Turbine Suas Habilidades De Planejador Com As Artes

Guaracy Carlos da Silveira
Strategic Powerhouse
6 min readApr 20, 2017

Temos vivido um mentira no planejamento ou pelo menos uma meia verdade.

Planejamento e Artes. Fonte: pexels.com

Desde o Iluminismo a ideia de que a razão é a melhor resposta para todos os problemas da humanidade tem se enraizado profundamente em nosso consciente. O conceito de um mundo que pode ser quebrado em partes fundamentais, analisado e compreendido é muito poderosa. Este universo relógio onde a harmonia de seus componentes funciona com perfeição em uma espantosa previsibilidade é uma ideia reconfortante. E é a base fundamental para o trabalho de um planejador.

É verdade que guiada por esta crença a ciência nos deu um bocado de coisas sob a guisa de progresso. Newton nos presenteou com um conjunto de brilhantes leis que por um tempo explicaram perfeitamente como o universo funciona. Colocado de forma memorável por Leonard Mlodinow no seu livro “De Primatas a Astronautas” nos pensamos de termos Newtonianos quando dizemos: a força do caráter de alguém, a aceleração da disseminação de uma doença, o impulso de um time, ou em termos de inércia física e mental, a despeito destes princípios terem sido colocados em cheque pela física de Einstein.

O núcleo do trabalho diário de um planejador é baseado na presunção de previsibilidade e responsabilidade. E sendo assim, sempre que um planejador se colocar a planejar, ele poderia prever tudo o que virá a ocorrer, uma vez que pode compreender a maioria dos elementos que compõem o fenômeno, sendo capaz de prever como eles irão se comportar, de certa forma ele só tem de traçar a rota para o caminho mais seguro e lucrativo.

Apesar de ser um conceito muito bonito, ele é em essência uma mentira. Se verdade, nenhum técnico de futebol teria de assistir a uma partida de seu time. A realidade do planejamento (e do futebol) é mais ligada a tentar prever as possibilidades e ser capaz de ajustar seu plano rapidamente conforme estas previsões são esmagadas pela realidade.

A despeito do fato de termos pelo menos um século de estudo científicos que questionam a ideia de Previsibilidade e Razão, a maioria das disciplinas de qualquer curso de Marketing ou Publicidade pertence a um velho ramo de teorias baseadas na premissa de que podemos tomar decisões baseadas no fato de “entendermos” o universo.

Não é surpresa que tantos autores que escrevem sobre empreendedorismo e startups colocam em cheque as capacidades de um planejamento de fazer previsões com precisão. Alguns são radicais ao ponto de ridicularizarem tal conceito Jason Fried em seu livro “Rework” tem um capítulo inteiro reforçando a ideia de que planejar é adivinhar (planning is guessing) e quão ruim somos na arte de fazer previsões. Eric Ries em seu livro “A Startup Enxuta” também questiona nossa pericia quando se trata de cenários de incerteza extrema e propõe um novo modelo para desenvolver e gerenciar nossos planos baseado na premissa que somos ruins de previsão.

Estamos então condenados a uma vida inteira de planos meia boca? Talvez sim, mas consideremos uma alternativa.

Educação para a Estesia

Educação para estesia. Fonte: pexels.com

Para colocar as coisas em termos bem simples e dualistas, temos duas formas de nos relacionar com a realidade. Uma é pensando sobre ela, outra é sentindo-a. De certa forma, a ciência tenta explicar as coisas pensando sobre elas, do lado oposto, a arte “captura” coisas através da forma como elas são percebidas. O que nos leva a pergunta: qual o modo mais preciso de lidar com a realidade? Não há resposta certa.

No campo da educação há vários estudos que enfatizam a importância de uma formação artística na educação em conjunto com a proposta científica mais tradicional. Nós a chamamos de Educação para a Estesia (do grego Aisthés — sentir).

Howard Gardner em sua Teoria das Múltiplas Inteligencias postura que a inteligência ao invés de ser dominada por uma única habilidade e na verdade composta por pelo menos oito diferentes habilidades, sendo que a lógica/matemática é apenas uma delas. De onde então tiramos a ideia de que o núcleo de habilidades de um planejador deve ser a lógica?

De fato em nosso trabalho diário na Planners Group percebemos que sempre que somos apresentados a um novo planejamento nos relacionamos com ele de duas formas diferentes. Sempre tentamos analisa-los da forma mais lógica possível, procurando por falhas em seu constructo conceitual e não encontrando nenhum concordamos que ele é solido. Contudo algumas vezes, num nível mais profundo, algo no plano nos incomoda. Não conseguimos definir exatamente o que está errado. O plano simplesmente não dá a sensação de estar correto. De modo a sanar este incomodo revisamos o planejamento até que consigamos apontar o que está nos incomodando. Na maioria das vezes, faze-lo resulta na oportunidade de fazer correções de certos aspectos do plano que teriam resultado em decisões muito ruins.

Nenhum dos meus anos como estudante me ensinou a habilidade de “sentir” que um plano está errado. Mas a capacidade de fazê-lo se provou se extremamente útil para minha carreira. O que me leva a um importante questionamento como professor de planejamento: há alguma forma de ensinar esta habilidade a meus alunos?

Creio que sim. E acredito que as Artes tem um papel importante nisto.

Este tipo de aproximação tem sido estudo por diferentes campos do saber e produziram uma literatura deveras interessante sobre o tema, como trabalho do jornalista Malcon Gladewell’sBlink” ou na forma do Circulo Dourado da Inovação proposto por Simon Sinek em sua palestra do TED “How Great Leaders Inspire Action”.

Exercitando a Estesia

Exercitando a Estesia no Museu. Fonte: pexels.com

Então em mercados altamente competitivos, a habilidade de “sentir” um planejamento pode ser um ativo? E se sim, como posso adquiri-lo? Bom, o modo mais fácil e fazer nosso curso de Planejamento e Estesia na Planners Group. O modo mais difícil (porem mais barato) é tentar se saturar com arte.

Eis um exercício bem simples. Você provavelmente tem acesso a um grande arranjo de interações com arte na sua cidade, como museus, galerias e exposições. Proponho que você comece a se exercitar com pinturas. Agende o próximo fim de semana e visite uma exposição.

Sempre que não estamos familiarizados no contato com a arte, sempre que somos expostos a ela temos a tendência de tentar “racionaliza-la” em termos de “eu gosto, eu não gosto” ou “isto é o que o artista queria fazer”. Evite fazer isto, não é este nosso objetivo. Esqueça a razão, não pense sobre o trabalho do artista. Ao invés disto foque-se em seus sentimentos e sensações. Deixe que a obra se projete sobre você. Observe como ela faz com que você se sinta. Ela lhe traz memórias, sensações? Ela se conecta com você? Traz alguma experiência a tona? Você ressoa com ela? Consegue compreender como o artista percebe o mundo? Com tempo e prática você será capaz de criar um senso de empatia.

Comente o que você pensa acerca de minha proposta. Como um exercício de aquecimento, siga minha proposta com estas obras do artista Roger Dean que selecionei, ele tem sido bastante influente na cultura pop (com capas de discos de bandas como Yes e Black Moth, capas de jogos da Eletronic Arts Games) e sendo assim, deverá ser mais fácil para você criar uma conexão com a obra. Lembre-se: não pense, sinta.

Roger Dean — Relayer.
Roger Dean — Green Towers
Roger Dean — Aura
Roger Dean — Condemned to Hope.

English Version | Versão em Inglês

Acreditando na importancia do exercício da Estesia para o Planejamento eu e fernandodineli criamos a Planners Group, oferendo para anunciantes serviços especializados de Planejamento em Marketing de Relacionamento, para agências gestão e capacitação de times de Planejadores.

Para saber mais entre em contato: negocios@plannersgroup.com.br

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Guaracy Carlos da Silveira
Strategic Powerhouse

Doutor em Educação, Artes e Historia da Cultura no Mackenzie, Doutorando em Design na Anhembi Morumbi. Publicitário, Professor, e Gammer.