Soul, O céu da meia-noite e o que tem a ver com Ailton Krenak

Sthefany Duhz
Sthefany Duhz
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3 min readJan 5, 2021
Imagem autoral | Crédito: Sthefany Duhz

No filme “O céu da meia-noite” o cientista Augustine (George Cloone) passa por três grandes marcas narrativas: o isolamento na estação na qual ele trabalha; a descoberta da criança Iris (Caoilinn Springall) que foi esquecida pela população que saiu da cidade e relação que os dois vão criando; e a última marca é a sua trajetória de uma estação a outra com Iris em meio a uma tempestade de gelo. E tudo isso para avisar a nave espacial da comandante Sully (Felicity Jones) não voltar para o planeta Terra que foi devastado, a maioria da população sobrevivente se esconde no subsolo após um evento apocalíptico em 2049.

Sully é filha de Augustine que ele não conviveu e ela nem sabe que ele é seu pai. O cientista tem um difícil caminho até chegar a estação e ainda convivendo com sua doença terminal. No final das contas percebemos que sua jornada era para avisar a filha não retornar ao planeta Terra e habitar a nova lua encontrada, uma nova chance para a humanidade. É sobre amor. O amor que salva.

E a animação “Soul” da Pixar traz tanta humanidade, verdade, alma… Traz sutileza, traz vida. O protagonista Joe é o que é considerado nos padrões sociais um homem fracassado — sem dinheiro, sem família/casamento e, sem sucesso/fama. Ele é um músico que ama o jazz e acredita que é seu propósito de vida — achei muito bem trabalhada essa questão do propósito. Quando ele finalmente tem a chance de tocar com uma banda famosa de jazz ele sofre um acidente e está entre a vida e a morte. E aí desenrola o filme.

Nesse limiar entre vida e morte ele precisa ajudar uma alma que nunca desceu ao planeta Terra. Me marcou o fato de que na organização espiritual onde as vidas são criadas, não se fala em um propósito de vida, um dom, que é o que Joe acreditava. Quando Joe alcança a meta de vida de tocar com aquela banda de jazz reconhecida e famosa foi incrível entretanto a noite acaba. Ele percebe que o clímax que ele almejava sentir pelo resto da vida na verdade é momentâneo.

A verdade é que a vida é uma trajetória e está aí para ser vivida. A vida é um caminho com marcas, momentos, situações, relações, amores, olhares, cheiros, tatos, sabe? O comer uma pizza, apreciar uma música, visitar seus pais… É simplesmente viver.

Por isso vejo o valor de ressignificar o “propósito de vida” como VIVER e como disse o filósofo indígena Ailton Krenak “Nós temos que ter coragem de ser radicalmente vivos. E não negociar sobrevivência” . Ter a coragem de estar viva e viver a sua vida e não barganhar a sua sobrevivência é hoje um aprendizado extremamente valioso.

Nós somos humanos e estamos vivos. Eu inspiro e expiro agora junto de você. Sinto o vento, eu vejo cores, sinto sabores, tateio essa caneta, escuto alguém varrendo a rua, o avião passando…

Nós estamos vivos aqui e agora. Isso é tudo! É o suficiente, o necessário, o precioso, valioso. O bem maior é estar vivo.

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Gratidão!

Com carinho,

Sthefany .

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Sthefany Duhz
Sthefany Duhz

Comunicóloga social com olhar sensível nos movimentos da vida ❇ Jornalista, mentora & criadora ❇ https://keepo.io/sthefanyduhz/