Viva a Vagina? | Por: Laís Farias

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3 min readApr 28, 2020

O choque inicial do “Viva a Vagina”, ao contrário do que pode parecer, não é o nome do livro. Quando desenvolvemos a curiosidade e o fervor natural pelo tema feminismo, normalmente corremos atrás de explicações teóricas, correntes que ilustram nosso pensamento, difusoras do movimento. Não entendemos que, aliado a isso, deveríamos também entender o que se passa dentro de nós, do corpo feminino.

O grande tabu envolvendo a sexualidade feminina — orgasmos, masturbação, menstruação, anatomia — faz com que inclusive nós mulheres nos fechemos a essa “ala” do pertencer feminino. Não nos tocamos, não experienciamos, não conversamos sobre. E, se notamos algo no nosso corpo, é mais fácil se tornar uma vergonha do que uma pauta de conversa com amigas, com a mãe, com a médica.

Lendo o “Viva a Vagina”, pude observar que, ao contrário do que eu pensava, muito do que já experienciei no meu corpo é natural.

Não há hierarquia entre os orgasmos, o formato da sua vulva é totalmente normal. Mais da metade das pessoas do mundo tem o vírus da herpes — e tá tudo bem. Vibradores foram criados inicialmente como uma forma de tratar a histeria das mulheres em hospitais psiquiátricos — e hoje tratam coisa diversa rs. A cólica é causada pelo corte de suprimento de sangue feito pelo útero na ânsia de se livrar do endométrio, não exatamente pelas contrações dele. Mulheres possuem desejo sexual responsivo, em sua maioria, o que quer dizer que precisam de mais excitação do que simplesmente a vontade de sexo, como é o caso dos homens, que possuem desejo espontâneo.

A grande sacada do livro é usar de situações e tabus comuns a todas as mulheres, tais como ponto G, masturbação feminina, aborto; e discorrer de forma leve, científica e didática.

Faz com que você conheça mais seu corpo, a anatomia tão perfeita que nos foi dada, entender as dores (menstruais, por exemplo) e as delícias (orgasmos intensos) de ser mulher e querer, ao contrário do que nos foi ensinado, cada vez mais valorizar e AMAR ser mulher.

Tive a curiosa experiência de ser a primeira das minhas amigas próximas a lê-lo, o que fez o que, a cada página lida, fossem mandadas diversas mensagens para os grupos de amigas “vocês sabiam disso?”, ao mesmo tempo que grifava tudo, para absorver e internalizar tudo o que estava lendo — o marca-texto, inclusive, acabou.

Terminei o livro muito mais esclarecida, amando tudo isso que carrego pela condição de ter me tornado mulher (pois já dizia Simone de Beauvoir: não se nasce mulher, torna-se; na intenção de desatrelar o sexo biológico do gênero feminino) e com vontade de gritar a todas que conheço a necessidade de ler o “Viva a Vagina” e viver menos amarrada aos tabus que nos foram ensinados desde que nascemos.

Beijos,

Laís Farias

Viva a Vagina foi o livro enviado na edição de outubro da Fora da Caixa❤

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