Hey, Antirracista!

Você está preparado?

Vinícius Spanghero
Vinícius Gonçalves Spanghero
3 min readJun 14, 2020

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Nos últimos dias o termo “Antirracista” tem estado em alta (junto com algumas outras palavras). Nossa, Vinícius! Isso deve ser bom, não é? Você deve estar feliz. Em partes. Eu vou explicar o motivo.

Vamos começar com o significado superficial da palavra “Antirracista”. Superficial porque a gente só vai dividir em duas: “anti” e “racista”. Segundo o site Dicio, ANTI indica “em oposição a; contra”, ou seja, é algo que se opõe, algo que combate-se. Você luta. Não gosta e luta contra aquilo. Também segundo o mesmo site, RACISTA é algo que se refere ao racismo. Como adjetivo ele se aplica à pessoas de acordo com seu comportamento: falas, gestos, atitudes… olhares. E a definição de racismo (ao que racista se refere) eu destaco do site esta parte: “Preconceito e discriminação direcionados a quem possui uma raça ou etnia diferente, geralmente se refere à segregação racial.” Até aqui tudo bem, né? Estamos na mesma página e sabemos sobre o que vamos falar. Certo.

Quando a pessoa de alguma forma se apresenta como antirracista, seja escrevendo, postando uma foto, em uma manifestação, compartilhando links e etc… ela está passando a mensagem de que é contra o racismo e racistas e que luta em prol de seu fim. Teoricamente. Teoricamente porque essa luta é um compromisso. Não é só um like ou post em rede social. É vida real. O racismo não acontece só na televisão ou na internet, ele acontece na tua cara todos os dias. Eu digo isso com toda certeza. Agora enquanto eu escrevo esse texto, tá acontecendo. E agora que você tá lendo, também. E se você quer se intitular antirracista, você tem que prestar atenção nos fatos. Você tem que saber contra quem está lutando. Mais do que isso: você deve lutar o tempo todo. E começa com você. Você mesmo que se autodeclarou antirracista. Você já parou pra pensar nos termos racistas que você usa? É um começo. Já parou pra pensar que se você entende que o racismo marginaliza pessoas negras na sociedade, no mercado de trabalho e em outras frentes, sendo um combatente você pode mudar isso? Como? Percebendo pessoas negras. Estamos aqui. Nos ouça, nos enxergue, nos entenda e nos valorize. Não queremos pena. Sai pra lá com pena! Nos perceba. E a pergunta “prova de fogo”: se você ver um caso de racismo ofensivo e violento, você vai intervir pelo lado do oprimido ou vai ser mais uma vez platéia de racista (ou seja racista também)? Porque se você é anti você diz que combate. Ou você está pronto pro combate ou só quis “lacrar” na internet. Os dois não dá. Ou você está combatendo o racismo ou está contribuindo com ele. Não tem meio termo nessa: ou você é anti ou você é racista. Se auto declarar “não racista” e se colocar em um pedestal pedindo prêmio (o tal biscoito) te faz uma pessoa nojenta e totalmente desnecessária nessa luta. Te faz meu inimigo. Mais um.

“Numa sociedade racista não basta não ser racista. É necessário ser antirracista”

Eu concluo escurecendo que ser antirracista não é fácil, e eu sei, mas é necessário. Pra mim é uma questão de vida ou vida (apesar de já ter estado próximo por conta do racismo, eu evito pensar na outra possibilidade). É uma guerra diária. Alguns dos meus são obrigados a entender isso desde muito cedo e muitas vezes das formas mais cruéis que se possa imaginar. Em alguns casos isso se transforma em combustível. Raiva. Aquela raiva boa que te faz reagir. Em outros não, e nesses minhas irmãs e meus irmãos caem. E se eu sou antirracista é porque não quero mais quedas e quero reerguer todas e todos.
E é por isso que antes de tudo, sou antirracista.

Minha arte sobre o tema

São todos bem-vindos nesse combate, mas entendam que em alguns momentos precisaremos “sujar as mãos” (no bom sentido, óbvio) e quem não estiver preparado para estar na linha de frente, pode não aguentar o vai ver. Não tem como ser diferente. Não há outra opção.

É isso.

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