Anarquia Relacional
Mas o que é anarquia?
A gente tem a ingênua ideia de que relacionar-se não monogamicamente significa a exclusão total de regras, e pior, já ouvi muitas vezes a falácia de que não monogamia é uma anarquia, tentando transmitir a ideia de não regras.
Então, vamos por partes:
É muito importante relacionamento não monogâmico ser anárquico. Mas essa afirmação necessita-se um saber o que é anarquia.
Definição de Anarquia:
Sistema político baseado na negação do princípio da autoridade.
Essa foi a primeira definição de anarquia que achei nas internet. E o melhor dessa frase é a palavra AUTORIDADE.
Mais uma definição de anarquia:
Anarquismo é uma ideologia política que se opõe a todo tipo de hierarquia e dominação, seja ela política, econômica, social ou cultural, como o Estado, o capitalismo, as instituições religiosas, o racismo e o patriarcado
Definição maravilhosa, né? Até arrepiei aqui.
Mas ser anarquista significa a anulação de regras?
NÃO!
Muito pelo contrário. Anarquismo é a NÃO AUTORIDADE.
É CONSENSO.
É diálogo full time.
No texto “Tudo o que você queria saber sobre Anarquia” do Grupo Autonomia, diz:
O Anarquismo pede as pessoas principalmente respeito mútuo e senso de responsabilidade.
Sempre haverão casos de divergências pois nenhuma pessoa pensa absolutamente igual a outra. O que as pessoas precisam aprender é a conviver com suas divergências, a viabilizar meios de vida que possibilitem a todas as pessoas viverem de acordo com seus pontos de vista. É natural dos seres humanos concordar ou discordar… Quando a compactuação for impossível, deve-se pelo menos saber respeitar ambos pontos de vista. A verdade de um pode não ser a verdade do outro, mas cada um deve ter direito de viver a sua verdade.
Existem vários tipos de relacionamentos já pré estabelecidos que ajudam quem está começando. Relacionamento aberto é um deles, aonde a regra é liberdade sexual porém não afetiva.
Ou seja: eu posso transar com quem eu quiser porém não posso me envolver emocionalmente. Existe hierarquia já preestabelecida nessa relação.
A mim, falando de mim, esse tipo de relação não me serve. O que me cabe é a anarquia relacional, que é baseada não só em relações afetivas, e sim na coletividade e na luta contra as opressões.
Eu vejo muitas pessoas começarem a pensar na não monogamia pelo relacionamento aberto, já que é aonde elas se sentem mais seguras (que é uma sensação falsa, diga-se de passagem).
Eu não consigo ver relacionamento aberto como porta de entrada para a não monogamia, eu vejo como uma forma de perpetuar opressões sem culpa.
A Não Monogamia tem que ser radical, tem que falar diretamente com a luta contra as opressões e com o coletivo
Não se esqueçam disso.
Indicação de leitura:
Textos de Dandara Abreu, Geni Núñez, eu e o livro “O desafio poliamoroso: por uma nova política dos afetos” de Brigitte Vasallo.