Como engajar as pessoas eleitoras para o voto consciente no Brasil | UX Design | Tera

Somos um grupo de seis pessoas, de áreas diferentes, colaborando juntas em um mesmo projeto. O tema? Como engajar as pessoas eleitoras para o voto consciente no Brasil.

Livia Mandarino
Somos Tera
9 min readApr 7, 2021

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Este artigo vai contar um pouquinho da construção do projeto do curso de UX Design da Tera.

Nosso primeiro desafio foi entender o que é votar de forma consciente, já que isto pode ser muito subjetivo de cada pessoa eleitora. Pode ser que eu me considere uma cidadã engajada, mas me prepare de uma forma totalmente diferente de outra pessoa que também se considere engajada.

Somado à indecisão sobre o que significa votar consciente, como grupo, também levantamos alguns questionamentos iniciais:

O que faz com que as pessoas não votem de forma consciente?

Se o voto não fosse obrigatório, as pessoas votariam mais conscientemente?

As pessoas votam de qualquer jeito, sem preparação, sem pesquisa?

Como fazer com que entendam as consequências?

Mas… como sanar essas dúvidas? Com pesquisa, embasamento, fontes!

1. Pesquisar é preciso!

Começamos o nosso processo de descoberta (discovery), por meio de uma pesquisa em sites, artigos, apps (desk research). Esta pesquisa introdutória serve para buscar informações embasadas sobre o assunto de uma forma geral, sem aprofundar muito… O objetivo aqui é mapear o que se fala sobre o tema que estamos explorando, sem filtros ou limitadores.

Esta parte inicial de descoberta é apenas a primeira etapa do diagrama de um duplo diamante, que é o momento de ampliar as pesquisas, as ideias e os mapeamentos. Ter o duplo diamante é essencial em um projeto de UX Design, pois serve como um norteador do seu projeto. Com base nele, sabemos quando ampliar e delimitar nossas pesquisas e ações.

A partir desta pesquisa introdutória, identificamos como podemos classificar um voto consciente: [via politize!]

1. é um voto tomado a partir de informações adequadas;

2. é pensar no coletivo, não somente nos próprios benefícios.

É importante reforçar que nesse processo de pesquisa, ainda não é o momento de pensar sobre uma solução para o nosso problema.

Por mais difícil que seja, ter um produto em mente invalida todas as descobertas que estamos fazendo. Como o próprio duplo diamante mostra, a identificação da solução vai acontecer só depois de expandir e afunilar as buscas.

Com alguns dados e informações em mente, seguimos para a realização de uma Matriz CSD [Certezas, Suposições e Dúvidas]. Ter alguns dados mapeados sobre o voto consciente ajuda bastante na Matriz, porque já garantimos algumas Certezas. O objetivo deste exercício em grupo é fazer com que cada participante contribua com ideias que tenha sobre o assunto, ou seja, suas Certezas [precisam de embasamento], suas Suposições [hipóteses sobre o assunto], e suas Dúvidas.

Assim como no processo de descoberta, na Matriz CSD, cada pessoa é livre para ir anotando seus insights, sem julgamento, e sem muito aprofundamento. O resultado deste exercício é sempre muito rico, porque conforme as ideias vão sendo registradas pelos colegas, novas ideias vão surgindo.

Para resumir a Matriz, chegamos a algumas conclusões:

As Suposição que possuem um Jóinha são algumas que conseguimos comprovar em pesquisa.

Uma próxima etapa do nosso processo de pesquisa foi realizar um Mapa de Stakeholder. As pessoas stakeholder são as interessadas no seu produto. Elas podem ser a sua audiência, clientela, fornecedores, investidores, e outras. Pensando no tema do nosso projeto, identificamos em conjunto algumas de nossas pessoas stakeholders, que podem ser diretamente influenciada pelo nosso produto, ou influenciada de forma secundária, terciária… São elas:

eleitoras, candidatas, empresas de marketing, patrocinadoras, investidoras, influencers de política, assessoras políticas e outras.

Com um certo conhecimento sobre o assunto, partimos para a realização das pesquisas com potenciais pessoas usuárias. Iniciamos com uma pesquisa quantitativa [por meio de um Formulário online], para entender melhor sobre nossa audiência, e chegamos a alguns resultados iniciais. Seguem alguns exemplos:

A partir desses primeiros resultados da quantitativa, selecionamos algumas pessoas que responderam nosso formulário, para realizar algumas entrevistas. Tanto no formulário quanto nas conversas online, reforçamos que o conteúdo de ambos é confidencial, e não será compartilhado com terceiros.

2. Vamos à Persona?

Com os dados concretos de ambas as pesquisas, ficou mais fácil traçar o perfil de nossa persona, afinal, conhecemos sua rotina, dores, hábitos e preferências. Chegamos então em Flávia Santos, paulistana, 32 anos, que mora sozinha em São Paulo. Para ajudar a construir uma motivação para nossa usuária, criamos uma frase para representá-la: Flávia Santos, a esgotada.

Flávia é uma mulher introvertida, estudiosa e caseira. Gosta de assistir filmes e séries na Netflix, e de jogos. Usa o transporte público para trabalhar, e é heavy user de redes sociais e apps como Instagram, YouTube, sites de estudo e outros. Flávia precisa de um serviço que seja rápido, mas eficiente. É uma pessoa interessada por política, mas que está desanimada com a situação do país.

Conhecendo Flávia melhor, formulamos o que seria uma Jornada de um dia de sua vida, em época de eleições. A Jornada nos auxiliou a entender quais momentos são mais críticos do seu dia, para então pensarmos em como solucioná-los. Percebemos que os principais sentimentos de Flávia ao longo de seu dia, e em época de eleições, são os seguintes: stress, ansiedade, cansaço, curiosidade, saturação e falta de tempo.

3. Hora de Pensar na Solução!

Com a persona bem definida, nosso próximo passo foi o de agregar as dores que identificamos em How Might We, ou seja, transformar suas dores em Como Podemos…? Primeiro, percebemos que os pontos mais críticos da Flávia estavam dispersos em 4 grandes grupos: Emoções, Comportamento, Conversa/Comunicação, e Informação. Como exemplo, no campo da Conversa/Comunicação, pensamos em perguntas como:

“Como podemos promover uma discussão de forma descontraída?”

“Como podemos ajudar a Flávia a conversar sobre política sem se sentir saturada?”

Com os primeiros Como podemosagrupados, passamos por um novo processo, desta vez, adicionamos User stories a cada dor, como por exemplo:

Eu, Flávia, eleitora esgotada, quero fazer parte de uma comunidade, para me sentir mais engajada politicamente.

Eu, Flávia, eleitora cansada, quero encontrar debates sobre assuntos de forma mais fácil, para que eu não fique cansada antes de de fato começar a entender o assunto.

O último passo desta etapa de Ideação [formular soluções, ideias para produtos] seria efetivamene dar sugestões de produtos para cada dor que mapeamos ali. O resultado disso tudo:

O mapa final, sem filtro, é o da imagem abaixo. O objetivo aqui é ter uma boa quantidade de possíveis soluções, e não qualidade [por enquanto]. Depois da ideação, ordenamos nesta matriz os produtos de acord com sua Facilidade de uso e Impacto na sociedade. Ou seja, acreditamos que para votar de forma consciente, nosso produto precisa ser impactante e de fácil acesso.

Algumas soluções que surgiram nessa chuva de ideias foram: bate-papo virtual sobre política, chatbot, fóruns de discussão, app gamificado, e muitas outras.

Lembram do duplo diamante? Pois bem, voltemos à ele. Depois de passar por um processo de descobrimento do contexto do nosso problema, a fase de definição do produto é afunilada, já que escolhemos apenas uma solução, para se ampliar em seguida no momento de desenvolvimento do que propomos criar.

Vamos ao produto, então? Chegamos a um:

hub de informações com notificações customizadas pela pessoa eleitora, com conteúdo recomendado ao seu perfil

Chegamos à esta solução tomando como base as dores da Flavia, nossa persona. Percebemos que em um dia normal em época de eleição, Flavia sente ansiedade, esgotamento, cansaço. Ela sente irritação ao discutir sobre política com pessoas que ela não conhece muito bem, e chegou a cancelar sua conta do Facebook por causa disso.

O hub de informações tem o intuito de oferecer conteúdo direcionado para ela, usando uma ferramenta do design chamada Calm Technology [valeu, Felipe A. Carriço], que nada mais é do que:

interação entre a tecnologia e o usuário, que está projetada para ocorrer na periferia do usuário em vez de constantemente no seu centro de atenção. A informação provinda da tecnologia muda suavemente para o centro de atenção do usuário quando necessário, mas quando não se faz necessário permanece de forma calma na sua periferia. [calm tech]

Sabendo dessa gama de sentimentos de esgotamento da Flavia em seu dia a dia, a tecnologia calmavem para suavizar a forma como levamos o conteúdo até ela, sem causar mais cansaço.

Antes de começar o próximo passo, organizamos alguns conceitos em um Modelo de negócios [lean canvas], para nos ajudar a esboçar de uma forma mais visual o nosso produto e objetivos em mente:

4. A Parte Divertida: o Desenvolvimento!

Rascunhando o desenvolvimento da solução, debatemos algumas possíveis ferramentas que consideramos importantes que ela tivesse:

Até que chegamos a um nome, um logo para a nossa solução: Política Sincera:

O nome de Política Sincera no sentido de ser clara, acessível e direta ao ponto, além de ajudar a persona a evitar que caia em Fake News.

Com o nome e slogan encaminhados, começamos a desenvolver alguns protótipos, já usando a paleta de cores definida, que também é relevante ao se pensar na tecnologia calma: nada de cores gritantes e fontes exageradas.

O app dá a possibilidade da pessoa usuária personalizar a experiência de leitura, informando:

  • seus tópicos preferidos;
  • a frequência/período com que deseja ser alertada de novos conteúdos;
  • o formato [se será em áudio ou texto].

Também pensamos em um tom de voz para aplicar na solução, que corresponda à persona e seu estilo, e que seja fácil dela se identificar com o hub.

Resultado final ❤

De uma forma resumida [nem tanto rs 👀], descrevemos aqui uma parte do nosso processo de desenvolvimento do projeto. Tivemos momentos de muita animação, e alguns de ansiedade, mas percebemos que é tudo parte desse processo maravilhoso de design.

Ao longo do curso, tivemos experts super competentes que foram nos auxiliando, e participamos de outros processos que não descrevi aqui, mas que foram relevantes para a construção da solução como um todo. Tera, somos gratos!

Próximos Desafios:

  1. fluxograma completo;

2. telas em alta fidelidade;

3. testes com usuários;

4. novas iterações pós feedbacks.

Para fechar, compartilhamos algumas dores, acertos e ferramentas do processo. Anotaí 📝

Dificuldades do Grupo:

  • aprender a não pensar na solução logo de cara;
  • aprender a extrair os benefícios das ferramentas que conhecemos e a estressar os problemas e soluções ao máximo;
  • transformar as respostas das entrevistas em ações factíveis para o nosso projeto;
  • ter paciência para analisar os dados (já que não são exatos) e para conseguir tomar decisões;
  • identificar quais eram as perguntas mais importantes a serem feitas.

✅Acertos do Grupo:

  • trabalhar de forma colaborativa;
  • compartilhar tarefas;
  • aprender temas que não estamos habituados a ver;
  • ser visual na construção do processo;
  • se permitir errar e recalcular a rota.

💻Ferramentas utilizadas:

  • MIRO ❤ [processo]
  • Figma [desenvolvimento]
  • Google Slides [apresentação]
  • Google Forms [pesquisa quantitativa]
  • Excel [consolidação da pesquisa quanti]

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