O Complô Cibernético Dos Bots Para Assassinar o Teclado.

Voz, Videos E WiFi, A Nova Era Mobile

fernandodineli
Strategic Powerhouse
6 min readAug 8, 2017

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O Fim Do Predomínio Da Linguagem Escrita.

Tempo em anos que cada produto levou para chegar em 50 milhões de usuários.

É só olhar para a velocidade de adoção de alguns produtos que constatamos que o Mobile está devorando o mundo. Sua principal força, a velocidade de adoção.

Na disputa deste mercado a questão não é mais se as pessoas vão ou não utilizar smartphones, mas sim como garanto minha fatia da já disputada atenção do público.

Neste contexto nos últimos anos vem tomando forma um complô para um assassinato. Assistentes de voz alimentados por inteligência artificial dos principais sistemas operacionais e serviços dominantes, como a Siri da Apple; Cortana da Microsoft, Alexa da Amazon, e o inominado assistente de voz do Google, presentes nos mais diversos equipamentos como smartphones, tablets, notebooks, televisores, consoles, reprodutores de mídia digital, relógios, caixas de som inteligentes — para citar apenas alguns — lideram este plano de assassinato cibernético, sendo que inúmeras startups do mercado de software e hardware também estão desenvolvendo “parceiros” para esta trama.

O objetivo de todos: assassinar a digitação.

Se a tempos atrás esta proposta macabra de matança podia causar indignação ou repulsa, hoje devido a capacidade de conexão e massiva demanda por integração agora clamam — como na roma antiga, que Júlio Cezar deve morrer. O reinado do teclado foi frutífero e duradouro, sendo desde do início da revolução da informática a interface de comando por excelência, bom não mais. Como fizeram os 60 senadores que esfaquearam Cezar, os bots digitais agora dizem que para o bem da República Digital o teclado deve morrer.

De minha parte tinha um certo apego pelo teclado, mas confesso que ela é decorrente mais de minha familiaridade com ele do que sua funcionalidade. O teclado hoje é um atavismo. Para se ter ideia o onipresente teclado do tipo QWERT, esse que ai no seu notebook e o padrão do teclado virtual do seu smartphone, foi desenvolvido com um propósito: tornar a digitação mais LENTA. Na época das máquinas de escrever, as teclas, dispositivos que acionavam hastes mecânicas que carimbavam as letras no papel, se encavalavam e então era necessário desenvolver um teclado que desacelerasse a digitação. A razão de o usarmos até hoje é um mistério.

Esta é uma morte anunciada, não sou só eu que vejo os sinais desta “traição” que se desvela. Vou citar aqui 3 fontes distintas e recentes que pra mim que apontam o surgimento de um novo imperador, e os consequentes rumos para o Brasil nos negócios.

Vim, vi e venci.

Caesar is murdered by historical mob, but also by a giant R2-D2-esque robot, Benjamin Schwartz, New Yorker, 20/05/2013

Trabalhando em um planejamento para um cliente que é uma plataforma de BI (Business Intelligence), um software extremamente técnico, me deparei com uma nova funcionalidade que integra a plataforma de BI com a Alexa da Amazon. Veja o prenuncio, uma solução corporativa de classe mundial já está preparada para ser programada de maneira a funcionar por meio de comandos de voz, sem qualquer digitação no teclado.

Eric Bellman, jornalista do Wall Street Journal investigou a multidão de denunciou - O Fim da Digitação: O Próximos Bilhões de Usuários Mobile irão contar com Video e Voz. (The End of Typing: The Next Billion Mobile Users Will Rely on Video and Voice)

E para provar que o complô é mundial e também acontece aqui no Brasil, veja os agentes colaboradores em território nacional já agindo conforme indicam os resultados do último Relatório Mídias Sociais 360 do Núcleo de Inovação em Mídias Digitais da FAAP, onde também leciono. Na matéria publicada no Meio e Mensagem sobre o relatório, Marcas continuam usando mais fotos no Facebook é destacado o crescimento do uso de imagens e videos por parte dos anunciantes aqui no Brasil, ou seja, fornecendo cada vez mais conteúdo que não demanda o domínio da linguagem escrita, apoiadores do assassinos do teclado.

Todos estes exemplos sinalizam a morte (próxima) da digitação. A questão é traumática pois o reinado da digitação está arraigado. A título de exemplo, sempre que discuto o assunto com meus alunos nas aulas de Pós-Graduação em Comunicação e Marketing Digital e afirmo que o futuro é por voz, invariavelmente encontro resistência ao tema. Neste ambiente de discussão, graduados e pós-graduados, de classe econômica A e A+ ainda tem o texto como principal ferramenta de articulação do conhecimento e exercício da atividade profissional. Crescemos acostumados com interfaces que sempre privilegiaram o uso do texto com ferramenta de entrada principal, canetas, lápis, papéis, máquinas de escrever e teclados sempre foram dominantes em nossas vidas.

A linguagem escrita, por enquanto, ainda predomina. As ferramentas do dia-a-dia acadêmico e profissional, livros, blogs, provas, artigos, revistas, apresentações em slides, gráficos, planilhas, agendas de contatos, e-mails, páginas na internet, o próprio texto que você está lendo agora são o paradigma de quem produz (deveria ter gravado um video, mas acabei escrevendo um texto, para a velocidade do mobile sou jurássico). “O Imperador” não chegou a sua posição por nada, durante longos anos fomos duramente treinados para o uso de tais dispositivos. Nos foi e é constantemente exigido que sejamos letrados, impecáveis em nossos textos, uma pressão constante sobre produção e transmissão pela palavra escrita e a norma culta, estamos presos nesse paradigma.

O video da matéria do WSJ muda tudo na minha cabeça e me faz querer conspirar também. Pobres e analfabetos utilizando a internet via smartphone — um equipamento de segunda mão, não um aparelho vagabundo ou ruim, apenas usado — sem ter conta de telefone com uma operadora, conectados a internet pelo Wifi gratuito da estação de trem. Falando, ouvindo e vendo imagens, conectados e interagindo sem teclado, digitação ou leitura, é a multidão armada avançando em direção a César.

Pense no Brasil, na grande massa da população, na renda e formação médias, essas pessoas tem outro comportamento, talvez até você já esteja conspirando e nem saiba. Como você usa o tão amado WhatsApp, você digita ou grava e troca micro audios e micro videos?

Agora olhe para seu negócio, suas ferramentas, sua campanhas, seu site e seus APPs. Você com certeza vai encontrar elementos discrepantes com a realidade, coisas que não foram feito para a nova “República” sem teclado que irá surgir. Meu palpite é que essas discrepâncias devem ter ocorrido em razão de duas forças que apoiam César.

1 - Dissonância cognitiva entre as pessoas que produzem e as pessoas para quem vocês produzem. Você, seus superiores, seu time, seus fornecedores, que em seus repertórios tem por instrumento o texto, o teclado e a palavra escrita em contrapartida, seu público tem em repertório a predominância da linguagem oral e visual e não faz questão de utilizar o teclado.

2 - A falta de ferramentas para entregar uma experiencia mais adequada. Por adequado refiro-me ao que nos é natural. Seres humanos por definição são comunicacionais, desde de pequenino aprendemos a falar e nos expressar. Escrever exige estudo e treino, e não nos é natural.

As ferramentas não são mais uma desculpa pense no que precisa de ajuste e mão a obra.

Cezar está morto. Vida longa a Cezar!

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Enquanto isso no Facebook um amigo compartilhou a Matéria do WSJ e outro se engajou, rolou uma discussão muito rica sobre o tema, com pontos de vista bem diferentes e interessantes, confira e participe.

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A voz e a as imagens vão dominar, por isso eu e criamos a Planners Group, para ajudar os negócios nesse novo paradigma.

Para saber mais entre em contato: negocios@plannersgroup.com.br

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fernandodineli
Strategic Powerhouse

Marketing, Digital Mkt, Mobile Mkt Professor @FAAP, Strategy Planner, Marketing Expert