STICKASSONGS #1: Em “Rap Or Go To The League”, 2Chainz esbanja conhecimento e maturidade em seu melhor projeto até agora

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4 min readMar 12, 2019

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Por Luan Fazio

A primeira resenha do #STICKASSONGS não poderia ser com um álbum mais apropriado. Discussão social e racial, vivências e referências ao esporte (especialmente com o basquete) não faltam no quinto álbum de 2Chainz. Em “Rap or Go to the League”, o rapper de Atlanta traz o seu trabalho mais sólido até agora, oferecendo uma produção de qualidade, participações de peso e claro, o mais importante, ótimas rimas.

O álbum que conta com ninguém menos que LEBRON JAMES (!!!) em sua produção executiva, traz como seu tema principal, como o próprio título diz, a relação do jovem negro com as suas escolhas (ou opções de escolha) vindo das quebradas americanas. Para 2Chainz, muitas vezes os dois únicos caminhos de sucesso apresentados para essa parcela da população envolvem ser atleta das grandes ligas, ou fazer rap. Entretanto, como é exposto ao longo do projeto, muitos desses jovens acabam caindo em uma terceira opção: o crime.

No caso, esse conceito se aplica perfeitamente à 2Chainz, que jogou basquete no high school e college, mas por fim, acabou seguindo na carreira de rapper. No caso da terceira opção, não é novidade para os fãs que, em certo momento de sua vida, 2Chainz também se envolveu na venda de drogas, algo que ele deixa claro diversas diversas vezes ao longo desse projeto. No verso da primeira track, “Forgiven”, essa relação fica explícita: “In the dope game, tryna reach my peak and go undefeated, / I pleaded with the judge, this my first offense, high school b-ball, I’m tryna get a scholarship” (No jogo do tráfico, tentando chegar ao auge, invicto/aleguei ao juiz que era réu primário, jogador do high school, tentando uma bolsa de estudos).

Em seu trabalho mais sóbrio e maduro até aqui, Tittyboi mostrou que nesses 10 anos de estrada no rap, sua evolução musical e pessoal foi constante. Enquanto, no passado, Chainz ficou conhecido por suas rimas extravagantes e hilárias, sempre contendo os assuntos ‘padrão’ de rap (mulheres, drogas e dinheiro), no caso de “Rap or Go to the League”, esse conceito é deixado de lado por um momento para discutir alguns temas mais relevantes ou ‘woke’. Isso não é necessariamente negativo, depende muito de ouvinte para ouvinte, mas para mim, essa mudança foi muito bem-vinda. 2Chainz é um veterano da indústria, já estava na hora de ele agir como tal.

Sobre as participações, 2Chainz não poupou fogo. O projeto conta com grandes e conhecidos nomes como Kendrick Lamar, Chance the Rapper, Lil Wayne, Travis Scott, Young Thug, Kodak Black, Ariana Grande, Ty Dolla $ign e E-40. Pela enorme quantidade, os feats teriam a missão de complementar 2Chainz e não roubar a cena e pode-se dizer que, em geral, foi um sucesso. Travis e Young Thug trazem a energia e estética esperada deles. Kendrick teve a sua primeira participação de 2019 e se apresentou de uma forma inédita, muito mais ‘estranha’ e ousada do que no passado, sendo complementado muito bem pela produção impecável de Pharell na música “Momma I Hit a Lick”, que já soa como um hit instantâneo.

Em geral o projeto é muito fluído e divertido. Nas músicas solo, 2Chainz dá conta do recado e não tenta fugir da sua zona de conforto. Músicas como “I Said Me” e “Threat 2 Society” mostram um pouco do poder de Chainz em contar uma história de forma interessante e confiante. Em “NCAA” recebemos a entrega contagiante e uma perspectiva muito bem-vinda sobre toda a discussão envolvendo a NCAA e o fato de os atletas não ganharem um centavo para jogar, mesmo já se sabendo que rendem milhões para as universidades. 2Chainz pode, como poucos na indústria da música, falar com propriedade sobre essa relação predatória.

Já a produção é muito mais cara e minuciosa do que em seus últimos projetos. A atenção dada para as músicas é perceptível e nada parece apressado. A predominância dos ritmos de trap em seu último álbum foi substituído (ou mesclado) com instrumentais lindos que criam uma atmosfera que acompanha bem os flows de Chainz.

Mas claro, nem tudo são rosas. Como é padrão para seus àlbuns, 2 Chainz acompanha os pontos altos com alguns pontos baixos, ou melhor, desnecessários. Músicas como “Sam” e “Rule the World” com Ariana Grande não acrescentam em nada na experiência, para não dizer que são tediosas.

Para resumir, 2Chainz tem em “Rap or Go the League” o seu melhor projeto até agora. Mesmo quando comparado com seu último projeto, “Pretty Girls Like Trap Music”, um favorito meu e sucesso de vendas, é possível perceber uma melhora em todos os quesitos. A produção e as participações ajudam no conceito proposto e, apesar de alguns momentos ‘menos memoráveis’, o resultado aqui é extremamente positivo. Com certeza estará na minha rotação pelo resto do ano. Que em 2019 os artistas continuem nessa onda de trazer pro mainstream um pouco mais de substância em suas rimas

Pontos altos: I Said Me, Momma I Hit a Lick, Forgiven.

Pontos baixos: Rule the World, Sam

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