Dia 3 | Diário de Bordo #DPW2020

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11 min readAug 13, 2020

Acompanhe alguns destaques das aulas de hoje e aproveite o exercício prático para refletir sobre os temas do terceiro dia.

No terceiro dia, aprendemos a olhar de um jeito novo para tomada de decisões e atitudes de liderança 🧭

Liderança é um papel ou uma habilidade que todo mundo precisa desenvolver? Liderar é decidir ou instigar decisões? No trabalho intelectual, onde fica a fronteira entre gerir e fazer? Para decidir melhor, precisamos desenvolver capacidades analíticas ou clarear nossas intenções? É possível se manter ao mesmo tempo confiante e vulnerável?

As duas primeiras aulas evidenciaram uma ideia que está sempre presente nas jornadas da Tera: comece pelo problema. Em seguida, o painel trouxe profundidade à dimensão emocional vivida por diferentes líderes. E, ao final, a masterclass juntou tudo isso e deu uma chacoalhada.

Confira abaixo as principais dúvidas trazidas pela audiência e alguns destaques que separamos para quem não conseguiu assistir ainda.

Como boa designer, Adelle abriu o dia com uma aula prática e objetiva, compartilhando seus aprendizados de veterana na facilitação de processos colaborativos. Segundo ela, o primeiro passo é ter clareza sobre o problema. Depois disso, frameworks de trabalho e técnicas de facilitação são essenciais para ideações eficientes.

Perguntas em destaque, trazidas por estudantes:

  • Você tem dicas de quebra gelo remoto? Como manter todos engajados remotamente?
  • Como você lida com pessoas que tentam controlar a reunião, interrompem e falam demais?
  • E quando as ideias geradas não suprem as necessidades do projeto? Como fazer?

“Design Sprint é algo que todo mundo quer fazer porque o Google faz e dá super certo. O Google faz e dá super certo porque tem uma cultura que abraça isso. A empresa onde a gente está tem essa cultura? Se não tem, a gente precisa criar.”

“Para fazer um workshop a gente tem que estar tentando resolver algum problema. Não adianta fazer o workshop por fazer — o que acontece muito.”

“Quando eu defino bem meu problema, consigo estruturar o roteiro completo do workshop. Tem que ter um roteiro e escolher antes os frameworks que serão usados.”

“No momento da criação, não existe hierarquia nem certo e errado. É importante comunicar isso.”

“Workshop é jogação. A gente tem que ter jogo de cintura e ir no sentimento: abre o peito e vai!”

Após um panorama sobre a importância das decisões humanas na hora de implementar ferramentas tecnológicas, Zé e Ricardo trouxeram reflexões sobre o que significa ter alfabetização (ou literacia) em dados.

Eles deixaram claro que a primeira alfabetização para a tomada de decisões é entender a indústria onde você trabalha — no caso do Ricardo, a financeira; no caso do Zé, a educação. Depois de entender o contexto e ter claros seus objetivos, os dados ajudarão você a tomar decisões e elaborar perguntas cada vez melhores.

Perguntas em destaque, trazidas por estudantes:

  • Como conciliar ser guiado por dados sem deixar de levar em consideração a empatia, quando liderando um time, por exemplo?
  • Como posso começar pequeno na organização dos dados das áreas?
  • Fico com o questionamento em relação a ética de uso de dados. Como travar esse debate?

“A gente vive numa época em que a quantidade de dados está explodindo e a coisa mais importante que as pessoas querem fazer hoje com dados é aumentar nossa taxa de consumo. É por isso que a coisa mais importante que a gente tem para discutir aqui não é o atributo técnico da tecnologia, mas o lado humano dessa história.” — José Borbolla

“Até aqui, apenas 8% das empresas conseguiu fazer as transformações necessárias para adoção ampla de Inteligência Artificial.” — José Borbolla

“Comprar uma nova tecnologia não vai fazer sua empresa ser orientada por dados. Você consegue fazer muitas coisas com o excel. Não adianta nada investir em novas tecnologias com um jeito de pensar antigo.” — José Borbolla

“A maneira de liderar que a gente concebeu no século XX deixa de ser tão eficiente para lidar com a velocidade e os novos problemas trazidos pelo século XXI.” — José Borbolla

“É importante que a gente tenha uma liderança equipada com um jeito de pensar diferente, que consiga pegar tudo o que a tecnologia pode fazer e configurar a empresa de maneira que ela consiga usufruir desses benefícios.” — José Borbolla

“Eu não consigo olhar para a frente se não souber primeiro olhar para os lados. O primeiro passo da tomada de decisão é o conhecimento empírico do nosso mercado. Aí vem o passo 2, que é dominar as ferramentas para se aprofundar nos dados.” — Ricardo Rocha

“Se você tem um jeito bom de pensar sobre um problema e pluga uma tecnologia poderosa, ela vai escalar esse jeito bom e correto de resolver. Se você tem um jeito errado de pensar sobre o problema e pluga uma tecnologia muito boa, ela vai escalar a merda.” — José Borbolla

“Todos nós somos fluentes em dados. A gente só precisa perceber em que nível de fluência estamos e o que mais precisamos saber para evoluir nosso trabalho. Todos precisamos entender por exemplo a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que é recente mas vai virar um conhecimento comum. E a partir dessas bases comuns cada um se especializa nos dados da sua área.” — Ricardo Rocha

“A capacidade de análise é um soft skill. A coerência na estratégia é basicamente uma consequência do soft skill que você tem. Muita gente que estudou dados e fez transição de carreira não se via em posições estratégicas, depois acabaram se dando super bem.” — Ricardo Rocha

“Não adianta você chegar com 300 certificações técnicas. Se você não conseguir ter clareza sobre o que está buscando e quais ferramentas vão te atender naquele objetivo, não conseguirá fazer bem o trabalho.” — Ricardo Rocha

Ao longo da História, pessoas sempre se reuniram ao redor do fogo para contar as histórias do que viveram e aprenderam depois de longas jornadas. Nos cursos da Tera, estudantes vivem o mesmo ritual: chamamos esse encontro final de fogueira. É um momento dedicado a ouvir o outro e refletir sobre a jornada — como eu entrei? Como eu saio? O que mexeu comigo? Quem eu gostaria de agradecer?

Chamamos pessoas incríveis para falar sobre liderança e acabamos acendendo uma inspiradora fogueira neste terceiro painel da DPW. As histórias se encontraram em reflexões profundas sobre as motivações e dificuldades de quem ocupa cargos de liderança.

Perguntas em destaque, trazidas por estudantes:

  • Vocês tem mentorandos, ou tiveram mentores? Como aconteceu essa conexão? Mentoria parece ser uma troca importante para vencer crises.
  • Vocês podem comentar um pouco sobre essa questão da liderença e do ser mãe, para vocês?
  • Incrível todos os relatos dos “momento de liderança”. Mas trago o questionamento dos limite do trabalho e da vida pessoal. Para vcs, onde está a hora de parar?

“Um líder é sempre inquieto. Meu time fala: você mostra pra gente onde é a ilha, a gente nada, nada e quando chega a ilha mudou de lugar.” — Sofia Esteves

“Por que a liderança acredita naquilo que ninguém mais está vendo? Vem do exercício de você se desafiar. Conseguiu uma vez? Então vamos mais um pouquinho. Até isso da liderança acreditar é construído.” — Solange Sobral

“Liderança só se aprende se você de fato quiser. Talvez seja a habilidade mais difícil de você desenvolver, porque é de dentro para fora, não de fora para dentro.” — Sofia Esteves

“Não cabe no mundo de hoje aquela cabeça de liderança do século passado, do autoritarismo, do bater na mesa, do assédio moral.“ — Carlos Humberto Silva

“Eu achava que empatia era se colocar no lugar do outro. Até que eu descobri que empatia é você entender que, por não conseguir se colocar no lugar do outro, você precisa ouvir, de forma genuína e aí tentar encontrar as conexões possíveis.” — Solange Sobral

“A questão da diversidade é um problema transversal à sociedade, onde todos são afetados e convivem com esse problema. Promover o empoderamento de um colaborador ou um parceiro é trazer elementos de afirmação, de identidade e orgulho. É a pessoa trabalhar motivada e feliz. Essa motivação contagia, afeta o outro, é um óleo que lubrifica a engrenagem da empresa.” — Carlos Humberto Silva

“Como cidadãos e como indivíduos dentro das empresas, a todo momento estamos fazendo escolhas que equilibram ou desequilibram ainda mais o jogo de oportunidades e meritocracia que foi criado na sociedade.” — Solange Sobral

“Nos últimos meses, vivi muito a questão do racismo estrutural e fiquei pensando na importância da expansão de consciência do líder. Ao ser liderado por pessoas do meu time, percebi minha responsabilidade em reconhecer minha parte no problema, abrir os espaços necessários e descobrir meu papel na luta conjunta. A liderança não precisa ser um cargo, pode ser circunstancial.” — Leandro Herrera

“Tudo o que a gente é, é um pouco de todo mundo. A mentoria é o antigo “conselho” que a gente pedia para alguém. Hoje, essa atitude de buscar mentores não é mais considerada uma fragilidade. Acredito que é mais relevante inclusive que o coaching, porque cria uma relação de admiração e troca.” — Sofia Esteves

“Me parece que a grande transição do século foi agora (na pandemia). É como se tudo o que a gente fazia antes fosse do século passado — inclusive nosso planejamento.“ — Carlos Humberto Silva

“No Lean tem um princípio chave que é a escassez. Ela faz com que você seja mais criativo, crie produtos mais enxutos, simplifique a solução. Mas é difícil simular essa escassez. Quando a crise traz a escassez para todo mundo, projetos grandes que estavam há 3 anos tentando sair papel acontecem em 2 meses.” — Solange Sobral

“A jornada à distância consome mais, estar presente ali diante de uma tela, presente o tempo inteiro, exige uma doação maior. A gente não tem mais o deslocamento, a pausa pro almoço, então acaba marcando uma reunião seguida da outra e quando vê vira esse looping. Isso tem efeitos emocionais danosos em qualquer área ou cargo. É importante estar atento a esses efeitos e cuidar do humano além do profissional.” — Carlos Humberto Silva

“Numa crise sem precedentes, temos que ter atitudes sem precedentes. Por mais apavorada que a gente esteja, tem que tomar decisão, tem que tomar a frente, não dá para ficar parada.” — Sofia Esteves

“A gente faz muito PDCA (“Planejar-Fazer-Verificar-Agir” — metodologia de gestão) olhando resultados objetivos, mas muito pouco olhando o emocional das pessoas — e todo mundo é muito mais isso do que skill técnico.” — Solange Sobral

É importante levar para o dia a dia do time atividades que tragam leveza, suavidade, com uma perspectiva mais terapêutica.” — Carlos Humberto Silva

“É preciso entender suas ambições mas também suas limitações, fazendo acordos para que sejam respeitadas no equilíbrio entre vida pessoal e profissional.” — Solange Sobral

“Eu tenho a sorte de ter uma familia e um time que me apoia, mas confesso que nesta crise eu tenho vivido um momento individual difícil. A gente tem que ter a honestidade de assumir que tem problemas ” — Sofia Esteves

“São processos humanos e a gente precisa lidar com esses processos sabendo que precisamos nos cuidar, buscando ajuda e orientação.” — Carlos Humberto Silva

Bárbara encerrou a noite com uma linda aula sobre liderança e produtividade, a partir da experiência de quem ajudou a resolver centenas de problemas complexos das mais diferentes companhias.

Recentemente, ela abriu o método da Mesa e disponibilizou como um curso, para compartilhar o conhecimento acumulado com quem quer resolver problemas com a mesma ‘tecnologia profissional’ que ela desenvolveu. (spoiler: pessoas inscritas na DPW receberão um código de desconto para comprar o curso.)

Perguntas em destaque, trazidas por estudantes:

  • Alguma dica para promover uma Mesa dentro da minha companhia? Porque o lugar do “consultor externo”, às vezes, parece ter mais peso.
  • Como garantir que todos os stakeholders aprendam na mesma velocidade?

“A gente conseguiu criar uma experiência de trabalho que faz com que as pessoas executem mais e processem mais.”

“O mais importante não é a quantidade de tempo que a pessoa trabalha, é o compromisso. Tem que perguntar quanto tempo ela pode dar com 100% de presença? Se a pessoa me fala ´vou trabalhar 3 horas por dia com plena presença´, eu troco na hora por 30h sem presença.”

“Enquanto um ´facilitador´ está comprometido com o processo, um ´líder´ está comprometido com o resultado da missão. Isso muda muito a dinâmica.”

“É fundamental para o líder ter a capacidade de dar um passo para a frente mesmo quando não tem certeza.”

“Para resolver um problema, tem que partir da essência. Acontece muito da pessoa fingir que tá falando só do problema, mas na verdade tá trazendo as ideias que ela já teve para resolver, pesquisas que vieram de outro lugar, um monte de informações irrelevantes para a solução daquele problema. O melhor jeito de resolver isso é conversar 7 minutos com o verdadeiro dono do problema, pra chegar na essência.”

“Várias pessoas poderiam estar trabalhando mais perto umas com as outras, não só entre áreas, mas entre empresas. Se você realmente tem uma missão que precisa daquele conhecimento e você reconhece a pessoa por ter aquele conhecimento, elas topa participar, é surpreendente.”

“A minha formação no trabalho teve essa ideia de que o líder sabe tudo e cada vez mais fica claro que o bom líder é aquele que á entendeu que não sabe tudo e portanto vai se abrir para o aprendizado.”

“A capacidade que mais indica se um líder é bom, é a capacidade de estar presente. É um equívoco a ideia de que você está resolvendo ao mesmo tempo a reunião e o bolo do seu filho. Na verdade você tá mudando seu foco muito rapidamente e é impossível realizar uma atividade intelectual de qualidade fazendo duas coisas ao mesmo tempo.”

“Parece contraditório, mas não é: a liderança excelente é uma mistura de muita coragem e muita humildade.”

“Aprendi muito com a Maitê Lourenço, fundadora da Black Rocks startups. A gente sempre fazia curadoria e falava que trazia os melhores especialistas, mas quando via só tinha brancos nas mesas. Ela me fez entender que é meu trabalho encontrar especialistas de outros contextos e raças e que eu não podia falar que tava tava trabalhando com os melhores se eu tava trabalhando só com 46% da população. Isso teve uma mudança brutal na Mesa.”

“Um líder excelente vai sempre fazer movimentos que são uma mistura de altruísmo e egoísmo. Se for só altruísta não é sustentável, você não tem energia para manter o organismo que uma empresa é. Enquanto só egoísmo te leva para um lugar pequeno num mundo cada vez mais conectado e democrático.”

Para ajudar você a processar as informações do dia e refletir sobre os temas trazidos, trouxemos o exercício prático “Canvas de Liderança Pessoal”, na biblioteca do terceiro dia no LXS.

Não deixe de reservar alguns minutos do seu dia para preencher o canvas antes de seguir a jornada.

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