Cine Quarentena #1: Princesa Mononoke

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3 min readMar 22, 2020
Princesa Mononoke (Hayao Miyazaki) levou o Oscar de Melhor Animação em 1997

Por Matheus Meyohas

Acho que eu nunca escrevi uma crítica cinematográfica. Parte porque sempre dediquei meus esforços ao esporte, outra parte porque sempre achei essa uma missão grande demais para mim. Quem sou eu para julgar uma obra que é resultado do trabalho de centenas de artistas? Mas existem certos filmes que rompem qualquer silêncio. A tela escurece, vem um suspiro e aquela sensação estranha de ter que falar com o mundo todo sobre ele. As cenas, os detalhes. Princesa Mononoke é assim.

De cara, o filme de Hayao Miyazaki te arremessa para um universo diferente, com uma breve narração. “Antigamente, a terra, coberta por florestas, onde, por muito tempo, moravam os espíritos dos deuses. Naquela época, homens e animais viviam em harmonia. Mas o tempo passou e a maioria das grandes florestas foram destruídas. As que sobraram foram protegidas por criaturas gigantescas, que deviam aliança ao Grande Espírito da Floresta, porque aqueles eram os dias dos deuses e dos demônios”.

A obra conta a história do jovem Ashitaka, príncipe de uma distante vila no leste Japão medieval. Logo no início do filme, o guerreiro combate uma besta possuída por um demônio e acaba atingido. Para evitar que a ferida o consumisse por inteiro, Ashitaka parte em direção ao oeste para descobrir a origem daquele demônio.

A realidade se escancara para Ashitaka quando ele encontra uma cidade de mineiradores no oeste, que são conduzidos pela ambiciosa Lady Eboshi à uma relação predatória com a floresta. Para isso, ela terá que enfrentar San, a Princesa Mononoke, filha adotiva de uma tribo de deuses-lobos da floresta. Em meio a essa disputa, Ashitaka desenvolve uma relação especial com San e com a natureza, representada por grandes bestas, espíritos e criaturas fantásticas.

É justamente a mitologia de Princesa Mononoke que me deixou tão impactado com o filme. Não pela construção dos personagens ou pela “lógica” que a rege. Mas pela maneira como Miyazaki consegue relacioná-la com os temas pertinentes ao seu filme. Os demônios aparecem como frutos da relação de ódio entre homem e natureza. São filhos do desequilíbrio do universo. O Grande Espírito da Floresta, por sua vez, traz em si toda a aura que uma floresta é capaz de ter. E que se apresenta durante o filme, mesmo em cenas em que o espírito propriamente dito não está.

Além de tudo isso, Princesa Mononoke é um filme tecnicamente arrebatador. Os desenhos são impressionantes, com um uso de cores de tirar o fôlego e criaturas mitológicas expressivas, sem apelar para uma humanização visual das mesmas. A trilha sonora de Joe Hisaishi engrandece a trama de forma genial e contempla o tom épico que a história pede. O tema principal é antológico (clique aqui para ouvir).

Por tudo isso, é preciso que, sempre que formos falar das grandes animações de todos os tempos, Princesa Mononoke esteja na conversa.

Princesa Mononoke (1997): 10/10

Ver filmes é um dos melhores passatempos para a quarentena do coronavírus. Sempre que puder, tentaremos trazer a resenha de um deles aqui, no Cine Quarentena do Stick 2 Sportz.

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