Didi Louzada e mais 7 jogadores da Draft Class de 2019 que com certeza não irão fracassar

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8 min readJul 19, 2019

por Rafael Freire

A expectativa é alta e todo mundo meio que já tem uma ideia pré-definida sobre os calouros que vão chegar pra tomar conta da NBA, ou que pelo menos terão muito protagonismo logo de início. E mesmo se a gente não souber de fato quem irá ter uma melhor carreira, não tem muita graça chegar num texto desse e postular “pUtS CoM cErTeZa ZiOn WiLLiAmSoN e Ja MoRaNt nÃo VãO FrAcAsSaR”.

Aí é fácil. Você não paga sua internet pra conteúdos assim, eu suponho.

Baseado no desafio de Chris Vernon, resolvi montar meu próprio apanhado de jogadores low profile e sem tanta hype que, na minha humilde avaliação, não irão ser uma bosta. Não necessariamente estrelas. Tampouco franchise players. Ou quem sabe, um dia, possam ser? O fato é que esse são atletas com boas combinações de atributos para a NBA atual que, em geral, saíram abaixo do que deveriam no Draft. Jogadores que não despertam tanta atenção do grande público, mas que podem roubar a cena em dado momento da carreira. E claro, calouros que, com toda a certeza, não serão péssimos de maneira alguma.

21 anos. 1,97m. 88kg. Envergadura: 1,93m (Virginia)

Ty Jerome (PG/SG— Phoenix Suns)

Uma das poucas vitórias do Suns na offseason foi a aquisição de dois dos jogadores mais prontos do Draft: Cam Johnson (menção honrosa) e Ty Jerome. Um dos principais jogadores do Virginia Cavaliers, atual campeão da NCAA, é um combo guard com ótima leitura de quadra e capacidade de armação de jogadas. Seu Q.I. de basquete é a primeira coisa que salta aos olhos, o que é explicitado pela sua média muito eficiente de assistências por turnover (3.31!). Uma das suas principais armas é o arremesso de sólida mecânica, com trabalho de pés e agilidade lateral para utilizar bem os bloqueios dos companheiros. Um grande criador, facilitador e finalizador, com potencial de ser o role player dos sonhos de qualquer time que luta pelo título. No Suns isso não vai acontecer tão cedo, mas nada que atrapalhe muito as suas performances.
Comparação: Malcolm Brogdon que não vai ganhar Rookie of the Year.

21 anos. 2,10. 115kg. Envergadura: 2,22m (Florida State)

Mfiondu Kabengele (PF/C — Los Angeles Clippers)

Fiquei apaixonado desde o primeiro jogo de Florida State que assisti. Kabengele sai de uma das defesas mais dominantes do College e vai para um time de cultura similar, com jogadores que protegem muito bem o perímetro e a área pintada, com trabalho tático e cultura cada vez mais fortalecidos. Trata-se de um atleta com capacidades físicas de elite e com uma mentalidade desafiadora. Além de ser um bom protetor de aro, não passa vergonha em trocas para defender o perímetro, mesmo do alto dos seus 2,10m e 115kg. Tem as armas do big man moderno: força, rapidez, atleticismo, capacidade de pontuar de costas para a cesta e boa mecânica em arremessos de 3 pontos (37% na NCAA). Além da capacidade técnica, o sobrinho de Dikembe Mutombo honra a família com o motor incessante, brigando em bloqueios e disputas por rebote. Combina com qualquer time.
Comparação: Serge Ibaka, Montrezl Harrell que espaça a quadra.

19 anos. 1,98m. 88kg. Envergadura: 1,91m (Kentucky)

Tyler Herro (SG — Miami Heat)

O único representante da loteria desse texto entra por ̶p̶u̶r̶o̶ ̶c̶l̶u̶b̶i̶s̶m̶o̶ uma grande capacidade de entendimento de jogo. Herro é flexível, versátil e inteligente. Parece compreender o que o time pede em quase todos os momentos do jogo. Não é exatamente um velocista, mas tem pés muito ativos quando está sem a bola, com muita facilidade em achar espaços confortáveis para o tiro de longa distância. Seu arremesso é prolífico quando parado, em movimento, ou saindo do drible. Também pode operar bem o pick and roll e agredir a cesta em nível honesto. É o melhor aproveitamento de lance livre entre todos os jogadores draftados, o que indica que sua mecânica é de elite e os chutes à distância tendem a melhorar. Treinado por Spoeltra na cultura sólida de Pat Riley — que conseguiram trabalhar bem com Tyler Johnson e Josh Richardson, por exemplo, que tinham um teto bem menor e se tornaram boas peças. Ah se ainda vivêssemos na era do midrange
Comparação: Devin Booker, J.J. Redick da época de Magic.

22 anos. 1,96m. 110kg. Envergadura: 2,07m (Tennessee)

ADMIRAL SCHOFIELD (SG/SF — Washington Wizards)

ADMIRAL SCHOFIELD. Ele é forte demais para o tamanho (110kg de músculo em 1,96m) e isso não impacta negativamente na sua mobilidade. Atlético e incansável, foi dominante em rebotes, transição ofensiva e defesa interior. Massacrou adversários mais fracos no post. É um dos melhores arremessadores fisicamente hipertróficos que eu já vi, se não for o melhor. Chutou acima dos 41% do perímetro e beirou os 48% em arremessos de quadra, na sua carreira em Tennessee. Explosivo, instintivo, corajoso, não foge dos momentos decisivos. Tem um irmão que ganhou o SuperBowl. Tem outro irmão que se chama GENERAL SCHOFIELD. Tem um cover de Adele tocando violão. Eu não me importo. Eu não to nem aí. Ele não vai fracassar. Não com essa força nominal. ADMIRAL SCHOFIELD.
Comparação: Jimmy Butler preso no corpo do Larry Johnson.

20 anos. 2,03m. 104kg. Envergadura: 2,13 (Auburn)

Chuma Okeke (SF/PF — Orlando Magic)

O ala-pivô de Auburn seria certamente uma escolha de loteria se não fosse por uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. E ainda saiu alto, dadas as circunstâncias, o que já comprova o quanto esse jogador pode ser valioso. Mesmo perdendo a fase decisiva da NCAA, Okeke mostrou sua inteligência, versatilidade e potência como defensor de perímetro e interior. Não apenas é sagaz, como é ativo na defesa. Tem a capacidade de fazer as leituras certas e usar de todo seu atleticismo e força para lutar pelas posses de bola. Espaça a quadra com arremessos perigosos, sabe passar a bola com qualidade tanto no perímetro quanto no post — parece que nunca se desespera — e sempre está no lugar certo pra receber a bola ou para efetuar um bloqueio. Um dos melhores facilitadores táticos de toda a classe. As questões físicas e o encaixe com o Magic me fazem ter certos questionamentos, mas o talento tá todo lá.
Comparação: Jerami Grant, Kelly Olynyk com VPower e motor 1.6.

22 anos. 2,01m. 105kg. Envergadura: 2,12m (Villanova)

Eric Paschall (PF — Golden State Warriors)

É um dos jogadores mais enigmáticos e ainda assim, um dos que mais aparenta estar próximo de algo especial. Num dos Drafts mais importantes do Warriors desde a aquisição dos seus três All Stars, o time deu a sorte de contar com um dos grandes ala-pivôs da classe na escolha 41. Já começa que o big de Villanova tem as principais características que moldaram a dinastia: trocabilidade defensiva, movimentação de bola, trabalho de bloqueios offball, arremesso em distância. É uma das combinações mais perfeitas de time e jogador que, por alguma maneira, deixaram sobrar para Golden State. Forte, incansável, versátil e inteligente sem a bola, Paschall entra num time que luta para se manter competitivo na sua segunda unidade. Com certeza ele complementará muito bem as rotações de Steve Kerr, que estiveram em má fase na última temporada.
Comparação: Paul Millsap, Draymond Green vegano.

20 anos. 1,95m. 84kg. Envergadura: 2,03m. (SESI-Franca, Brasil)

Didi Louzada (SG/SF — New Orleans Pelicans)

Ufanismo? Nah. O moleque é bom mesmo. Podia falar do Nickeil Alexander-Walker, ou Jaxson Hayes (menções honrosas), mas o nosso brasileiro é um dos jogadores que mais exalam confiança em toda a classe, superando o óbvio. Desde que acompanho, tem na sua defesa de perímetro uma característica marcante, mas vem crescendo bastante na versatilidade em pontuar. No último ano pra cá, Didi já demonstra mais destreza em floaters, arremessos saindo do drible, contestados e em movimento. Sua evolução ofensiva vem sendo constante e veloz, evidenciada por uma apresentação sólida e muito eficiente na Summer League. A Austrália vai ser um passo importante para ganhar mais físico e entender melhor a língua, para que cresça com as contribuições de técnicos e veteranos. Sua bagagem de profissional no Brasil ainda vai lhe render muita vantagem na maneira de pensar o jogo, mas quando solidificar ainda mais seu jogo, terá uma carreira sólida pela frente.
Comparação: Fusão do Dragon Ball entre Danny Green e Jaylen Brown após uma belíssima feijoada.

22 anos. 2,03m. 94kg. Envergadura: 2,03m (Gonzaga)

Brandon Clarke (PF/C — Memphis Grizzlies)

Esse é até um pouco óbvio, mas não podemos omitir. Dissemos e repetimos: Clarke é o prospecto mais pronto da classe. O “big” man foi o melhor defensor da NCAA na temporada, campeão e MVP da Summer League e está no plantel do Canadá para a Copa do Mundo. Ele é muito bom pra ser calouro e, mesmo sendo um dos mais velhos da classe (completa 23 anos em setembro), não deveria ter caído tanto. Aliás, já que caiu para o Memphis Grizzlies, tá ótimo. Poucos times ofereceriam um fit tão perfeito. É o jogador ideal para a posição 5 na era do small ball e o combo com o também maravilhoso Jaren Jackson Jr tem tudo pra ser perfeito. Dois versáteis defensores de garrafão que podem alternar posições entre si e inclusive criarem um para o outro. Gosto sempre de falar que ele tinha um dos arremessos mais feios da história em St Jose State, melhorou em Gonzaga e agora na NBA já tem uma mecânica bem mais aceitável, o que demonstra que, mesmo tendo uma idade mais avançada, ele é um jogador com sede pelo aprendizado. Já tem um aproveitamento de perímetro bem mais consistente e promete, em breve, ganhar o respeito de marcadores como espaçador de quadra.
Comparação: Shawn Marion jovem, Pascal Siakam.

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