LÍRICA

Inês Catão
Subplano
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1 min readJun 27, 2018

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Atlântica bruma cresce em meandros

de folhagens nos cantos

da sala. Teu adorável subúrbio

Da janela já não avistam-se barcos. Vela

bruma setembrina o Verão

.

Lisboa tão Catete

cidade tão cantada vou

cantar-te último bastião

do romantismo. Derrama tua lírica

nas tuas ruas de pedra

a tua luz amarelada

.

Sinto-te o cheiro de bruma

ao tempo em que escuto

dos felinos as pegadas

Em teu tempo de bonde Lisboa

tão miúda tão

Salvador um tanto

.

Bem diz de uma vez

por todas teu acanhamento rasgado

no sorriso colorido africano

nas calçadas

.

Quero invadir-te Lisboa

Esparramar minha lingua

profana e te subverter

pronominalmente qual bruma atlântica

teu meandro suburbano e inesperado

.

Quero aprender-te catete

Teu tempo de bonde tua coragem

Fim de século a escorrer

tempo entre dedos percorrer

tua literatura vasta e

tomar uma bica na esplanada

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