sobre superar anseios maiores que eu

tem poucos momentos na vida que você sabe que tá prestes a viver a maior tempestade que você podia enfrentar. são realmente poucos esses momentos, é comum você pensar “vai dar merda”, outra coisa é você tá com um puta aperto no coração porque tudo ruiu ao teu redor e tu só finge que vai passar sozinho. e o tempo passa, as pessoas andam, as madrugadas alvorecem, e tu tá completamente perdido, na mesma, no fundo do buraco mais profundo que existe sem nenhuma solução possível em vista.

tudo te consome muito. o desespero só aumenta e é o maior dos sentimentos.

é um puta agonia isso. é você olhar ao seu redor e ser dominado pelo total vazio. é você largar tudo que já sonhou porque perdeu as forças de lutar por esses sonhos. é você ter a plena certeza que, mesmo daqui 10 anos, na realidade que for, tu vai olhar pra trás e vai ficar imensamente triste porque você não é metade do que podia ter sido, é só um resíduo tortuoso de alguém que saiu desviando das pedras no caminho sem saber pra onde tava indo afinal de contas.

mas tem uns momentos na vida, uns bem preciosos e tão raros quanto prever a tempestade, que você pode olhar pro seu futuro, seu passado e seu presente e só sorrir. porque de alguma forma tu tem um sucesso meio estúpido na tua vida que tu não percebeu. tu faz o que tu gosta. tu pode ir tomar tua cerveja na terça feira com as pessoas que tu ama. olhar nos olhos delas todos os momentos que quiser. pode, sim, sorrir e rir sem motivo algum. tu pode se apaixonar e sofrer por querer segurar a mão de alguém toda hora e não poder. e não importa o fim. nunca vai importar o que vai acontecer daqui há um mês, um ano ou uma década, porque a verdade tá sempre no presente, tá numa aceitação bem estranha que a vida é isso mesmo, é estar no meio da tempestade tomando banho de chuva mesmo sabendo que o raio pode cair e adeus.

é um desabafo sim, é uma autoaceitação do que a vida construiu pra mim, do que eu construí pra mim e por mais que a eu erre, e erro muito, é uma pureza surreal de deitar a cabeça no travesseiro e ser grato por tudo de bom e de ruim. eu não sei do que vai ser de mim, ou de nós, mas o presente é bom e o amanhã a gente descobre amanhã e toda dor vira força pra gente continuar seguindo e são momentos como os de encontrar no olhar do outro o motivo pra sorrir que fazem a coisa toda ter mais sentido. vale a pena todo o risco.