O Confronto Final

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7 min readFeb 2, 2019
Photo: USA TODAY Sports

Por @GuileMurozaki
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Nesse domingo, teremos o Super Bowl LIII entre Los Angeles Rams e New England Patriots. Dois anos atrás, as situações de ambas as equipes eram completamente diferentes. O time de Massachusetts se preparava para o Super Bowl LI, no qual conseguiria uma virada épica e se consagraria campeão da NFL pela quinta vez; enquanto a equipe de L.A. estava numa situação completamente perdida, com um quarterback jovem parecendo bust e sem escolha de primeira rodada, mesmo depois de ter a quinta pior campanha e o pior ataque da liga. Dois anos depois, dá pra se dizer que, apesar de tão próximos, ainda são equipes e principalmente trajetórias diferentes.

As Histórias

O time de New England está indo para seu terceiro Super Bowl, mesmo com polêmicas envolvendo o time. Explico: Toda a situação da troca de Jimmy Garoppolo pro 49ers, vários rumores de insatisfação e aposentadoria para Brady e Gronk, Josh Gordon saindo do time na reta final da temporada por problemas com drogas. Além disso, é um roster que, no papel, está longe de ser o melhor da liga. Mas mesmo assim, é um time com um espirito de vitória gigante, que cresce em momentos extremamente decisivos e tem playmakers que parecem ser predestinados para momentos como a pós-temporada. É o caso de Danny Amendola nos anos anteriores, Sony Michel, Julian Edelman e obviamente Tom Brady.

Já o Rams mudou completamente desde a chegada do head coach Sean McVay, em janeiro de 2017. A brilhante mente ofensiva transformou Goff de péssimo quarterback para um que, mesmo com problemas nos últimos jogos, teve uma curva de crescimento gigante desde a temporada passada, jogando num nível altíssimo durante boa parte desse ano. Aliado a isso, ele ajudou a converter Todd Gurley no melhor running back da liga e no “Offensive Player of the Year” da temporada 2017. O time que num ano teve o pior ataque da liga, no ano seguinte teve o melhor. Após cair no wild card em janeiro de 2018, o time investiu muito pesado na offseason: Trocou por Aqib Talib, Marcus Peter e Brandin Cooks, assinou com Sam Shields e Ndamukong Suh e renovou com Todd Gurley e Cooks em contratos gordos. Além disso, nos meses seguintes, o time tornaria Aaron Donald o jogador defensivo mais bem pago da liga e trocaria pelo Dante Fowler Jr.

Photo: Kirby Lee/USA TODAY Sports

Ambas as equipes foram muito bem na temporada e conseguiram a bye week no Wild Card. No divisional round, o Rams conseguiu impor um jogo corrido e passou pelo Dallas Cowboys por 30x22, enquanto a equipe do Patriots não teve muitas dificuldades contra o badalado Los Angeles Chargers, vencendo por 41x28. Já nas finais de conferência, tivemos pela primeira vez na história ambos os jogos indo pra prorrogação. Na NFC, tivemos a polêmica e absurda marcação errada contra o Saints, mas é injusto definir o jogo apenas a isso. Foi uma partidaça, com John Johnson interceptando Drew Brees na prorrogação e o kicker Greg Zuerlein acertando um foguete de 57 jardas que mandou a equipe da Califórnia para a final da NFL. Já em um jogo de ataques no Arrowhead, Brady comandou um grande drive inicial no overtime, que terminou com touchdown e o time indo para o Super Bowl.

O Embate

Nesse Super Bowl, muito está sendo comentado de como será um embate de gerações, o que é completamente verdade. Não só temos uma diferença de 17 anos entre os quarterbacks titulares, como há uma diferença de 33 anos entre os treinadores. Só esses dois fatos deixam claro o porque de ressaltarem tanto esse combate de gerações diferentes. Temos no Rams de Sean McVay uma equipe com conceitos ofensivos inovadores, modernos e muito bem executados. Já nos Patriots de Belichick, há uma equipe extremamente experiente que contém o maior técnico da história.

Em campo, o Rams é uma equipe que tem o ataque montado a partir de seu jogo corrido. Todd Gurley é o melhor jogador ofensivo da equipe e teve novamente teve um ótimo ano, mas não estava 100% nos dois jogos dos playoffs, até aqui. Caso ele venha saudável para a final, Patriots tem que focar em anula-lo. A linha ofensiva do Rams (Que é a mesma desde a semana 1) teve uma excelente temporada — principalmente com corridas — então é essencial que o jogo terrestre seja estabelecido. Além de ser uma arma terrestre, Gurley também sai do backfield e é um bom recebedor, então o Pats precisa ficar de olho, pois se mandar um linebacker num 1x1 contra ele, possivelmente será um grande mismatch e o RB vai queimar o LB.

Photo: Wally Skalij/Los Angeles Times

Além disso, o Rams necessita disso para conseguir estabelecer o play-action. Apesar de contestado, é inegável o sucesso da equipe de L.A. quando se trata desse quesito e as estatísticas são impressionantes. O Rams é a equipe que mais usa o play-action, englobando aproximadamente 34% dos dropbacks do Goff (mais de 4% de diferença pro segundo colocado). Apenas 2 das 12 interceptações vieram nesse tipo de jogada, com uma média de 10 jardas por passe. Apesar da equipe de New England vir preparada para neutralizar isso, ainda assim é algo em que LA tem expertise e que, se bem executado, vai mudar o jogo a favor do Rams, ajudando-os a ganhar território longo.

Do lado defensivo, o Rams tem possivelmente a defesa com os melhores nomes na liga, e que realmente foi muito bem esse ano. Na linha defensiva, o time precisa que Aaron Donald funcione. O defensive tackle vai receber bloqueio duplo em 99,9% das jogadas de passe e, pensando nisso, ele provavelmente vai jogar da 3-tech até a 1-tech, atuando tanto no ombro externo do guard até de frente com o center. Por esse bloqueio duplo no Donald, é necessário que o Suh tenha um impacto gigante no jogo, justamente por ser o outro interior DL e estar tendo uma boa pós-temporada. Suh necessita ser posicionado o mais próximo possível do Brady, possivelmente em um 1-tech. Com Donald tendo bloqueio duplo, abre mais espaço para Suh e tê-lo praticamente de frente com o QB adversário, com um OL o bloqueando, pode ser fatal. Se tem uma maneira de derrubar o Patriots, é com um bom pass rush batendo no Brady, coisa que o Rams é capaz.

Photo: Matt Slocum/Associated Press

Falando do Patriots, vamos começar pelo ataque: O foco precisa ser parar o Donald. O time provavelmente vai procurar jogadas de corrida por dentro da linha ofensiva evitando o DT, como trap, e por conta da velocidade e explosão dele, correr por fora da OL não pode ser a melhor decisão do universo. Sony Michel faz uma excelente pós-temporada e tem uma ótima leitura dos bloqueios internos, então correr por dentro é o primeiro passo que o Patriots precisa ter. Além disso, pela ótima DL do Rams, o Pats pode possivelmente tentar passes de curta a média distância pra soltar a bola rápida. Isso pode acontecer com o James White sendo uma arma dupla e saindo do backfield pra receber passes e com o ataque super lotando o meio de campo, procurando encontrar espaços entre os linebackers, com conceitos como shallow cross ou drive, conectando com slot receivers como Edelman e Hogan. Com esses passes gastando tempo e acionando diversas armas, o time pode esticar o campo com big-plays através do play-action.

No lado da defesa, como foi citado, o ataque do Rams vai tentar por tudo que é sagrado estabelecer o jogo corrido. Apesar de deixar a secundária mais exposta, lotar o box pode ser um caminho inicial prevenindo C.J. Anderson, que depende de um bom funcionamento da OL. Já Gurley, por ser mais versátil, necessita do miolo defensivo do Patriots se encaixando e de algum DB saindo para o cobrir quando ele se armar como recebedor. Para defender o passe, acredito que a defesa vai focar em colocar seu melhor cornerback (Gilmore) num 1x1 contra algum WR de escolha deles (Pode ser o Brandin Cooks ou Robert Woods). No outro WR, eles podem colocar dupla marcação com o safety atuando com o corner, deixando o receiver com pouquíssimo espaço. Nisso, se bem sucedido, a defesa já anulou os 2 melhores recebedores da equipe adversária.

Considerações Finais

Depois de tudo o que foi falado, dá para entender porque tem tudo para ser um jogo tão bom. São muitas narrativas que estarão em campo nesse domingo, e sem dúvida alguma, qualquer que for o campeão será merecido, pois estamos falando de duas equipes fantásticas. Agora, sem tentar adivinhar placar e sem ficar em cima do muro, aqui vai minha aposta:

Campeão do Super Bowl LIII: Los Angeles Rams

MVP do Super Bowl LIII: Jared Goff (QB, Rams)

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