Sobre Publicitários e Putas
Em 2008 Vanessa Oliveira estava em evidência, na esteira de garotas de programa como Bruna Surfistinha que transformavam-se em produtos midiáticos expondo a realidade de sua vida profissional, Vanessa consolidava sua posição como consultora sexual.
Um dos produtos mais interessantes que gerou nesta época, em parceria com o publicitário Reinaldo Bim Toigo (diretor executivo da Brava Consulting), é o livro: Seduzir Clientes — o que todo o profissional pode aprender com uma garota de programa e um homem de marketing (traduzido para o espanhol).
No livro Vanessa descreve suas estratégias de comunicação, diferenciação de “produto”, promoções e estratégias de valor para seus serviços como garota de programa.
Mesmo sem os conhecimentos formais, Vanessa é de fato uma senhora profissional de Marketing, conseguindo internalizar de forma muito pragmática alguns conceitos que os chamados especialistas em marketing e comunicação tem dificuldade em compreender. No livro, conforme ela vai narrando sua prática destes conceitos, Reinaldo vai pontuando com o “valor acadêmico” os elementos aplicados.
Premissas como compreender desejos e necessidades dos clientes, ouví-los e diferenciação de oferta, são exemplificadas com a atividade profissional de Vanessa, numa forma surpreendentemente pedagógica. O livro vale a pena, nem que seja pelo divertido exercício interdisciplinar de encontro de duas categorias profissionais.
Passados quase dez anos de sua publicação é interessante ver o quanto evoluíram a prática profissional destas duas categorias.
Garotas de Programa 2.0
Na última década a “profissão mais antiga do mundo” evoluiu tremendamente no seu processo de prospecção, comercialização e oferta de serviços, de forma sem precedentes.
De uma atividade arriscada, restrita a exposição em locais insalubres, contatos pessoais, atravessadores, e um cenário geral de exploração, a prostituição por meio digital consolidou-se como um novo e lucrativo negócio.
Um dos mais afetados pela mudança foi o agenciador, imortalizado na literatura na figura da cafetina ou cafetão, as garotas de programa digitais (como grande parte do serviços 2.0) eliminou o atravessador, tornado se prestadoras de serviço e suas próprias agenciadoras. Na segurança e resguardo de seus lares, ofertam e gerenciam seus negócios. Segundo que alguns estudos indicam, atualmente 90% das profissionais da área angariam seus clientes por meios digitais.
Além de seus serviços consultivos estas garotas de programa 2.0 adquiriam uma gama de competências que vão muito além cama, e incluem a criação de blogs e páginas, a produção e direção de ensaios sensuais, organização de canais de vídeo com dicas, desenvolvimento de subcategorias de serviços (como o streaming de vídeos), e orientações consultivas. Juntando aos seus atributos naturais conhecimentos de programação, redes sociais, comunicação e otimização de buscas.
Em um movimento típico do universo digital, os clientes e as instâncias de consumo também mudaram, ao ponto de organizaram curadorias e raques acerca dos serviços ofertados por estas profissionais e desenvolverem aplicativos para “consumo” como o polêmico 99 models.
Há inclusive estudos acerca das instituições que facilitam a prostituição online e seus potenciais efeitos para o marketing, como o elaborado por Scott Cunninghan e Todd Kendalli para o Journal of Urban Economics: “Prostitution 2.0”.
Isentos de um julgamento de valor constamos que a categoria como um todo soube ajustar-se as mudanças, moldou seu perfil de serviços e continuou a perpetrar a criação de valor proposta pelo marketing como máxima.
Publicidade 2.0?
Extra oficialmente, em seus momentos de frustração, grande parte dos profissionais de publicidade reclama de estar recendo um tratamento semelhante a uma garota de programa por parte de seus clientes e empregadores. Talvez a solução seja de fato passarem a se comportar com tal.
A despeito dos penduricalhos tecnológicos e discurso que se traveste de modernidade, a estrutura de oferta de serviços das agências permaneceu quase inalterada na última década. Pautada num modelo de bonificação e agenciamento, o desenho publicitário permanece ainda na era da cafetinagem. O que não é surpresa, resulta na exploração de seus profissionais que sentem-se de modo geral insatisfeitos com esta relação. Jornadas de trabalho que adentram a madrugada, necessidade de satisfazer os mais bizarros desejos da clientela com um sorriso no rosto, e de modo geral, sendo tratado como opção para um “alivio rápido”, o mercado publicitário copiou o que há de pior do modelo “prostitucional”, que pode ser resumido com: “viver de joelhos e com gosto ruim na boca”.
Há alternativas para esta desintermediação? Sim. Já há ferramentas que permitem (a guisa do que fizeram as “colegas”) que os profissionais tornem-se senhores de seus próprios serviços, ofertem-no diretamente aos interessados e de modo geral a removam o intermediário do processo. É claro que ainda tem de ser um excelente profissionais naquilo que se propõe. Mas já há sinalizações do mercado neste sentido.
O movimento da P&G de corte de US$2 Bilhões em verbas de Marketing em direção a uma nova fase é um destes indicadores das mudanças em curso para os serviços de marketing de nossa era.
Outro debate quente em pauta que indica essas transformações é o das recomendações de agencias pensarem como consultorias e consultorias pensarem como agências. Penry Price no Advertising Age escreveu sobre o assunto em seu artigo:
Por que agências precisam pensar como consultorias?
Fica aqui a reflexão e convite para que no Brasil participemos desse movimento de reinvenção dos negócios de serviços de Marketing em geral.
Você, o que pensa sobre assunto?
Acreditando nesse movimento do mercado eu e fernandodineli criamos a Planners Group, oferendo para anunciantes serviços especializados de Planejamento em Marketing de Relacionamento, para agências gestão e capacitação de times de Planejadores.
Para saber mais entre em contato: negocios@plannersgroup.com.br