Sprint de Visão nas Startups

Ana Paula Batista
sparck
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5 min readJan 28, 2019

Minha experiência conduzindo um Sprint de Visão, em uma Seed Stage Startup.

A pose não tá boa, mas é o que tem pra hoje.

"Eu preciso melhorar meu design"
"Qual o problema do seu design?"
"Não sei. Ele tá feio. Eu preciso melhorar a experiência dele"

E assim começamos mais um projeto, o primeiro do ano, em parceria com a Soyuz :)

O planejamento

A gente precisava entender melhor sobre o problema, que não tava muito claro. Para isso fizemos algumas reuniões presenciais e por hangout, buscando nos aprofundar um pouquinho mais tanto no negócio, quanto na visão do produto e seu público.

O produto se trata de um aplicativo ainda em pré-lançamento, para consumidores finais e profissionais. Sem métricas, sem pesquisas anteriores, sem informações de tecnologia para apoiar as decisões…. decidimos que a abordagem inicial seria um Sprint de Visão — que nos auxiliaria a entender o problema corrente e todos os stakeholders, assim como estabelecer uma missão, uma direção, para o produto.

Por se tratar de uma startup seed stage na qual a maior parte da operação é terceirizada, adaptamos a versão original de 3 dias para 2, o que se mostrou suficiente para chegarmos em algo de valor.

As atividades

  1. Sobre User Experience: Visando setar as expectativas e alinhar os conceitos acerca da temática, falamos rapidamente sobre a Experiência do Usuário, seus contextos e aplicações. Como exemplo, mostramos este vídeo que eu gosto muito, do Grant Achatz no Chef's Table:

2. Regras: Em qualquer dinâmica, sempre devemos estabelecer os limites. Dizer as regras do jogo. Imagina que você recebe um convite de um co-worker para jogar Sepak takraw . Você chega lá e imediatamente é jogado para dentro da quadra. É exatamente assim que as pessoas que nunca participaram de um Sprint se sentem — "o que eu devo fazer? o que é esperado de mim? posso ir ao banheiro?" Enfim, primeira, segunda ou terceira vez, é sempre importante lembrar que sim é melhor do que não, quantidade é melhor do que qualidade, e por aí vai.

3. Objetivo de longo prazo: Estabelecer o objetivo de longo prazo do produto foi a atividade mais difícil do sprint. A dica de moderação para isto é: leve um template de uma frase com espaços a serem preenchidos. Lembre-se que o objetivo de longo prazo deve ser otimista e mensurável e nunca, nunca parta para outra atividade enquanto todos (ou o decisor) não parecer confortável com o objetivo. Questione sempre os porquês dos objetivos — além de te auxiliar a entender e direcionar melhor, permite que os participantes tenham reflexões sobre isso.

4. Mapeamento de Stakeholders: Temos que entender todos os atores e suas conexões pra gente conseguir trabalhar direito, né não? O processo de priorização foi complexo por se tratar de um caso "se eu não tenho um eu não tenho o outro e se não tenho o outro eu não tenho o um". Ter trabalhado bastante no objetivo de longo prazo ajudou muito a tomar esta decisão.

5. Entrevista, Mapa de Empatia e Golden Path: Conseguimos entrevistar algumas pessoas representantes do público que foi priorizado e mapeamos suas percepções de dores, ganhos e tarefas. Elaboramos também uma pesquisa para ser disponibilizada online pós Sprint. A partir disto, traçamos um fluxo do que seria a jornada ideal do usuário, desde o momento que descobre o aplicativo até atingir seu objetivo real.

6. Teste de Usabilidade e Análise Heurística: Foi a primeira vez que utilizei a Análise Heurística em um Sprint e acredito que neste cenário tenha funcionado bem. Tínhamos pelo menos 3 especialistas no time, e, a atividade tirou a ansiedade dos participantes de dizer o que estava errado com cada botão da tela. Para cada ponto encontrado, todos iam anotando em um post-it e no fim funcionou — além do mapeamento — como um "estacionamento de ideias" onde puderam fazer o upload do que estava na cabeça, para abrir espaço para novas coisas.

8. Como nós podemos, Mapa de Afinidades e Votação: O mais interessante desta etapa foi que o próprio time conseguiu organizar o pensamento e percebeu que muitas coisas eram bugs simples que poderiam ser corrigidos logo :)

9. Matriz de esforço X impacto: Colocamos todos os post-its com votos em uma matriz que considerava esforço de implementação e percepção de impacto para o usuário. Tome sempre o cuidado de revisar os post-its com apenas um voto — para garantir que o time todo queira mesmo levar a ideia adiante.

10. Princípios de Design: Se você perguntar ao seu usuário, como este produto faz você se sentir, o que você gostaria que ele respondesse?

Gosto de colocar alguns adjetivos para inspirar o time. Sim, preciso fazer uma versão em português.

11. Prototipação: Usando o Figma (❤), prototipamos juntos a funcionalidade que, de acordo com o time, tinha o menor esforço para implementação e maior percepção de impacto positivo para o usuário, ficando como dever de casa para o time, a validação com o usuário final.

Exemplo de uma das telas do fluxo desenhado

Além de termos saído com diretrizes claras sobre o que era o produto, onde queríamos chegar e o que seria necessário para isso, um dos maiores ganhos, na minha visão, foi a mudança de mindset do time, que passou a considerar parte da rotina os experimentos no produto e pesquisas com usuários; mas sempre mantendo o foco no objetivo de longo prazo. Além disto, pudemos observar outros ganhos:
— Compreenderam a importância do design de produto;
— Tomaram consciência da importância da pesquisa e testes com o usuário;
— Entenderam que planejar de forma organizada tem mais valor do que um produto entregue de forma empírica;
— Repensaram itens essenciais do modelo de negócios a partir dos resultados;
— Descobriram que a experiência está muito mais ligada a emoção do que a “beleza” do aplicativo.

Obrigada Clécio Bachini e Bianca Ximenes pela revisão :)

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Ana Paula Batista
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