Carolina
O toque dos finos dedos
nas portas entreabertas
de choros que falam
em corpos desprotegidos
.
O toque dos finos dedos
nos laços de cabelos enrolados,
nos óculos não mais tortos
e nos lustrados sapatos
.
O toque dos finos dedos
na linha que costura
véus virgens e brancos
do anoitecer à aurora
.
O toque dos finos dedos,
que aceitam a poltrona cansada
a acolher a coluna envergada
da tristeza e da solidão
.
O toque dos finos dedos
no espelho sujo e bronze
do sobrado destelhado
nos morros de Belo Horizonte
.
O toque dos finos dedos
que abraçam os lábios rubros,
carnosos, livres, decididos,
julgados por olhos famintos
.
O toque dos finos dedos
nos cinco bilhetes
a deixar para trás
e trocar por Brasília
as Minas Gerais