O que o retorno de Taylor Swift às plataformas de streaming realmente significa?

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4 min readJun 9, 2017
This is a photoshoot for 1989 by the artist Taylor Swift. The cover art copyright is believed to belong to the label, Big Machine Records, or the graphic artist(s).

Em 03 de Novembro de 2014, pouco mais de uma semana após o lançamento de ‘1989’, Taylor Swift tomou uma atitude drástica e removeu seu catálogo inteiro do Spotify (e demais plataformas de streaming). A atitude era inéditas, porém tinha lá seus precedentes, considerando que artistas como Coldplay e Beyoncé demoraram de seis meses à um ano para disponibilizar seus novos álbuns, visando um provável prejuízo nas vendas.

Menos de um ano depois do ocorrido, a cantora publicou uma carta aberta direcionada à Apple, que tinha recém-lançado a plataforma Apple Music em concorrência ao Spotify, apontando como sua preocupação não era com o próprio lucro, mas com todos os compositores e produtores iniciantes que não conseguiriam se manter na “era do streaming” recebendo tão pouco. A mensagem foi impactante o suficiente para, em menos de uma semana, a empresa mudar sua política e Taylor Swift disponibilizar todos os seus álbuns.

Durante todo esse processo, o álbum ‘1989’, que já havia debutado com 1.287 milhões de cópias vendidas apenas em sua primeira semana nos EUA, seguiu no top 10 da Billboard 200 durante 54 semanas consecutivas, com números impressionantes, o que provavelmente não teria acontecido naquela época se o disco estivesse disponível no emergente Spotify.

Ainda falando sobre sucesso comercial, ‘1989’ rendeu seis singles e mesmo tendo potencial para repetir o feito de um ‘Teenage Dream’, por exemplo, apenas três deles chegaram ao topo, principalmente por conta do reforço com seus respectivos videoclipes. Após o remix de “Bad Blood”, seu último #1 na Billboard Hot 100, quatro singles foram lançado, porém nenhum deles teve força o suficiente para repetir o feito.

This is the cover art for 1989 by the artist Taylor Swift. The cover art copyright is believed to belong to the label, Big Machine Records, or the graphic artist(s).

Dando um salto na nossa linha do tempo, chegamos à 09 de Junho de 2017. Segundo ela, em comemoração às 10 milhões de cópias vendidas do ‘1989’, Taylor Swift resolve retornar com seu catálogo completo não só ao Spotify, mas à todas as plataformas de streaming relevantes. Sem nenhuma coincidência, a jogada ocorre no mesmo dia de lançamento do aguardado álbum ‘Witness’ de sua arquirrival Katy Perry.

Muitos apontaram Taylor como mesquinha por tentar sabotar Katy quando ela está em um momento não-tão-favorável, mas não podemos esquecer que a própria interprete de “Swish Swish” resolveu declarar guerra quando escancarou tudo em um programa de TV e responder publicamente às acusações de “Bad Blood”. Sem contar que a própria Perry já fez uma jogada parecida, com outras concorrentes.

Há também aqueles que realmente acreditam que Swift é apenas uma boa pessoa e uma artista que pensa em seus fãs, mas isso nos leva a questionar se o motivo que ela alega ter feito romper com o Spotify já foi solucionado e por quê ela não ter feito isso em qualquer outro momento.

A verdade sobre isso tudo é que, acima de rixas infantis e falsos pretextos, Taylor Swift é uma excelente estrategista e mulher de negócios. A verdade é que ela soube se adaptar e vender seu produto como ninguém, ao longo dos anos, e tinha plena consciência de que sem o apoio de todas as ferramentas possíveis, não ia obter metade do sucesso que ela almeja para o próximo projeto.

Vídeo meramente ilustrativo.

A crise dos artistas pop parece ter deixado a cantora em estado de alerta. Se grandes nomes como Lady Gaga, Britney Spears e até a próprio Katy Perry, que há poucos anos atrás conseguiam sucessos sem muito esforço, hoje estão sendo substituídas nas paradas de sucesso, o que a impediria de ser a próxima?

Como alguém que sempre soube jogar as cartas certas no momento certo — incluindo sua calculada transição para o pop — Taylor provavelmente observou tudo ao seu redor. Como, por exemplo, um paralelo entre Beyoncé que resolveu fazer as coisas de sua maneira e não consegue mais um hit estável na Billboard, e Drake que fez do streaming um aliado e conseguiu um sucesso impressionante.

Taylor Swift tem tudo à seu favor. A mídia ainda não resolveu arrastar seu nome na lama e nem a crítica especializada resolveu virar-lhe as costas, assim como ocorreu com algumas de suas companheiras (precisa citar nomes?). Tudo que ela fala ou faz, ainda leva o público a questionar e assistir. Parafraseando a própria cantora, você adora os jogadores e ela adora o jogo.

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