Amazonia I: Um Panorama Geral

Juliana Marcarini Carloni
Space Talks
Published in
4 min readOct 17, 2021

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Ilustração do Amazonia I em órbita. Crédito: Junior Miranda/Governo Federal

O primeiro satélite artificial, chamado Sputnik I, foi lançado pela União Soviética em 4 de outubro de 1957. Ele era muito simples e suas funções consistiam basicamente em coletar dados sobre a atmosfera e mandar sinais de rádio para a Terra. De lá para cá, houve muitos avanços na construção de satélites e diversas aplicações foram desenvolvidas com o auxílio desses equipamentos, tais como GPS, transmissão de sinais de TV, previsão do tempo, entre outras. Mas uma aplicação que merece destaque é o monitoramento do território nacional, que no nosso país é realizado pelo Amazonia I, o primeiro satélite inteiramente projetado e testado no Brasil, e sobre o qual vou falar um pouco agora.

Como o Amazonia I é estruturado?

O satélite é composto por dois módulos principais: o de carga útil (também denominado Payload, em inglês), que contém a câmera imageadora e dispositivos responsáveis pela transmissão de dados, e o módulo de serviço, baseado em uma plataforma multi-missão que possui todos os equipamentos necessários ao funcionamento do satélite e ainda, como o nome já indica, pode ser adaptada a diferentes cargas úteis e missões. É válido comentar que essa adaptabilidade da plataforma é muito importante para projetos futuros, pois com equipamentos e dispositivos já projetados, diversos custos são reduzidos e também o tempo de desenvolvimento é consideravelmente diminuído.

Principais subsistemas do módulo de carga útil

O destaque do módulo de carga útil é o subsistema WFI (Wide Field Imager), o qual é capaz de fazer imagens que cobrem 850 km, com resolução de 64 m. A câmera foi fabricada por empresas de São Carlos(SP) e São José dos Campos (SP) e gera imagens da Terra a cada cinco dias. Além disso, outro subsistema importante é o Gravador Digital de Dados (DDR, Digital Data Recorder), que armazena dados das fotos tiradas, enquanto o satélite está “fora de contato” com as estações terrenas. Por fim, quando o Amazonia I entra em posições visíveis para as estações, os dados guardados são mandados para o subsistema do transmissor de dados e depois enviados para a Terra.

Foto tirada pelo Amazonia I de São Paulo e arredores. Crédito: INPE

Principais subsistemas do módulo de serviço

Diferentemente do módulo de carga útil, que é mais específico de acordo com a missão, o módulo de serviço contém subsistemas imprescindíveis para o funcionamento de qualquer satélite. Entre os principais estão:

  • Subsistema de Controle de Atitude e Órbita e Supervisão de Bordo (ACDH), responsável por estabilizar o satélite e controlar sua orientação, além de processar e armazenar dados. Assim, estão presentes computadores de bordo, diferentes sensores para a localização no espaço, tais como magnetômetro, sensores solares e sensores de estrelas, e atuadores para manter a orientação correta, como rodas de reação;
  • Subsistema de propulsão, cuja função é alterar a velocidade do satélite. É comandado pelo ACDH e nele estão presentes propulsores, válvulas, filtros, tanque de propelente e transdutores de pressão;
  • Subsistema Gerador Solar, responsável por gerar energia através de dois painéis solares;
  • Subsistema de Suprimento de Energia, que distribui energia elétrica para todos os equipamentos do satélite, incluindo tanto os do módulo de serviço quanto os do módulo de carga útil. Os componentes que fazem parte deste subsistema são principalmente baterias e unidades de condicionamento e distribuição de energia;
  • Subsistema de Controle Térmico, que mantém a temperatura dos equipamentos do satélite em determinada faixa, garantindo seu bom funcionamento. Assim, fazem parte deste subsistema termistores, aquecedores e isoladores;
  • Subsistema de Telemetria e Telecomando, o qual realiza a comunicação entre o satélite e as estações terrenas.

Lançamento

Depois de anos de desenvolvimento, testes e investimento de R$400 milhões, o Amazonia I foi lançado no dia 28 de fevereiro de 2021 no Centro de Lançamento Sriharikota, na Índia, juntamente com um satélite indiano e dois americanos, numa altitude média de 752 km acima da superfície terrestre. Para o futuro, o INPE ainda pretende lançar mais dois satélites: o Amazonia-1B e Amazonia-2, formando juntos a Missão Amazonia, que terá como foco fornecer imagens e dados para o monitoramento do desmatamento da Floresta Amazônica, bioma cuja preservação é de extrema importância para a manutenção do equilíbrio do ecossistema brasileiro e mundial.

Veículo lançador na base de Sriharikota, na Índia

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Referências Bibliográficas

[1] http://www.inpe.br/amazonia1/amazonia.php

[2] https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2021/02/28/satelite-amazonia-1-primeiro-totalmente-feito-no-brasil-e-lancado-ao-espaco.ghtml

[3] https://revistapesquisa.fapesp.br/um-satelite-brasileiro/

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