Driblar, passar, arremessar e… rimar
Conheça jogadores da NBA que são bons em quadra — alguns nem tanto — e também nos estúdios
por Jhonatas Volkov e Tácio Magalhães
O racismo tornou recorrente a expressão “rap or go to the league’’ no cotidiano de jovens negros nos Estados Unidos, pois, devido à segregação e a desigualdade racial existente, era imposto a esses jovens a ideia de que eles só alcançariam o sucesso através da música, ou sendo um atleta. Sendo o basquete o esporte mais popular nas periferias, e o hip-hop o movimento cultural capaz de expressar as manifestações artísticas desse povo, a ligação entre essa cultura e o esporte, então, torna-se evidente.
Entretanto, a maior liga de basquetebol no mundo, a NBA, tinha uma cultura predominantemente branca e elitizada, na qual os negros não tinham espaço de demonstrar quem realmente eram e o que os representavam. Essa foi a realidade até a chegada de um nome especial na liga: Allen Iverson. A influência de “The Answer” vai muito além das quadras — e olha que ele era um baita jogador -, porque ele unicamente transformou o modo de se expressar dos jogadores. Iverson ia para os jogos em camisetas XXL, correntes de ouro ao redor do pescoço, tranças e inúmeras tatuagens à mostra, além de soltar umas rimas. Ele estava simplesmente mostrando quem era e de onde veio. Para saber mais dessa relação entre o hip-hop e a NBA, dêem uma olhada aqui.
Com o notório impacto representativo do “The Answer”, o espaço foi aberto para que os astros negros da liga se expressassem da forma que bem entendessem. Seja através do jogo, na maneira de agir e se comportar, com roupas, penteados e até mesmo nas suas relações extra-quadra. Tudo isso diz muito sobre a mudança que Allen Iverson promoveu, fazendo com que a música também entrasse no jogo. Why Not?
Hoje, os grandes exemplos desse envolvimento entre música e jogadores da liga são Damian Lillard, Victor Oladipo e Iman Shumpert. São desses caras que vamos falar aqui. Confira agora os jogadores da NBA que também mandam muito bem nos seus sons.
Damian Lillard
Que Dame D.O.L.L.A — Different On Levels the Lord Allows — é um jogador diferenciado, todos sabemos. Liderou o Portland Trail-Blazers a uma pós-temporada muito além das expectativas neste ano de 2019, perdendo para os Warriors na final de conferência. E bom, ele talvez seja a melhor representação do tema desse texto, já que o atleta-cantor de Oakland já tem 3 álbuns em seu currículo e entre seus feats temos nomes como: Lil Wayne, 2 Chainz e Jeremih.
Confiram os sons do Dame no Spotify no link a seguir:
Victor Oladipo
MIP da temporada 2017–18, Oladipo tem uma das mentalidades mais interessantes e bonitas da liga que só não supera sua estupenda voz. Juntamente com Dame, o armador do Indiana Pacers tem a carreira musical mais prolífica e regular entre os jogadores da atual NBA. Victor solta sua linda voz em um marcante e envolvente R&B, com dois excelentes projetos já lançados e mais de 4 milhões reproduções das suas love songs no Spotify. Várias delas contam com participações de diversos artistas já consagrados na indústria como 2Chainz, Trey Songz, Tory Lanez e PnB Rock.
Aqui vai o link de um dos seus melhores sons do recente projeto intitulado ‘V.O.’ lançado no ano passado:
Iman Shumpert
O ala-armador dos Rockets, ̶t̶a̶m̶b̶é̶m̶ ̶c̶o̶n̶h̶e̶c̶i̶d̶o̶ ̶c̶o̶m̶o̶ ̶e̶s̶p̶o̶s̶o̶ ̶d̶a̶ ̶T̶e̶y̶a̶n̶a̶ ̶T̶a̶y̶l̶o̶r̶, é outro que também se arrisca nos microfones. As más línguas inclusive dizem que a dedicação atrapalha seu desempenho em quadra. Dentro da sua discografia temos três mixtapes compartilhadas no SoundCloud, no seu canal do YouTube, e também alguns singles disponíveis no Spotify. Ademais, Iman também já revelou ter centenas de músicas gravadas e que nunca foram ao ar.
Confiram o canal dele no YouTube que contém diversas músicas:
Lou Williams
Sweet Lou também já apostou na carreira de rapper, e isso aconteceu quando ele ainda era do Philadelphia 76ers, equipe na qual foi pupilo de Allen Iverson — sim, ele mesmo — e onde foi draftado. Em Philly, Lou fez uma grande amizade com Meek Mill, grande rapper da região, cujo incentivo foi fundamental para que Williams começasse a rimar. Os dois produziram e rimaram em duas músicas. Uma delas, inclusive, conta com a participação do 2 Chainz. Se liguem nelas:
Andre Drummond
O pivô dos Pistons é um pouco mais underground na cena do rap, mas nem por isso ele faz feio. Atendendo pelo nome gangsta-artístico Drummxnd, Andre já postou uma mixtape, “FYI”, no Spotify, bem como aparece em diversos feats. O Big Penguin — sim, esse é o apelido dele — também participou de um freestyle convidado pelo rapper Nate Nixen, de Detroit, e mandou um flow daora demais. Curtam nos links abaixo a mixtape e o freestyle do Dre:
Bônus:
Lonzo Ball
Marvin Bagley (já até mandou diss pro Lillard)
Shaquille O’Neal
Metta World Peace
E ele: Allen Iverson