5 etapas para desenvolver um projeto de design orientado por hipóteses

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7 min readMar 13, 2020
Photo by Jeff Sheldon on Unsplash

Texto adaptado ao originalmente publicado com o título “5 steps to a hypothesis-driven design process”, pelo blog Inside Design.

Digamos que você esteja iniciando um projeto greenfield ou redesenhando um aplicativo. Enquanto está trabalhando, você recebe um e-mail do(a) Product Owner da sua empresa, estabelecendo algumas metas de alto nível. Muitas ideias e perguntas começam a aparecer em sua mente e você não sabe por onde começar.

O design orientado por hipóteses ajudará você a navegar por um espaço desconhecido, para que possa sair no final do processo com as próximas etapas claras e acionáveis.

Imagem que ilustra o processo em questão em 5 etapas: questionar & criar suposições, priorizar, criar hipóteses, experimentar e aprender & construir, na sequência.

Já tem uma ideia da importância desse processo? Ótimo. Vamos demonstrar a seguir as 5 etapas para desenvolvê-lo com sucesso.

Etapa 1: comece com perguntas e suposições

No primeiro dia do projeto, você está curiosa ou curioso sobre todos os diferentes aspectos do seu produto. “Como poderíamos aumentar o envolvimento na página inicial?”, por exemplo, ou “quais recursos são importantes para quem vai usar o produto?”.

Como designer, você é naturalmente uma pessoa observadora e tem muitas perguntas sobre o produto. É importante fazer uma pausa e pensar nas perguntas e suposições que você tem antes de entrar em soluções.

É fácil ter ideias de design, mas é difícil resolver o problema certo. Construir um produto com muitas perguntas não respondidas aumenta o seu risco.

Para reduzir esse risco, é indicado dedicar algum tempo para anotar todas as perguntas e suposições não respondidas. Então, nesse momento, pegue algumas notas adesivas e escreva todas as suas perguntas nas notas (uma pergunta por nota).

Recomendamos que você use a técnica Como poderíamos? da IDEO para formular as perguntas e transformar suas suposições em questionamentos. Isso vai te ajudar a estruturar as perguntas de maneira mais aberta, a fim de evitar que a solução seja inserida prematuramente.

Por exemplo, você tem uma ideia de que deseja fazer com que os(as) passageiros(as) de um aplicativo de mobilidade urbana se sintam mais seguros com o serviço, mostrando a eles(as) quantas corridas a pessoa motorista já fez ao longo de sua jornada no app. Você pode reformular a pergunta para “como poderíamos garantir que a pessoa usuária se sinta segura ao entrar no carro do(a) motorista?” e deixar a parte da solução para a etapa posterior.

Nesse momento, é ainda mais valioso ter membros da sua equipe participando da sessão de brainstorming de perguntas.

Ter diversas perspectivas na sala sempre leva a conversa a um nível mais produtivo.

Etapa 2: priorize as perguntas e suposições

Agora que você tem todas as perguntas nas notas adesivas, organize-as em grupos para facilitar a revisão. É ainda mais proveitoso fazer a atividade com sua equipe, para ter mais informações de todos os lados.

Organizando as perguntas de maneira visual, você vai ter um melhor entendimento sobre o processo.

Quando se trata de escolher qual pergunta abordar primeiro, pense sobre o que mais impactaria seu produto ou o que traria mais valor aos seus usuários.

Se você está em um grupo grande, pode sugerir uma votação com cores para priorizar as perguntas. Explicamos como funciona: cada pessoa fica com três etiquetas adesivas coloridas e cada um pode votar no que acha que é a pergunta mais importante a ser respondida para criar um produto de sucesso. Essa é uma técnica comum de priorização que também é mencionada no livro Sprint de Jake Knapp — ele escreve: “(…) o processo de priorização não é perfeito, mas leva a boas decisões e acontece rapidamente”.

Etapa 3: transforme suas perguntas em hipóteses

Agora você tem uma pergunta clara em mente, priorizada na etapa anterior. É hora de transformar essa pergunta em uma hipótese. Pense em como você responderia à essa pergunta.

Vamos continuar com o exemplo anterior do aplicativo de mobilidade urbana. A pergunta que você tem é: “como podemos fazer com que as pessoas se sintam seguras ao usar o serviço?”.

Com base nesta pergunta, as soluções podem ser:

  • Compartilhando a localização do carro com amigos e familiares automaticamente;
  • Exibindo mais informações sobre o(a) motorista;
  • Mostrando feedback de pessoas usuárias anteriores.

Agora você pode combinar a solução com a pergunta e transformá-las em uma hipótese.

A hipótese é uma estrutura que vai te ajudar a definir claramente a pergunta e a solução, e eliminar a suposição.

“Nós acreditamos que [criando esta experiência] para a [persona] vamos obter [este resultado]”.

Ainda nesse último exemplo, teríamos:

Acreditamos que [compartilhando mais informações sobre a experiência do(a) motorista enquanto profissional]

Para os [usuários do aplicativo de mobilidade urbana]

Vai fazer com que [as pessoas usuárias se sintam mais confortáveis e seguras durante todo o percurso de viagem].

Etapa 4: desenvolva um experimento e teste a hipótese

Desenvolva um experimento para poder testar sua hipótese. Nosso teste seguirá os métodos científicos, portanto está sujeito à coleta de evidências empíricas e mensuráveis para obter novos conhecimentos.

Em outras palavras, é crucial ter um resultado mensurável para a hipótese, para que possamos determinar se ela foi bem-sucedida ou não.

Existem diferentes maneiras de criar um experimento, como entrevista, pesquisa, validação da página de destino, teste de usabilidade, etc. Também pode ser algo incorporado a um software para obter dados quantitativos das pessoas usuárias.

Anote qual será o experimento e defina os resultados que determinam se a hipótese é válida. Um experimento bem definido pode validar/invalidar a hipótese.

Em nosso exemplo, poderíamos definir o experimento como “vamos fazer X estudos para mostrar mais informações sobre um(a) motorista (número de corridas, anos de experiência) e vamos fazer perguntas para identificar a emoção da pessoa usuária associada a sua corrida com aquele motorista (foi seguro, divertido, interessante, por exemplo). Saberemos que a hipótese é válida quando conseguirmos que mais de 70% das pessoas usuárias identifiquem a sua viagem como segura ou confortável”.

“Hipótese: nós acreditamos que… — Experimento: nós faremos… — Evidência: nós saberemos que a hipótese é válida quando conseguirmos este resultado…”.

Depois de definir o experimento, é hora de concluir o design. Lembre-se: você não precisa pensar em todos os detalhes do design agora, mas pode se concentrar em projetar o que é necessário para ser testado.

Quando o design estiver pronto você pode para executar o teste. Recrute as pessoas usuárias com quem você deseja “testar”, defina um prazo e coloque o design na frente desses usuários.

Etapa 5: aprenda e construa

Você acabou de saber que o resultado foi positivo e está empolgado em lançar o recurso. Isso é ótimo! Se a hipótese falhar, não se preocupe, você ainda vai obter informações importantes dessa experiência. Agora você tem algumas novas evidências que podem ser usadas para executar sua próxima experiência. Em cada experimento você aprenderá algo novo sobre seu produto e sobre seus clientes.

“O design é um processo sem fim”.

Construir um produto que as pessoas adoram requer aprendizado contínuo. Você pode não acertar na primeira vez. Por exemplo, você descobriu que as pessoas se sentem mais confortáveis quando têm acesso à experiência anterior de um(a) motorista, mas como vamos fazer com que os usuários do aplicativo se sintam seguros com Marília, a nova motorista ainda sem histórico?

Quais outras informações podemos para que as pessoas usuárias do aplicativo de mobilidade urbana se sintam seguros e confortáveis ? — Essa pode ser sua próxima hipótese. Agora você tem um recurso pronto para ser construído e uma nova hipótese a ser testada.

O design é um processo interminável e é com o design orientado por hipóteses que você coleta informações valiosas sobre o que você deve fazer a seguir.

Princípios criados pelo The Lean Startup: “mensure, aprenda e construa”.

Geralmente assumimos que entendemos nossos usuários e sabemos o que eles querem. É importante desacelerar e reservar um momento para entender as perguntas e suposições que temos sobre nosso produto.

Não sabemos o que não sabemos. Se continuarmos respondendo às perguntas que temos e se continuarmos testando constantemente as hipóteses, criamos um grande banco de dados com informações sobre nossos usuários e seus comportamentos. Se não o fizermos, as suposições se acumularão e podemos acabar gastando meses criando um recurso que os usuários não precisam.

Após testar cada hipótese, você obterá um caminho mais claro do que é mais importante para os seus usuários, detectando onde precisa se aprofundar.

E aí você vai ter uma orientação clara sobre o que fazer a seguir.

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