O que é liderança criativa?

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6 min readFeb 21, 2020

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O mundo interconectado deu origem a novos desafios sociais e globais, e as lideranças devem enfrentá-los de frente, com soluções criativas.

Photo by Pablo Varela on Unsplash

Texto adaptado do originalmente publicado com o título What is Creative Leadership?, pelo blog THNK School.

A expansão da conectividade e da eficiência pede que as pessoas inovadoras preencham a lacuna entre os ecossistemas naturais e os criados pelo ser humano.

O crescimento da tecnologia e da inteligência das máquinas reformou a sociedade nas últimas décadas. Esse mundo recém-interconectado e simbiótico deu origem a novos desafios sociais e globais, e as lideranças devem enfrentá-los de frente usando soluções cada vez mais ousadas e criativas.

Líderes disruptivos resolvem esses problemas globais em larga escala usando abordagens sistêmicas para soluções locais, e essa habilidade exige conhecimento íntimo e empático de contextos, necessidades e também de cultura.

Definição de liderança criativa

Liderança criativa é uma filosofia e um ato: desenvolve e realiza ideias inovadoras por meio da ambição compartilhada de melhorar o mundo através da formação de empresas.

Aqueles que empregam liderança criativa o fazem criando um ambiente que promove o pensamento inovador e o empreendedorismo orientado à missão.

A liderança criativa como filosofia adota a mudança como um dado, enquanto busca oportunidades em qualquer lugar. Prevê futuros desejáveis ​​e libera a coragem, a colaboração e a criatividade de colaboradores.

Através de um propósito generoso e inclusivo, profundamente enraizado no idealismo pragmático e na empatia, gera uma consciência transcendente que vai além da gratificação individual.

“Lideranças criativas reconhecem a importância de valores morais mais elevados”.

A liderança criativa se baseia nesses futuros desejáveis ​​por meio de empresas escaláveis ​​derivadas de estratégias inovadoras.

Criatividade, análise crítica, experimentação, visão ampla, colaboração, ação ousada, assunção de riscos calculada, agilidade e trabalho árduo geram valor participativo e atendem à linha de fundo tripla (em prol do planeta, pessoas, e também do lucro).

Teorias sobre liderança do passado

Teorias de liderança existem basicamente desde que a narrativa foi criada. O diálogo de Platão sobre liderança na República, por exemplo, demonstra isso no trecho: “A penalidade mais pesada por recusar governar é ser governado por alguém inferior a você”.

Também percebemos teorias sobre liderança nas definições polares de Maquiavel em “O Príncipe”: “É melhor ser temido do que amado ”, disse um deles; já o segundo: “Uma liderança é melhor quando as pessoas mal sabem que ela existe e, quando o trabalho é concluído e seu objetivo cumprido, elas dirão: nós mesmas fizemos isso”.

No advento da revolução industrial, vemos uma progressão de um estilo de liderança dominante remanescente do início do século XX, para um estilo mais igualitário, adequado à democracia aberta.

A teoria de gerenciamento científico (Taylor — 1905) teve como objetivo maximizar a eficácia de funcionários por meio de sua especialização. A teoria do Grande Homem, que propôs que lideranças nascem, não são criadas, foi exposta na teoria The Trait, que sustenta que apenas pessoas com características inatas de liderança serão bem-sucedidas e terão a capacidade de tomar seu lugar natural quando surgirem crises.

Lewin et al. (1939) definiu três estilos de liderança organizacional: autocrático, democrático e laissez-faire, com níveis variados de envolvimento e diretiva gerencial. Três décadas depois, o Dr. Rensis Likert descreveu a teoria da Liderança Participativa, na qual os(as) líderes demonstram grande preocupação pelos funcionários, os incluindo no processo de tomada de decisão.

Fred Fiedler acreditava que o melhor estilo de liderança era o que melhor se adequava a uma determinada situação e, consequentemente, propôs a teoria da Contingência da Liderança e a Escala de Cooperador Menos Preferida para estabelecer se um(a) gerente-supervisor(a) era uma boa combinação para sua tarefa de liderança.

Robert House publicou a teoria da Liderança Carismática, na qual a pessoa líder é caracterizada como “dominante, com um forte desejo de influenciar os outros, ser autoconfiante e ter um forte senso dos próprios valores morais”.

Gary Yukl adicionou elementos da teoria da Liderança Participativa supracitada, apontando para uma decisão conjunta consciente e delegação de autoridade em suas teses.

O Dr. Paul Hersey e o Dr. Ken Blanchard propuseram o estilo de Liderança Situacional com base no nível de maturidade ou desenvolvimento da pessoa seguidora. Robert Greenleaf propôs a Liderança de Servo, que só ocorreu em meados dos anos 90, quando Larry Spears dissecou as ideias de Greenleaf em dez características definidoras de líderes servis. Este último ganhou mais ímpeto na sequência de repetidas falhas éticas que começaram a surgir em grandes organizações de marca nos EUA, na primeira década do século XXI.

As limitações das grandes empresas também resultaram em um interesse renovado na liderança associada ao desenvolvimento de pequenas empresas.

A Liderança Empreendedora, por sua vez, foi definida como a capacidade de antecipar oportunidades, visualizar um novo conceito de empresa, trabalhar com outras pessoas e manter a flexibilidade para iniciar mudanças que criarão um futuro viável para a empresa.

Entretanto, o clamor global em torno da crescente preocupação com a desigualdade, a sustentabilidade do planeta e a realização da interdependência de todas as coisas gerou a necessidade de novos modelos de liderança.

“Criatividade e inovação são as habilidades mais cruciais para a nova liderança do século XXI”.
“Criatividade e inovação são as habilidades mais cruciais para a nova liderança do século XXI”.

Einstein certa vez propôs que criatividade e inovação são necessárias para resolver os problemas complexos do mundo, e particularmente essas habilidades são consideradas as mais cruciais para as novas lideranças do século XXI, que detalharemos a seguir.

Teorias de apoio sobre liderança

Quase todas as teorias de liderança até o momento são descritas no contexto de uma organização em que a relação entre líder e seguidor é fundamental, orientando a liderança para “dentro”.

As três teorias de liderança mais recentes reconhecem conscientemente a importância de valores morais mais elevados nesse cenário.

Liderança transformacional — o(a) líder individual se envolve com os outros e cria uma conexão que aumenta a motivação e moralidade no(a) líder e nos seguidores, aumentando a consciência dos seguidores sobre a importância dos valores e objetivos organizacionais.

Isso permite que os seguidores transcendam seus próprios interesses em prol da equipe ou organização e se movam em direção à colaboração para necessidades de nível superior.

Especificamente, Brown (1994) especulou que a liderança transformacional é necessária em uma sociedade tecnológica em evolução. A sociedade está passando da mudança controlada para a mudança acelerada, quase além do controle, o que significa que atitude e comportamento requerem a atenção de líderes transformacionais.

Liderança autêntica — é moldada pelo padrão de comportamento que utiliza e promove capacidades psicológicas positivas e um clima ético agradável para promover grande autoconsciência e uma perspectiva moral internalizada. Com esse padrão de comportamento, o processamento de informações fica mais equilibrado e autodesenvolvimento dos colaboradores é permitido com mais fluidez, já que existe transparência relacional entre líderes e seguidores.

Liderança servidora — a liderança tradicional geralmente envolve a acumulação e o exercício do poder por alguém no “topo da pirâmide”, com maior comando e controle. As pessoas líderes-servas, no entanto, lideram com base no poder compartilhado; colocam as necessidades dos outros em primeiro lugar e ajudam as pessoas a se desenvolver e a terem o melhor desempenho possível.

Assim, chegamos ao conceito de liderança criativa.

“Liderança em prol dos negócios, das pessoas, e do planeta”.

Liderança criativa, ou a nova liderança do século XXI, nada mais é do que uma progressão natural dessas teorias, incorporando não apenas os valores morais, mas a influência extremamente inspiradora dos(as) líderes no ambiente de trabalho, qualquer que esse seja.

Boas lideranças criativas têm como prioridade promover o pensamento inovador ao mesmo tempo em que estimulam o ambiente cooperativo, desconstruindo padrões e oferecendo soluções ousadas. Estão preparados para enfrentar a revolução digital de forma inclusiva, diversa e sustentável.

Dessa forma, a liderança criativa vai além dos domínios do impacto social e das paredes do escritório. Atua na colaboração entre empresas e pessoas ao passo em que cria medidas para proteger ativamente o planeta Terra e seus recursos.

Para se aprofundar no assunto, recomendamos a leitura deste conteúdo (em inglês).

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