8 Motivos Porque as Startups Fracassam
No Brasil, 15,4% das startups fecham já no primeiro ano de vida. E, entre o primeiro e o quinto ano, esse número sobe para 41,9%.
A CBInsights, líder global em dados sobre startups, tecnologia e venture capital, estudou a fundo mais de 100 post-mortems de startups reais (espécie de obituário de empresas nascentes que fecharam as portas precocemente) e acaba de lançar uma pesquisa que elenca os 20 principais motivos por que elas fecharam as portas.
No Brasil, 15,4% das startups fecham já no primeiro ano de vida. E, entre o primeiro e o quinto ano, esse número sobe para 41,9%.
Quando a gente leu esse report, algumas coisas ficaram claras: apesar de serem áreas de atuação ainda muito recentes, é cada vez mais evidente que UX Design e Product Management são vitais para a tração e escala de produtos digitais.
Encontrar o problema é um grande problema
Empresas existem para resolver problemas reais de pessoas reais, e nenhum produto sobrevive resolvendo um “não-problema”.
Entender e estudar o usuário, desenhar sua jornada, prototipar e estar em constante evolução e iteração, de forma enxuta, e adequando os recursos à medida que se faz novas descobertas, são habilidades fundamentais para a sobrevivência na economia digital.
O checklist que toda startup precisa fazer
Abaixo separamos 8 dos principais motivos de fracasso apontados na pesquisa — se você é empreendedor ou trabalha em uma startup de alto crescimento, garanta que o checklist seja feito.
1. Produto não amigável para o usuário
O fato de uma empresa ignorar as opiniões de um usuário pode dizer muito sobre o futuro das suas atividades. Quando você deixa de tomar decisões com base nos comportamentos e necessidades do cliente, conscientemente ou não, está decretando o final da sua empresa.
Não dar a devida importância ao trabalho de Design de Experiência e Interação (ou UX/UI Design) foi o motivo que levou 17% das startups a fecharem suas portas.
2. Produto lançado sem modelo de negócios
Ter um modelo de negócios significa mapear todos os elementos que fazem uma empresa gerar, reter e distribuir valor ao longo do tempo. Muitos produtos nascem sem um modelo de negócios, o que pode resultar em fundadores incapazes de capitalizar qualquer tração adquirida.
E, na pesquisa, 17% das startups fecham suas portas por esse descuido.
3. Nenhuma necessidade do mercado
Empreendedores geralmente cometem o erro de acreditar demais no próprio produto: o otimismo faz parte do DNA empreendedor. Esse equívoco levou 42% das startups estudadas a fecharem suas portas.
Ter clareza sobre os problemas que podem impedir o avanço da empresa é fundamental. O ideal é levar sua ideia para o mercado e validar através de pesquisas direto com o público alvo, para entender se o produto ou serviço que você oferece justifica a criação de um novo negócio.
Como escreveu o Patiente Communicator no seu post-mortem:
“Eu percebi, essencialmente, que não tínhamos clientes porque ninguém estava realmente interessado no modelo que estávamos lançando. Os médicos querem mais pacientes e não um escritório eficiente.”
E esse problema é também apresentado pela TreeHouse Logic em seu post-mortem:
“As startups falham quando não estão resolvendo um problema de mercado. Não estávamos resolvendo um problema suficientemente grande que poderíamos servir universalmente como uma solução escalável. Tivemos uma excelente tecnologia, excelentes dados sobre o comportamento de compras, grande reputação como líder no negócio, excelentes experiências, excelentes conselheiros, etc., mas o que não tínhamos era tecnologia ou um modelo de negócio que resolveu a dor de alguém de forma escalável.”
4. Ignorar os clientes
Quando não inserimos UX Design como elemento central do desenvolvimento da estratégia de negócio e do produto, corremos o risco de desenvolver produtos que não interessam a ninguém. Segundo a pesquisa, 14% das startups a fecharem suas portas por este motivo.
Esse erro fatal apresentado por David Cummings no post-mortem da eCrowds, empresa de gerenciamento de conteúdo na web:
“Nós passamos muito tempo construindo tudo isso para nós mesmos e não recebendo feedback — é fácil ter uma visão de cabresto. Eu recomendaria não esperar mais de dois ou três meses após o início para colocar o produto ou protótipo nas mãos de potenciais clientes, pois eles serão muito mais objetivos”
A mesma coisa aconteceu com a VoterTide antes de sua venda, empresa de análise de mídias sociais:
“Nós não passamos tempo suficiente falando com os clientes e lançamos recursos que achávamos que eram ótimos, mas não colhemos a contribuição do cliente de maneira suficiente. Nós não percebemos isso até que fosse tarde demais. É fácil ser enganado ao pensar que o seu problema é legal. Você deve prestar atenção aos seus clientes e se adaptar às suas necessidades.”
5. Timing de mercado
Liberar um produto imaturo no mercado pode causar primeiras impressões equivocadas e o trabalho para corrigi-las pode ser maior do que o necessário. Por outro lado, lançar um produto tarde demais pode fazer você perder uma janela muito importante e até invalidar uma oportunidade de mercado.
Ter clareza sobre o timing de mercado é fundamental — e algo muito mais próximo da arte do que da ciência.
Foi o que aconteceu com a Calxeda, startup de tecnologia mobile de data centers que escreveu em seu post-mortem:
“No caso da Calxeda, nos movemos mais rápido do que nossos clientes puderam acompanhar. Nós mudamos junto com a tecnologia vigente e eles não estavam devidamente preparados para isso — ou seja, com 32 bits quando eles queriam 64 bits. Nós mudamos quando o ambiente do sistema operacional ainda estava sendo desenvolvido.”
6. Dificuldade em expandir geograficamente
Saber onde e quando estar com seu negócio pode definir toda a história da sua empresa.
Quando o assunto é fracasso, a dificuldade em definir as praças em que a empresa irá operar, e replicar com sucesso a operação, resultou no encerramento de 9% das pesquisadas.
Esse foi o problema apresentado no post-mortem da Meetro, uma plataforma de conversas instantâneas fundada por Paul Bragiel. A falta de planejamento de expansão geográfica foi uma das causas para o encerramento, como podemos ver nesse trecho do depoimento:
“Nós lançamos nossos produtos e conseguimos alcançar todos nossos amigos em Chicago. Em seguida, conseguimos que os maiores jornais da região fizessem bons comentários e reviews sobre nós. As coisas estava indo bem […] O problema foi descobrir que ter centenas de usuários ativos em Chicago não significa que você vai ter nem dois usuários ativos em Miwaukee, a menos de cem quilômetros de distância, para não mencionar nenhum em Nova Iorque ou São Francisco. O software e o conceito simplesmente não se estenderam além das fronteiras físicas.”
7. Precificação
Saber precificar é a combinação perfeita de ciência e arte, e pode garantir o sucesso ou o fracasso de uma empresa.
O fim de uma empresa pode vir da dificuldade de criar um produto caro o suficiente para cobrir eventuais custos, e barato o suficiente para conquistar e cativar clientes.
Para resolver esse dilema, o ideal é manter o foco na pesquisa e iteração constante, buscando entender quanto o seu cliente está disposto a gastar pelo seu produto.
A Delight IO escreveu no seu post-mortem:
“Nosso plano mensal mais caro era de US $300. Os clientes que abandonavam o produto nunca se queixaram dos preços. Nós simplesmente não atendíamos suas expectativas. O preço original foi avaliado pelo número de créditos de gravação. Como nossos clientes não tinham controle sobre o uso das gravações, a maioria deles era muito cautelosa ao usar os créditos. Os planos baseados na duração acumulada das gravações fazem muito mais sentido para nós e o número de inscrições mostrou esse resultado.”
8. Perder o foco
Saber o que é importante e o que não é pode ser determinante para a saúde do seu negócio. Desviar demais sua atenção para problemas pequenos pode tomar muito mais do que o necessário do seu tempo. 13% das startups estudadas fechou suas portas por esse motivo.
Não saber suas prioridades acaba afastando a atenção dos envolvidos para problemas pequenos, projetos de distração e questões pessoais.
Foi o caso da MyFavorites, que escreveu em seu post-mortem:
“Em última análise, quando voltamos da SXSW, todos começamos a perder o interesse, a equipe estava se perguntando onde isso acabaria e eu queria saber se realmente queria executar uma startup, ter a responsabilidade dos funcionários e responder a um conselho de investidores.”