Um encontro para pensar como a arte pode ajudar as marcas a buscar conexão autêntica com o público e dar vitrine para movimentos e questões contemporâneas.

Andre Foresti
TroubleMakers
Published in
5 min readSep 12, 2018

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Rolou nos dias 24 e 25 de agosto o primeiro La Baraque Creative Residence, um encontro com 25 artistas para pensar como a arte pode se aproximar do universo das marcas. E também de que maneira podemos entender temas e assuntos importantes do momento (Zeitgeist) e gerar projetos para melhorar questões da sociedade, impulsionados por marcas conscientes. O trabalho foi uma iniciativa da La Baraque Creative, agência de soluções criativas com artistas em rede baseada em São Paulo e Paris, em parceria com a Troublemakers, boutique de desconforto que trabalha com métodos ágeis para criar soluções em poucos dias.

O LB Creative Residence buscou inaugurar uma nova forma de colaboração — um caminho inverso ao modelo tradicional de “resposta ao briefing”. Dentro desta ideia de coletivo, teve objetivo de juntar essas cabeças pensantes, aproveitar a variedade e multidisciplinaridade dos criativos para co-criarem projetos com relevância para a sociedade, dentro de um contexto atual, para daí então apresentá-los às marcas.

Artistas Participantes

Ana Strumpf, Dudu Bertholini, Fabio Gurjão, Gabriel Azevedo, Guto Requena, Ira Trevisan, Kleber Matheus, Felipe Morozini, Naia Ceschin, Naima Almeida, Rita Rainer, Verena Smit, Clube Lambada, Bruno Treviso

Ainda contamos com a participação de estrategistas como Gabriela Sanchez, José Porto, Fernand Alphen, Carol Escorel e Alexandre Nino.

Segundo André Foresti, founder da Troublemakers: "A primeira premissa do nosso trabalho é entender exatamente o que o cliente busca para desenhar uma dinâmica que consiga chegar em algo que atenda suas expectativas. Todas as garagens criativas são customizadas para o problema apresentado: método, duração, investimento, experiência, equipes. Ao pensar na La Baraque Residence, tomamos cuidado de respeitar o talento e estilo de cada artista para deixá-los confortáveis com o projeto e acelerar seus potenciais criativos, mas sempre estimulando eles a pensar sob ótica de arte mas também de negócios e interesses das marcas.

Um dos nossos desafios é entender as expertises das pessoas para ter um time que, além de multidisciplinar, funcione trabalhando em grupo. Num processo normal, o artista tem um trabalho autoral marcante, aqui a gente tinha que estimulá-los a criar projetos coletivos, que representassem o talento de todas as pessoas do grupo. Um super desafio, mas que funcionou muito bem e chegamos em projetos que tem tudo pra ganhar vida.

Uma das coisas mais interessantes que vivemos foi trazer o artista para pensar no todo, inclusive na estratégia e potencial de mercado das ideias. Colocá-los em contato com todo processo de design estratégico enriqueceu tanto a entrega final quanto o nível de insights e conexões.

Os artistas fizeram parte de todas as escolhas, o que os deixa com senso de pertencimento completo do projeto, do brief até a ideia. Uma experiência muito marcante estar ao lado de 20 pessoas absolutamente referência no que fazem e conduzí-los para que seus talentos somados virassem projetos marcantes. Assuntos como tecnologia afetiva, inclusão e artesanato brasileiro marcaram as escolhas dos projetos."

Para Fernando Ambrósio da La Baraque: "Na disputa de atenção que vivemos, a arte pode ser um fator determinante de engajamento, encantamento e uniqueness. As empresas se interessam por conteúdo autoral buscando legitimidade, atitude e inovação. O desafio é entender e manter o DNA da marca sem perder a força do universo do artista. É preciso haver um respeito mutuo dos dois lados por isso a curadoria e mediação são fundamentais, esse é o trabalho da La Baraque Creative."

Os artistas também deram a opinião deles sobre esse trabalho com as marcas:

"Para mim, trabalhar com uma marca representa viabilizar minhas muitas idéias alcançando um outro público. Acho que como artista, tenho uma responsabilidade social e um cuidado de como falar e propagar aquilo que crio, para reverberar nas pessoas algo mais verdadeiro possivel." Verena Smit

"Trabalhar com uma marca representa abrir possiblidades de criar experiências interativas inovadoras, especialmente na rua, levando arte para espaços público. e preciso ter flexibilidade para entender a marca, mas tb ser criteriuoso e cuidadoso para manter os conceitos do projeto sem uma apropriacao indevida da marca." Guto Requena

"Trabalhar com marcas potencializa o alcance do meu trabalho, chegando a lugares e pessoas que talvez não chegaria sozinho. Além disso contribui muito para o pontapé inicial do meu processo criativo. Eu gosto de ter um quebra-cabeças para solucionar. Muitas vezes eu prefiro ter esse ponto de partida. Os limites se dão quando isso esbarra em valores pessoais ou quando a marca não está em alinhamento com a minha busca estética e conceitual." Naima Almeida

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