Não espere o futuro do trabalho chegar

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5 min readNov 7, 2019

Humanos e robôs vêm combinando suas habilidades únicas em uma força de trabalho fluida e coesa. Entenda as mudanças que já estão acontecendo e as habilidades humanas que vão fazer a diferença na sua vida daqui em diante.

Por Leandro Herrera (publicado originalmente em sua coluna na Época Negócios)

Getty Images

Avanços tecnológicos estão alterando rapidamente a fronteira entre as tarefas realizadas por seres humanos e aquelas realizadas por máquinas e algoritmos. Nas próximas décadas, mais do que em qualquer outro período na história da humanidade, vamos investir muita energia buscando entender o que nos torna únicos como humanos — e a forma como trabalhamos será o palco principal dessa busca.

Nesse contexto, surge uma desconfiança que já se tornou familiar: será que os robôs, à medida em que ficam mais avançados, vão substituir cada vez mais as pessoas no trabalho? A resposta não é tão simples.

A verdade é que, dia após dia, humanos e robôs estão se fundindo em uma força de trabalho coesa, que promete aproveitar as habilidades únicas das duas partes. Essa combinação, se gerenciada com sabedoria, pode levar a uma nova (e positiva) era no trabalho, com bons empregos e melhoria da qualidade de vida para todos. Se mal gerida, apresenta o risco de aumentar o déficit de competências, a desigualdade e intensificar a polarização social.

Desse desafio, surge a ansiedade que muitos de nós já estão sentindo: a hora de moldar o futuro do trabalho é agora.

Nos últimos anos, diversas organizações sociais, consultorias, governos e empresas se dedicaram a mapear as forças de transformação no trabalho e competências mais importantes para profissionais de todas as áreas, tentando estabelecer algumas bases para a construção coletiva desse futuro.

Um dos estudos mais interessantes é o Future of Jobs Report, do Fórum Econômico Mundial, um extenso relatório sobre o futuro do trabalho realizado a partir de uma pesquisa com empresas de diversas indústrias. Combinadas, essas empresas cobrem um amplo espectro da atividade econômica mundial e empregam 15 milhões de pessoas.

Para deixar mais clara a transição que vem acontecendo no trabalho, trouxe algumas das principais forças norteadoras do processo mapeadas pelo estudo.

O que está mudando no trabalho?

A geografia da produção será diferente: quase metade das empresas espera ter modificado sua base geográfica de operação até 2022 e, ao determinar onde vão se instalar, 74% indicam que a disponibilidade local de talentos qualificados será principal fator de decisão.

4 grandes avanços tecnológicos vão transformar os negócios

Alguns avanços tecnológicos específicos devem dominar o período de 2018–2022, afetando positivamente o desenvolvimento de negócios: internet móvel de alta velocidade e amplamente acessível; inteligência artificial; adoção massiva de big data e analytics; e computação na nuvem.

Nova divisão de tarefas entre pessoas e máquinas

Em 2018, uma média de 71% do total de horas de tarefas nos 12 setores cobertos no relatório eram executadas por seres humanos, em comparação com 29% por máquinas. Em 2022, espera-se que essa média tenha mudado para 58% de horas de tarefas executadas por humanos e 42% por máquinas. Até lá, espera-se que 62% das tarefas de pesquisa, processamento e transmissão de informações na organização sejam executadas por máquinas, em comparação com os 46% de hoje.

Os robôs estão chegando

Aparentemente, estamos um pouco longe de chegar no trabalho e encontrar um colega robô que se pareça conosco, mas isso não quer dizer que sistemas inteligentes não estejam em ascensão meteórica nas empresas. Uma ampla gama de tecnologias robóticas recentes — incluindo robôs estacionários e drones aéreos totalmente automatizados, além de algoritmos de aprendizado de máquina e inteligência artificial — estão atraindo interesse comercial significativo: segundo o relatório, dependendo do setor de atuação da empresa, entre 37% e 23% dos respondentes planejam investir em robôs nos próximos anos.

Que lição de casa cabe aos humanos?

Foi Alvim Tofler, um dos mais célebres futuristas da história, que disse que

“o analfabeto do século 21 não será aquele que não consegue ler e escrever, mas sim aquele incapaz de aprender, desaprender e reaprender”.

Essa necessidade de continuar sempre aprendendo será uma constante na vida profissional das pessoas, uma vez que a maioria das tecnologias que vão impactar drasticamente a sociedade nos próximos anos estão ainda em fase embrionária. Isso exigirá uma mudança completa na maneira como nos relacionamos com educação atualmente.

O relatório do Fórum Econômico Mundial define “aprendizagem ativa” e “estratégias de aprendizagem” como duas das principais competências em ascensão para o profissional do futuro.

Aprendizagem ativa diz respeito à capacidade de compreender a importância e as implicações que novas informações têm na solução de problemas e tomada de decisões — atuais e futuras. O raciocínio é simples: os problemas que buscaremos solucionar daqui em diante não têm paralelo na história, então não existe uma receita clara sobre como resolvê-los. A capacidade de mapear o problema, levantar informações e criar caminhos possíveis para a solução será, em si, uma forma de aprender ativamente.

Ao mesmo tempo, caberá a cada pessoa ter mais consciência sobre como aprender melhor e mais rápido, selecionando métodos e modelos de aprendizagem que sejam adequados a sua maneira de aprender e ensinar coisas novas.

Na Tera, escola que fundei e que aplica um novo modelo de aprendizagem com foco nas profissões do futuro, vivemos intensamente essa transformação.

Acompanhamos todos os dias o desafio que é para os adultos de hoje abandonarem antigos paradigmas para aprender um novo jeito de trabalhar; e nos orgulhamos quando esses estudantes voltam para suas empresas mais confiantes e dispostos a mudar o futuro para melhor. Esse sentimento nasce, principalmente, quando estudantes aprendem a fazer as perguntas certas na hora de solucionar problemas que não existiam há alguns anos — chamamos esse processo de aprendizado baseado em projetos.

Alguns exemplos recentes na Tera foram:

Como melhorar a qualidade de vida de entregadores de comida que trabalham com aplicativos (como Rappi; iFood)?

Como prever o tempo de desospitalização de pacientes a partir dos dados abertos do SUS, aumentando a eficiência do sistema público de saúde?

Como incluir idosos no sistema financeiro, que está rapidamente se tornando digital?

Em resumo, você não é um robô — e isso é um grande diferencial.

A revolução digital não é apenas uma fase da nossa história: daqui em diante, ela será a constante. E o mesmo relatório que aponta tantas forças de transformação no trabalho também projeta que, enquanto de um lado a tecnologia vai impactar em algum nível todas as posições profissionais, de outro ela deve criar mais oportunidades de trabalho do que destruir. Ou seja: o saldo deve ser positivo, no final das contas.

Nossa missão nessa revolução é justamente aprender, desaprender e reaprender, a cada dia, o papel que podemos exercer na construção de um ecossistema profissional melhor para todos.

A relação intrínseca entre modelos de educação, evolução tecnológica e impacto no trabalho faz parte da história da humanidade. Todos nós — trabalhadores, sonhadores e aprendizes — somos protagonistas neste processo, não meros espectadores. Por isso, encarar o momento atual com otimismo, responsabilidade e coragem é fundamental para criarmos um futuro em que a tecnologia serve ao bem coletivo. Nada contra meus colegas robôs — mas não há nada mais humano que isso.

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Um novo modelo de educação com foco nas principais habilidades para a economia digital: www.somostera.com