A diferença entre Product Managers e Product Owners, segundo Marty Cagan

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4 min readJan 21, 2019

PM vs PO, entenda a diferença entre esses dois papéis e o motivo de Cagan querer transformá-los em um só

Marty Cagan durante o Tera Product Talks, no auditório do Google for Startups

“Meu objetivo é eliminar os Product Owners do mundo. Deveriam haver apenas Product Managers que também são Product Owners.”

Quando Marty Cagan soltou essa polêmica frase no meio do evento*, que contava com a presença de diversos Product Owners brasileiros, ninguém de imediato entendeu a mensagem importante que ele queria passar.

Ele seguiu explicando a importância de uma Product Manager e por que esse profissional deve substituir o Product Owner. Afinal, como esses papéis podem influenciar o desenvolvimento de um produto? Quais são os efeitos de serem exercidos por uma única pessoa?

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Alta responsabilidade

Segundo Cagan, o que acontece — de maneira terrivelmente frequente — no Vale do Silício e também no Brasil, é que pessoas participam de um treinamento curto e simples para Product Owners, onde aprendem a metodologia Scrum e saem de lá considerando-se POs.

Quem pode culpá-los? Esse é o nome do curso, afinal.

Mas acontece que, na verdade, o curso os ensina somente metodologias ágeis e, embora isso seja ótimo, não é o suficiente para o desafio dos profissionais de Product Management — papel que efetivamente a pessoa poderia estar exercendo e que é hoje altamente requisitado no mercado.

Entre os 62 perfis de gestores de produto analisados nas 10 principais startups brasileiras que têm números significativos de PM, 60% estão vivenciando sua primeira experiência formal nesses papéis.

O medo de Cagan é que, como ele observa nos EUA, a maioria das PMs pelo mundo não esteja preparada para exercer as competências que o papel exige. E que, com isso, produto, clientes e empresas sofram:

“Vejo isso acontecendo diretamente com os gestores de produto que conheço, mas mais ainda escuto indiretamente de CEOs, desenvolvedores e designers que estão frustrados ou confusos quando o nível de habilidade não atende as expectativas”.

PO x PM

A diferença fundamental, observada pelo Cagan, nas definições tradicionais é que POs geralmente olham pra dentro, cuidando do time, gerenciando e priorizando o Backlog. Enquanto PMs olham para fora, ou seja, interagem com clientes e stakeholders e tornam-se “representantes” deles, dando voz às suas necessidades.

Mas Cagan acredita que isso está para mudar e que já é possível ver essa evolução em times modernos de produto: TODOS devem olhar para fora.

Essa crença gira em torno de três palavrinhas que resumem a responsabilidade de um PM:

Cultura de produto

Para isso, tanto POs quanto PMs — na visão de Cagan — deveriam:

# Ser completamente apaixonados

São essas profissionais que vão criar a visão do produto e “evangelizar” o time.

Sem paixão, designers, engenheiros e desenvolvedoras não vão ser contagiados por suas ideias e o PM não vai passar a motivação essencial para enfrentarem os desafios e as longas horas de trabalho e colaborarem de forma eficaz.

# Estar em constante contato com o cliente

É aquele constante dilema: usuários não sabem exatamente o que querem (e nem é a obrigação deles) e também não é possível criar algo sem antes falar com o próprio usuário.

Uma boa PM deve sempre olhar pra fora e entender as dores dessas personas para compartilhar com seu time.

De preferência levar sempre alguém do time junto nas conversas — assim é possível criar uma cultura concentrada em gerar valor e, nas palavras de Cagan, ter uma equipe de “missionários, não mercenários”.

# Assumir riscos antecipadamente

Um gestor de produto precisa ter a confiança de testar e iterar quantas vezes forem necessárias para gerar inovação. Mais do que gerenciar e priorizar o backlog para realizar a entrega, é preciso estar borbulhando de ideias e saber analisar riscos ainda na fase de concepção do produto para não deixar o conservadorismo tomar conta.

# Desenvolver competências técnicas

Uma PM não precisa saber escrever linhas de código perfeitas, mas deveria ter a capacidade de se comunicar com desenvolvedores, designers e engenheiros.

Seria ideal, portanto, entender o suficiente sobre suas funções em um nível técnico, bem como dominar práticas da metodologia ágil utilizada, saber navegar as ferramentas de análise de métricas ou de gestão de software.

Para finalizar, em linhas gerais, Cagan utiliza um método para saber se a pessoa está de fato realizando o trabalho da forma adequada.

Se a pessoa diz que é Product Manager, ele busca checar se a pessoa é também um Product Owner — se está gerenciando adequadamente as etapas e processos que levam o produto da concepção até a entrega.

Mas se alguém diz que é Product Owner, a pergunta do Cagan é outra: “Você está apenas fazendo um trabalho administrativo ou está realmente resolvendo problemas para seus clientes e seu negócio?

Na visão do autor, uma boa líder de produto é a que combina o seu conhecimento aprofundado sobre o cliente e tem a habilidade de aplicar tecnologia para resolver problemas junto a seu time.

*Marty Cagan é fundador do Silicon Valley Product Group e autor do best-seller Inspired. Ele é uma das maiores referências mundiais quando o assunto é Liderança de Produtos Digitais, com anos de experiência em empresas de sucesso com eBay, AOL, Netscape, Continuus, HP, e Fortune 500. Em junho de 2018, Marty Cagan veio dar uma palestra no Brasil e participou de uma sessão do Tera Product Talks, com os maiores líderes de produtos digitais e CEOs de São Paulo.

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