LÍRICA
Atlântica bruma cresce em meandros
de folhagens nos cantos
da sala. Teu adorável subúrbio
Da janela já não avistam-se barcos. Vela
bruma setembrina o Verão
.
Lisboa tão Catete
cidade tão cantada vou
cantar-te último bastião
do romantismo. Derrama tua lírica
nas tuas ruas de pedra
a tua luz amarelada
.
Sinto-te o cheiro de bruma
ao tempo em que escuto
dos felinos as pegadas
Em teu tempo de bonde Lisboa
tão miúda tão
Salvador um tanto
.
Bem diz de uma vez
por todas teu acanhamento rasgado
no sorriso colorido africano
nas calçadas
.
Quero invadir-te Lisboa
Esparramar minha lingua
profana e te subverter
pronominalmente qual bruma atlântica
teu meandro suburbano e inesperado
.
Quero aprender-te catete
Teu tempo de bonde tua coragem
Fim de século a escorrer
tempo entre dedos percorrer
tua literatura vasta e
tomar uma bica na esplanada