Design Sprint Remoto: Como aproximar a equipe da experiência presencial

Sim, é possível fazer atividades colaborativas remotamente. Conheça ferramentas e dicas para ter ótimos resultados com time e cliente distribuídos.

Renato Contaifer
Startaê Journal
5 min readJul 9, 2018

--

Validar ideias é algo que sempre fez parte do nosso processo. Desde o início do Startaê ajudamos startups em diferentes estágios a criar produtos digitais com a mentalidade de aprender rápido com os erros e se movimentar.

Em 2012 conhecemos os conceitos do Business Model e do Lean Startup, metodologias inspiradas no visual thinking e nos métodos ágeis. E com o tempo aprofundamos ainda mais a prática com as lentes do Design Thinking e Service Design.

Quando tivemos contato com o livro Sprint em 2016, percebemos que o que antes era um mindset (Design Thinking) virou um framework estruturado (Design Sprint).

Muito do que se falava no livro eram princípios que já estavam incorporados na nossa cultura de alguma forma. Desde a visão estratégica no desenvolvimento de produtos até a forma como gostamos de nos relacionar com clientes.

Caso você não seja familiar com o termo — O Design Sprint é um método desenvolvido pelo Google, utilizado para responder perguntas críticas e tomar decisões sobre um problema específico. Uma imersão colaborativa de cinco dias, passando pelas etapas de mapeamento do problema, definição do desafio, exploração de soluções e a construção de um protótipo real para testes com clientes.

Todos na mesma sala?

Por essência, o Design Sprint propõe todos os participantes reunidos em uma mesma sala. É um processo que exige imersão, comprometimento total e para muitos o encontro presencial é um pré-requisito para isso.

No entanto, aqui no Startaê trabalhamos com time e clientes distribuídos em diferentes localidades. E, apesar disso, sempre fizemos questão de envolver o cliente em nosso processo, não importando onde as pessoas estivessem.

Esse é um desafio comum por aqui. Hoje, posso dizer que é sim possível rodar um Design Sprint remoto e obter excelentes resultados.

Atividades colaborativas no ambiente remoto

Estávamos, há alguns meses, trabalhando com uma startup do mercado imobiliário com o time em três cidades diferentes. E, recentemente, tivemos a experiência de um Design Sprint remoto.

Conversando com o cliente sobre fazer o Design Sprint chegamos a cogitar nos reunir presencialmente, mas o tempo disponível não compensava o esforço de conciliar agendas, viagens e toda a logística. Optamos por fazer remotamente e fomos surpreendidos pelo resultado.

É comum falar das ferramentas e essa é geralmente a primeira curiosidade das pessoas. Elas estão possibilitando criar uma experiência cada vez mais próxima da presencial. Basicamente, usar um quadro branco virtual e um timer compartilhado através de uma videoconferência já possibilita qualquer sessão colaborativa. Mas, a verdade é que não são apenas as ferramentas que vão garantir o sucesso.

Masterizando a cultura do trabalho remoto ao logo dos anos, encontramos processos, hábitos e comportamentos para estar confortável com os resultados desse formato, caso ele seja a opção mais viável.

Aqui compartilho alguns dos insights desse Design Sprint 100% remoto.

Mesma experiência para todos

Talvez algumas pessoas da equipe estejam fisicamente no mesmo local. Pode parecer curioso, mas trabalhamos remotamente até no escritório. No momento da videoconferência, estar cada um no seu computador deixa todos em igualdade e isso faz muita diferença. O Zoom, por exemplo, proporciona uma ótima experiência de vídeo.

Mural colaborativo disponível

Ter todas as pessoas interagindo em uma ferramenta de quadro-branco virtual é o que irá simular as paredes de uma sala. Gostamos muito do Mural e lá criamos templates para votações e todas as atividades do Sprint. Desde o início, tudo já fica documentado e qualquer pessoa pode ter acesso de qualquer lugar. E ainda salvamos o meio ambiente trocando post-its reais por virtuais!

Heatmap voting no Mural

Menos distrações e mais foco

Ao contrário do que se pode imaginar, em uma atividade colaborativa remota os participantes podem chegar a exaustão pelo foco intenso. É saudável preparar pequenas dinâmicas para quebrar o gelo e tornar os momentos mais leves. Na hora das atividades, crie playlists de músicas para animar e inspirar o pessoal.

Controle do tempo e objetividade

No Design Sprint o tempo é valioso. O facilitador deve ser ainda mais rigoroso para cumprir todas as etapas nos minutos definidos para isso. Como dica, você pode usar o Cuckoo, um timer que ajuda na produtividade de times remotos e foi desenvolvido pelo Startaê.

Cuckoo timer

Setup de ferramentas

Antes de começar, é essencial que o facilitador procure saber sobre as habilidades com as ferramentas e qual o nível de conhecimento de cada um dos participantes. É preciso garantir que todo mundo saiba tirar proveito correto das ferramentas para desenvolver as dinâmicas. Caso contrário, isso faz com que o Design Sprint perca o ritmo. Uma boa conexão com a Internet também é fundamental.

Storyboard

A criação colaborativa do storyboard é um dos principais desafios que encontrei no Design Sprint remoto. Testamos algo diferente, captando com uma webcam panorâmica o esboço em um quadro físico e finalizamos em duas horas. Depois, tudo foi repassado ao formato digital para compartilhar uma versão mais refinada do protótipo através do Figma, que também permite o trabalho colaborativo e todos podem fazer as suas considerações simultaneamente.

Remote User Testing

O recrutamento de usuários para o teste é um desafio comum no Design Sprint. Ter a opção de fazer os testes remotamente otimiza muito o processo. Utilizamos o Lookback e o teste é capaz de ser tão eficaz quanto o formato físico. É possível gravar facilmente e todos do time visualizam com detalhes as reações do usuário e tudo o que aconteceu no teste.

Adapte ao seu contexto

Design Sprints são eficientes para diversas finalidades, independente do formato presencial ou remoto. As metodologias estão aí para serem adaptadas a contextos específicos. Em um cenário distribuído, cada vez mais comum, proporcionar uma experiência rica ajuda a romper barreiras de que o trabalho remoto só acontece de forma isolada.

Acreditamos em novas relações de trabalho e somos iniciadores do movimento Officeless. Se você também é um entusiasta do trabalho remoto, Design Sprint e quer entender como esses dois universos podem se conectar, let’s talk!

--

--