis de festivais de cinema, além da chance de ver alguns filmes antes do lançamento oficial, é a surpresa por trás de cada filme que nos arriscamos a ir ver sem saber nada sobre. Afinal o próprio festival muitas vezes é o motivo que alguém precisa para comprar um ingresso sem saber exatamente o que estará passando, confiando no poder da curadoria.

Para os que se arriscaram a estar na sala de cinema do CineSala em São Paulo, no Dia dos Namorados, para a exibição do Festival Varilux de Cinema Francês 2019, o conjunto de surpresas do filme Mon Inconnue (a tradução literal seria Meu Desconhecido) traz uma gama de sensações diferentes a quem esperava ver um filme francês. Com o título como Amor à Segunda Vista em português, o filme é uma comédia romântica francesa, com tudo que isso pode significar.

A química entre os personagens e atores permitem que o filme se mantenha gostoso de assistir até o final, como se espera de uma boa comédia romântica. Foto de Divulgação.

Por ser uma comédia romântica, já se imagina que haverá muitas influências do cinema hollywoodiano, e elas existem, a ponto de fazer com que parte da plateia que esperava algo mais europeu tivesse um estranhamento, especialmente inicialmente. Mas o filme se mostra profundamente francês com o passar da narrativa, revelando pontos de humor e de romance que combinam muito mais com o cult que se espera.

O filme, no entanto, consegue manter forte uma característica positiva notável do cinema americano durante toda a exibição: é um filme extremamente leve, no ponto mais positivo que isso possa significar em uma noite de namorados. As referências ao que se pode imaginar que seja uma interpretação francesa da ficção americana são um ponto de comédia extra para os que decidirem se arriscar a interpretações mais profundas.

Só que aqueles que buscarem seguir nessa viagem apenas pelo prazer de acompanhar a história do casal Raphaël, interpretado por François Civil, e Olivia, interpretada por Joséphine Japy, não sairão decepcionados. O filme desenha a história deste casal com um toque de ficção científica e distopia quase ridícula, e sim esta é a palavra, de uma maneira que por incrível que possa parecer, funciona muito bem.

Evitarei contar qualquer detalhe da trama, mesmo que já tenha revelado que a ficção meio pastelão irá aparecer neste filme, porque ele funciona muito bem no fator surpresa. Este ponto positivo acredito que merece um grande destaque, pois é fato que já não é tão comum ao cinema se valer de acreditar que o público entre na sala com nenhuma referência do que estará sendo exibido.

O diretor Hugo Gélin claramente tentou abusar dos desavisados que pudessem estar no cinema sem saber o que iriam ver e garantiu uma experiência notável com cenas estranhas no filme, que fizeram com que se imaginasse que o filme poderia fazer uma curva para algo bastante esquisito, se arriscando a produzir sensações bastante ruins na audiência.

Embora não queira dar nenhum spoiler, preciso destacar que esta foto mostra talvez uma das melhores cenas do filme. Benjamin Lavernhe interpreta o coadjuvante Félix. Foto de Divulgação

O toque de drama na história vem em vários pontos com a intensidade que se espera de um filme europeu, porém a leveza sempre retoma o espaço nas cenas de comédia. O personagem coadjuvante Félix, traz uma fonte vasta de risadas, em alguns momentos até gargalhadas por todo o cinema, com o brilhante ator Benjamin Lavernhe que o interpreta.

Mon Inconnue é um maravilhoso filme para se ver em casal, especialmente àqueles que buscam um meio do caminho entre blockbusters e um cinema totalmente cult. Uma experiência a francesa do que acostumamos a ver como americano, com a leveza que se apresenta, pode ser o filme que catalisa uma noite fantástica ao lado de quem se ama.

O filme estreia oficialmente no dia 11 de julho em todo o Brasil.

Não faltarão cenas fofas neste filme, podem confiar! Foto de Divulgação.

--

--

Daniel Muñoz
Soixante-huit

Um dia jornalista, hoje historiador. Escrevo só sobre o que quero e quando acho que tenho algo a dizer. Para mim é importante a diferença entre Ochs e Dylan