Katy Perry, ‘Witness’

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3 min readJun 12, 2017

Infelizmente, Katy Perry ainda não aprendeu a se virar sozinha sem Bonnie McKee e Dr. Luke. A cantora acaba de lançar ‘Witness, seu quarto álbum, que teve um grande potencial desperdiçado por falta de uma boa orientação.

O desempenho ruim e má recepção das canções lançadas já era um indicativo do que estava por vir, e tudo se concretizou quando o álbum completo chegou aos nossos ouvidos. ‘Witness’ é resultado de uma série de falhas e decisões ruins feitas pela cantora, mas tudo com uma ótima intenção.

Previsto para o ano passado, o sucessor de ‘Prism’ teve o lançamento adiado para que Katy Perry pudesse se tornar cabo eleitoral da candidata à presciência dos EUA (que perdeu) Hilary Clinton. Outro grande motivo, apesar de ninguém querer admitir, é que nesse meio tempo Lukasz Gottwald, seu principal colaborador, se tornou um inimigo público.

Uma coisa que você precisa entender é que as pessoas sempre se incomodaram com cantoras pop se envolvendo em assuntos políticos (Pode entrar, Madonna!). Apesar de atualmente a situação estar mudando, a público em geral acredita que música popular é para ser festiva e alegre, então tem uma dificuldade em aceitar uma cantora que, até então cantava sobre “sexo e festas”, comece a se envolver com problemas sociais.

Com “Chained to the Rhythm”, primeiro single do novo álbum, Katy Perry tentou passar uma mensagem política que acabou soando vazia e ainda levou o público à acreditar que ‘Witness’ seria algo que ele não é: politizado.

Os singles que o sucederam não poderia ter sido escolhidos nos piores momentos. “Bon Appétit” foi lançada com a participação do Migos, quando o trio de rappers sofria acusações de homofobia. “Swish Swish” foi lançada, poucas semana depois, trazendo a tona uma rixa que as pessoas estavam começando a esquecer.

Já parou para imaginar como o público teria reagido se Katy tivesse decidido iniciar a nova era com a excelente faixa-título? E como tudo teria soado mais orgânico e genuíno se ela tivesse seguido com “Roulette” e “Bigger Than Me”, ou até arriscado uma versão solo de “Bon Appétit”?

Com fortes influências da Madonna dos anos 89, em uma exótica mistura de ‘Like a Virgin’, ‘True Blue’ e ‘Like a Prayer’, o novo álbum de Perry possui grandes acertos como “Pendullum”, “Save as Draft” e “Into Me You See”, que poderiam ter brilhado em um trabalho mais lapidado.

A boa notícia é que o disco melhora muito a medida que você retorna a ouvi-lo, mas ainda vai ser difícil as pessoas que investiram na cantora por sua perfeição pop chiclete (fruto do trabalho com McKee e Gottwald) se acostumarem com o que ela está tentando propor.

Em ‘Witness’, Katy Perry reflete muito mais sobre ela mesma do que se questiona sobre esse mundo. O disco é um convite para testemunhar o amadurecimento dela como cantora e como pessoa. Talvez se ela tivesse deixado isso bem claro desde o início, tudo teria saído bem diferente.

Álbum: ‘Witness’
Singles: “Chained to the Rhythm”, “Bon Appétit” e “Swish Swish”
Videoclipes: “Chained to the Rhythm” e “Bon Appétit”

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