Coronavírus no Brasil

O que mudou depois de seis meses?

Vinícius Spanghero
Vinícius Gonçalves Spanghero
4 min readAug 31, 2020

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Representação gráfica do novo coronavírus — Foto: Pixabay

São quase seis meses de quarentena. Duas edições de um BBB, mas com um confinamento diferente. Seis meses da descoberta da presença de um vírus no Brasil. O que mudou desde então? Bom, até onde eu sei: o vírus causa o mesmo efeito e vem agindo da mesma forma, matando com o mesmo potencial e contando com o mesmo transmissor: o ser humano. Agora, em seis meses, o que mudou mesmo foi o ser humano. A mesma espécie que aqui no Brasil criticava a tal blogueira fitness pela festinha pós-covid agora, depois de seis meses faz e compartilha nas redes sociais as mesmas festinhas com os mesmos descuidos, mas na maioria das vezes as pessoas das festinhas de agora não tiveram contato com o vírus ainda ou pior: nem fizeram exame pra saber se tiveram. E tem aquelas que contam com a "imunidade" de quem já teve (que atualmente vem sendo contestada pela ciência — estamos bem perdidos).

Nada efetivamente mudou além do ser humano. Eu vejo uma mistura: é muito egoísmo, é auto-estima, é questão psicológica, é negacionismo, é burrice, é inocência, é falta de informação, é … é muita coisa pra justificar o roletzinho. Existem pessoas que não pararam de ou já voltaram a trabalhar presencialmente. A maioria vai de transporte público, totalmente vulnerável, e podem pensar "eu já tô indo até trabalhar, não tenho direito de curtir a vida?". Existem também as pessoas que "ah, já estou 6 meses em confinamento, né?" e sim, é uma tortura mesmo, a cabeça começa a entrar em crise. A gente precisa de um descanso disso tudo. Existem ainda os que desde o início estão negando tudo e agindo naturalmente, como se fossem imunes e só isso importasse. Entre outros… O que esses grupos que eu citei tem em comum é: nenhuma das pessoas que fazem parte deles sabe exatamente como o vírus vai agir nelas, porque apesar de termos avançado nas pesquisas, não estamos tããão longe de Março de 2020, mas estamos com mais de 120 mil mortes agora. Já foi estipulado um Grupo de Risco que teoricamente seriam as únicas pessoas que poderiam vir a óbito, mas não funcionou assim. Perdemos bebês, crianças, adolescentes e adultos jovens e de meia idade pra doença. Assim como houve casos em que idosos que se curaram. Não temos respostas concretas e não temos uma vacina ainda, então seja qual for a sua questão, ela não te imuniza. Infelizmente. Você pode ou não ser letalmente vulnerável ao novo coronavírus. Isso a gente só descobre pegando. A única certeza que temos é que todos nós somos transmissores.

Quando tivemos a notícia do primeiro caso (26/02), esgotaram estoques de álcool em gel. O povo ficou louco. O vírus chegou! Agora já era! No começo da quarentena chegou a ser previsto um período de 2 anos de circulação do vírus. Pensar nesse cenário era assustador e o lockdown (veja bem, o lockdow) seria uma melhor opção pra acabar de vez com a transmissão, diziam. Só que não rolou. E assim: teríamos que aprender a conviver com o vírus entre nós. Fazer o que? Se proteger: máscara, luva, isolamento social e álcool em gel teriam que ser prioridades. E até aí tudo bem, né? Seis meses e 120 mil mortes depois, a máscara já foi pro queixo, o bar já lotou e o álcool em gel virou história. Imagina 2 anos. Óbvio que existem fatores que fazem a curva de transmissão cair e um deles é o fato de o povo ir pegando e "se imunizando" pra parar de transmitir (pelo menos por um período), só que nem todo mundo que pega, se cura. E como não tem como a gente saber exatamente quem pode morrer, o melhor jeito é evitar. O que a gente sabe é que há pessoas que não assintomáticas, outras que tem sintomas leves e outras que são internadas correndo risco de morte. Então é melhor evitar.

Enfim, a falta de consciência, pra mim, é o pior sintoma do ser humano que lida com a atual pandemia. Temos que pensar que nossas atitudes refletem na sociedade e atingem os outros. Também somos, de uma maneira indireta, responsáveis pelo resultado desses números. Cada um deve fazer sua parte, mas se o outro não fizer a dele, não adianta muita coisa. Temos que cuidar de nós. A vida não pode parar, mas tem que ter responsabilidade. Estamos lidando com algo ainda desconhecido então todo cuidado é pouco.

Máscara, álcool em gel, banho, roupas limpas, informações científicas e se puder, ficar em casa. Se você tem o privilégio do acesso à esses recursos, faça um bom uso.

E só estamos na primeira onda.

Aqui tem um link do Google Notícias com dados da pandemia:
https://news.google.com/covid19/map?hl=pt-BR&mid=%2Fm%2F015fr&gl=BR&ceid=BR%3Apt-419

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