Um pequeno mundo no aniversário do bairro do Limão

“Pontes” que ligam heróis do esporte a uma “morada” de tradições que valem medalhas e jubileus “de ouro”

Bruno Viterbo
SP Norte

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96, 90, 70, 65, 50, 10. Esta sequência de números poderia ser um jogo da Mega-Sena, caso a loteria chegasse às nove dezenas. Também poderia ser uma coordenada geográfica, mas também não é o caso. Porém, esses números revelam um achado, um microcosmo — e, com exceção do primeiro, uma predileção inexorável do jornalismo por números “cheios” ou “redondos”, é bem verdade.

Mas a casualidade desses números demonstra o quão o universo pode conspirar. Esse universo também está regado de coincidências comemorativas. Um pequeno mundo; suas ligações e fatos; sua cultura, seus lugares e sua gente. Os 96 anos do bairro do Limão, em 1o de outubro, inspiram uma sequência de “saltos” na história da região. “Pontes” que ligam heróis do esporte a uma “morada” de tradições que valem medalhas e jubileus “de ouro”.

Mas, por onde começar, quando tudo está tão interligado? “Do começo, oras!”, vai exclamar o leitor. Só que o começo não é necessariamente certo. O próprio bairro do Limão já celebrou seu aniversário em 13 de novembro; a Wikipedia cita que o local tem 104 anos; dizem até que o local tem o nome por conta de um limoeiro — e que o bairro que a Turma da Mônica vive é ali.

Lendas à parte, a data é o início e o fim: se aniversaria no dia 1o, a ponte que liga o bairro foi inaugurada no dia 31 do mesmo mês, há dez anos. Nesse pedaço de universo conspirado, a ponte carrega o nome de Adhemar Ferreira da Silva. O atleta bicampeão olímpico no salto triplo, nascido ali perto, na Casa Verde, faria 90 anos em 29 de setembro.

Essa maquinação de datas também chega aos 70 anos que o primeiro dono de duas medalhas de ouro em Olimpíadas estreava em uma competição oficial: o Troféu Brasil, em 1947. Cinco anos depois, Helsinque via o salto campeão de Adhemar pela primeira vez: em julho, fizeram 65 anos da primeira conquista olímpica do atleta. Já fizemos a quina; resta um número: 50.

Um jubileu de ouro, celebrado pelo povo, em fevereiro. Uma comemoração antecipada do último dia 24 de setembro, quando a Mocidade Alegre fez 50 anos de história. Afinal, a arte de criar já é uma tradição, e o samba também fez morada no Limão.

Chegamos aos seis números da sorte. E bota sorte nisso: disseram por aí que o mundo ia acabar no último sábado.

Nesses últimos dias, o Limão é um mundo.

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Bruno Viterbo
SP Norte

Redator, às vezes fotógrafo (como na foto ao lado) e às vezes jornalista. Mas sempre encontrando tempo para assistir alguma coisa (boa) na TV.