Oito Maneiras de Perder um Free Agent

Por incrível que pareça, as comédias românticas podem nos ensinar muito sobre a offseason da NBA. Estamos prestes a ouvir muito sobre as reuniões entre times e jogadores. Mas para cada Hamptons Five, há alguém que quebra a cara, como Lakers-LaMarcus. Eis o que não fazer na Free Agency.

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10 min readJun 27, 2019

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Getty Images/Ilustração de ringer.com

Traduzido por @rafcl. Texto original de Haley O’Shaughnessy, da The Ringer.

Ao contrário de Kate Hudson, no fim do filme How to Lose a Guy in 10 Days (2003), eu não estou escrevendo essa coluna porque estou apaixonada. (Embora eu, como muitos outros, tenha uma paixão de longa data pela envergadura.) No filme, a jornalista e fã do Knicks, Andie Anderson (Kate Hudson), recebe uma nota sobre o que não fazer nos primeiros estágios de um relacionamento, um guia para aos que já foram abandonados e desiludidos amorosamente. No mesmo dia, ela conhece Benjamin Barry (Matthew McConaughey), um publicitário e fã do mesmo Knicks. Eles começam a namorar imediatamente; Benjamin é, obviamente, alheio ao fato de que ele é a musa de Andie, que ela está intencionalmente tentando terminar o relacionamento, e que os Knicks irão terminar com um record de 17–65 em 2018–19.

Nos 10 dias seguintes, Andie tenta de tudo — um show da Celine Dion, terapia de casais, um álbum de como serão seus futuros bebês —tudo para assustar Ben, mas sem sucesso. De maneira chocante, nossos dois atraentes protagonistas se apaixonam. Andie escreve sua coluna, “Como perder um cara em 10 dias”, para confessar seus sentimentos. Um final feliz, se a gente não levar em conta infindável seca de Playoffs do Knicks.

Dezesseis anos e muitas temporadas da NBA depois, finalmente estou pronta para admitir a verdade: Andie não deu o seu máximo. Seus esforços mais assustadores e esquisitos não chegam nem perto do que as franquias da NBA fizeram e disseram em reuniões de Free Agency. Em 2015, por exemplo, os Clippers mantiveram DeAndre Jordan como refém até ele assinar contrato à meia-noite. Duas temporadas depois, eles literalmente ergueram um labirinto dentro do Staples Center, que Blake Griffin teve que percorrer para chegar à sua reunião, que começou com uma cerimônia falsa da aposentadoria de sua camisa. Esses lances estranhos não são novos, nem exclusivos do Clippers, abençoados sejam; em 2001, o dono do Kings, Joe Maloof, lançou um outdoor na I-80 em Sacramento — avenida que Chris Webber costumava voltar no caminho para casa— prometendo “cortar a grama do seu gramado se você ficar”.

Todos os três — Jordan, Griffin e Webber — renovaram o contrato. (Pelo menos para Jordan e Griffin, ficar em Los Angeles também significava receber mais dinheiro do que qualquer outra organização poderia oferecer). Mas para cada discurso de Free Agency que dá certo, há de três a cinco tentativas fracassadas de outras franquias. Alguns são aceitáveis, alguns parecem carentes, alguns mostram desespero e outros são…perturbadores.

A classe de agentes livres de 2019 é carregada de talento. Antecipando as badaladas reuniões que se avizinham, estou revisitando a coluna de Andie sobre o que não fazer quando você está interessado em alguém (com menos romance e mais toque de bola, dessa vez). Veja como perder um Free Agent em uma reunião, com base em encontros passados. Prometo que estas são histórias verdadeiras — elas são um pouco assustadoras, mas não deixam de ser otimistas:

1. Não Fale Nada De Basquete. Tipo, Literalmente Nada: LaMarcus Aldridge se reúne com o Lakers, 2015

As ideias de convencimento de Byron Scott e Mitch Kupchak com Aldridge não eram exatamente assustadoras, mas não tinham nenhuma clareza. Aldridge passou de um impressionante encontro analítico com os Rockets, para a apresentação do Lakers…que não teve quase nada a ver com basquete e tudo a ver com a localidade. Eles tentaram usar influência e marca como isca, bombardeando Aldridge com os benefícios de estar em Los Angeles. (Pense em uma apresentação de timeshare, mas com Kobe querendo a metade. Ou três quartos. Ele nunca foi muito bom em compartilhar.)

Como vocês podem imaginar, para um jogador de basquete em busca da melhor oportunidade de jogar basquete, falar de basquete era importante. Para o jogador de basquete. Que joga basquetebol.

“Eu estava tentando fazer mais perguntas relacionadas ao jogo”, disse Aldridge, após sua primeira temporada como membro do San Antonio Spurs. “As coisas que eu queria saber, entender, eram sobre basquete. […] tentei trazer de volta para o esporte algumas vezes.”

Mas, ei, Scott definitivamente aprendeu sua lição: “A maioria desses caras quer conhecer a parte do basquete. […] Acho que descobrimos por um grande jogador que ele estava mais interessado nas coisas da quadra do que em qualquer outra.”(Scott, que foi demitido no seguinte mês de abril, nunca teve a chance de testar essa icônica “conversa de basquete”.)

2. Faça O Free Agent Imaginar Que Ele É Um Mafioso: LeBron James se reúne com os Knicks, 2010

Nova York teve alguns desentendimentos com LeBron. Em 2010, o Heatles já havia se formado, não oficialmente, no momento em que ele falou com a equipe. O prefeito Bloomberg até tentou recrutar LeBron, mas apenas para ser superado por um fã dos Bulls, o presidente Obama.

“O prefeito de Nova York é…ele é ótimo. Quero dizer, ele fez algumas coisas ótimas”, disse LeBron. “Mas, sabe…também tinha o presidente dizendo…pô, vá para Chicago.” (Deixa eu dizer algo sem realmente dizer nada: eu sempre achei que LeBron tinha um futuro na política).

A reunião real, no entanto, estava sob o controle da diretoria, mas não necessariamente em seu território. Representantes do Knicks voaram para Cleveland para o encontro. E antes que os diretores novaiorquinos conversassem sobre qualquer coisa — como dito anteriormente, o muito importante basquete — , eles mostraram a LeBron um episódio de The Sopranos. Especificamente o final da série, mas com algumas revisões importantes. Do relatório da ESPN na época:

“Tony não foi morto por David Chase, afinal. Ele criou uma barba e morava com a esposa, sob o disfarce do programa de proteção às testemunhas. Ele estava dizendo a Carmela que tinha um amigo importante vindo à cidade. Um amigo que precisava de um lugar para ficar. Um amigo chamado LeBron James. Carmela escaneou seu computador em busca do local ideal no centro da cidade, e quando ela disse a Tony que encontrou o lugar certo para um homem da estatura de James, a cena final não foi tão boa quanto a original.”

(Spoiler: o lugar era o Madison Square Garden.) Fofo. Mas vamos falar dos furos da trama. É irresponsável sugerir que a proteção de testemunhas teria enviado Tony ao centro de Nova York; é muito próximo de sua antiga residência em North Caldwell, New Jersey. Que tipo de conexões Tony ou Carmela teriam com o MSG, que teriam permitido que LeBron ficasse lá por algumas semanas? Você deixaria um “amigo importante” dormir deitado na quadra? Carmela por acaso tem algum preconceito com gente alta?

3. Desrespeite Os Jogadores Atuais Da Sua Equipe, Parte I: Carmelo Anthony se reúne com os Rockets, 2014

Parte de qualquer lobby moderno por uma contratação é a ‘decapitação’. Monte a cabeça de um agente livre no Photoshop e coloque na camisa que você espera que ele use na próxima temporada. Fãs fazem isso; departamentos de marketing fazem isso. Mas quando Houston montou uma imagem de Carmelo Anthony em uma camisa do Rockets em 2014, eles photoshoparam o rosto dele na camisa 7 — o número de Jeremy Lin, na época.

Para ser justo com os Rockets, Melo usou a 7 nos últimos quatro anos, nos Knicks. Era o seu número, e o objetivo era que Melo pudesse se ver em Houston. (Para ser justo com Lin, Melo também usou o número 15 nos primeiros oito anos de sua carreira em Denver. E nem houve jogador usando a 15 no Rockets em 2013–14.)

Lin, que estivera em rumores de troca durante toda a temporada, ficou chateado com isso (tipo, chateado ao ponto de twittar versículos da bíblia). Tinha uma história entre os dois. Quando o Rockets ofereceu a Lin um contrato de US$ 25 milhões por três anos em 2012, deixando o Knicks decidir se igualaria, Melo denominou de “contrato ridículo”. Ainda era um confronto muito público, até porque o Houston não foi nada reservado sobre os próprios negócios; O GM Daryl Morey chegou a explicar aos repórteres os cinco principais focos da Free Agency do Rockets antes da abertura do mercado. Ironicamente, o quarto princípio de Houston era “a conexão com a China”, que pretendia atrair jogadores que aumentassem seu alcance internacional. “As pessoas em toda a Ásia amam nossa equipe”, disse o CEO Tad Brown. “Isso começou com o Yao e continuou com os grandes jogadores que tivemos. Todos os nossos jogos são transmitidos na China e na Ásia. ”

Melo também poderia ter feito parte da “conexão com a China”, se ele tivesse assinado e se Houston não já tivesse trocado Lin — um sino-americano de descendência taiwanesa — para abrir espaço para o contrato de Anthony.

4. Desrespeite Os Jogadores Atuais Da Sua Equipe, Parte II: Kevin Durant NÃO se reúne com o Wizards, 2016

Apesar dos anos de preparação e limpa do Cap Salarial; apesar dos Wizards terem contratado seu ex-treinador de basquete do ensino médio e seu ex-treinador da NBA; apesar dos fãs criarem sites, camisetas e uniformes personalizados com o lema KD2DC; Apesar dos banners, ovações de pé e uma previsão do tempo durante o jogo na qual o meteorologista “implorou” a Durant que voltasse para casa, Washington nunca teve uma reunião com Durant em 2016.

“Foi meio desrespeitoso, na minha opinião”, disse Durant sobre sua recepção no Verizon Center em 2015, “porque você já tem uma ótima equipe lá, que merece seu total apoio de 100%. E eu não gostaria disso se estivesse nesse time. E eu não gostei disso.”

5. Menospreze A Importância Da Família: Tim Duncan se reúne com o Magic, 2000

Era 2000. Tim Duncan tinha 24 anos, e depois de três anos com o Spurs, estava considerando uma mudança. Orlando levou Duncan para a cidade. Outdoors com ele e Grant Hill vestindo uniformes do Magic espalhavam-se pela metrópole. A Spaceship Earth do Epcot, também conhecida como a Bola de Golfe, acendeu para dizer “Grant Us Tim”, um slogan bem normal e nem um pouco estranho usado para recrutar Hill e Duncan ao mesmo tempo. (Funcionou em Hill. Quase funcionou em Duncan também, que admitiu em 2010 que “chegou perto de sair do Spurs. Bem perto”).

De volta à visita de 2000: Durante o jantar, alguém no círculo de Duncan perguntou se as esposas eram permitidas no avião da equipe. O treinador principal, Doc Rivers, disse que não. De acordo com Hill, toda a energia na mesa mudou, e é por isso que Duncan nunca assinou com o Magic.

Eu não estou dizendo que a lição aqui é mentir, porque Doc não precisava mentir. Ele deveria ter mudado a regra ali, na hora. Ou comprar um jatinho particular pra então esposa do Duncan.

6. Diga Que O Objetivo Da Sua Equipe É “Dominação Global”: Dwight Howard se reúne com o Mavericks, 2013

Dwight tinha Dallas como destino muito antes de ele ser um agente livre em 2013. De acordo com um relatório de 2012 do Yahoo Sports, se sua troca de Orlando para o Lakers ou Nets não desse certo, o Mavericks seria sua primeira opção ao chegar na Free Agency. (Ele acabou sendo enviado de Orlando para Los Angeles naquele ano; tecnicamente, não deu certo.)

Dwight assinou com o Rockets em 2013. Talvez pra que ele pudesse jogar com James Harden ao invés de Jose Calderón; talvez ele estivesse cansado de usar azul royal; talvez tenha sido porque o Mavericks mostrou a ele um animação de baixa resolução com Mark Cuban fumando um charuto cubano e achou que isso iria convencer. O vídeo iniciou com uma escolha de fonte lamentável, manteve-se consistentemente piégas, então adotou um tom surpreendentemente ditatorial, terminando com a linha: “Ser um Maverick não termina com o Hall of Fame, ser um Maverick termina em [Dwight rasga sua camisa no desenho] dominação global!

7. Deixe Seu Vídeo De Convencimento Vazar De Antemão: Paul George não se reúne com o Lakers, 2017

Paul George nunca concedeu a Los Angeles uma reunião. Mas antes que ele tivesse a chance de recusá-los, o roteiro do vídeo que os Lakers estavam planejando mostrar a George vazou:

Quando você era apenas uma criança
No seu quarto
Sonhando de lá de Palmdale
Nós também estávamos sonhando.
Enquanto você sonhava, nós construímos — construímos para sua chegada
E enquanto nós sonhamos, você construiu também
Tornando-se um dos maiores do mundo.
O sonho mais poderoso da vida é aquele em que nos realizamos.
Os que nos transformam em lendas.
Aquele garoto de Palmdale sempre soube disso
Agora o mundo também saberá

Realmente não tão ruim assim! E talvez o vídeo pudesse ser eficaz, se fosse um dia produzido. De acordo com o relatório da Sports Illustrated que vazou o roteiro, a voz deveria soar “menos Morgan Freeman/Denzel Washington e mais Jamie Foxx”. Foxx é um dos atores favoritos de George (junto com Mark Wahlberg). (Seria mais divertido ouvir Wahlberg dizer “Palmdale”).

8. Traga Um Atleta De Outro Esporte; Coloque O Foco Inteiramente No Outro Atleta: Kevin Durant se reúne com o Celtics, 2016

Boston tinha uma surpresa à espera de Durant. Eles falaram com Deus e Deus concordou em falar com Durant. Então lá estava ele, editor do TB Times, deflator de portões, beijador de filhos na boca, o santo mais sagrado da Nova Inglaterra: Tom Brady, quarterback do Patriots.

Não sabemos exatamente o que aconteceu nessa reunião, mas sabemos que Durant não assinou com Boston no final. (Chocante, porque mais uma vez, Tom Brady, em carne e osso! TB12!) Ouvir Durant falar sobre a reunião dois anos depois, em 2018, é quase como se Brady… nem mesmo …fosse importante para ele?

“Foi legal, não me entenda mal”, disse Durant. “Mas tudo que eu queria saber era sobre basquete. Tipo, eu amo Tom Brady, mas não sei se ele pode me ajudar se ele estivesse na quadra comigo agora. Eu amo que as pessoas me queriam no time, mas ao mesmo tempo, eu só queria ouvir dos treinadores e jogadores sobre o que eles precisavam, ou por que eles me queriam no time e o que eu precisava fazer como jogador. ”

Então Durant queria falar sobre basquete. Interessante. Um pouco óbvio, mas interessante. Ainda assim, ambos os lados parecem satisfeitos com o resultado. Durant ganhou dois títulos, e Danny Ainge e Brad Stevens conseguiram passaram um tempo com Tom Brady.

“Foi divertido estar perto de Tom. Eu acho que isso teve algum impacto no KD, com certeza, mas o quanto, eu não sei “, disse Ainge alguns dias depois da reunião.

“Ele realmente parecia ser um cara normal”, disse Stevens. “E eu fiquei realmente impressionado com ele.”

(Ele não estava falando sobre Durant.)

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