Beyond the Valley of the Dolls” (Russ Meyer, 1970)

Larissa Goya Pierry
Subvercine
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3 min readOct 1, 2018
  • Publicado originalmente em 24/10/2015.

John Waters considera Russ Meyer um de seus diretores favoritos…isso não é o suficiente pra esse review?

Russ Meyer é conhecido como o diretor de filmes exploitation nas décadas de 60 e 70…conheço pouco de sua filmografia, mas sei que, primeiramente, ele dirigiu um filme único, chamado “Faster, Pussycat! Kill! Kill!

“Valley of the Dolls” é um filme de 1967, baseado no livro homônimo, que conta a história de três mulheres em uma banda. Apesar de não ter assistido ao filme, sei que ele foi um fracasso de crítica e que uma das estrelas é Sharon Tate, a atriz assassinada pela Família Manson logo após o lançamento do filme.

Assim, em uma parceria nada menos do que estranha, Russ Meyer se juntou a Roger Ebert (sim, o próprio) para escrever um roteiro que revisitasse a história do “Valley of the Dolls” de uma forma completamente insana e subvertida do propósito original. Se o filme “original” é um drama quase novelão sobre popstars dos anos 60, “Beyond the Valley of the Dolls” é exatamente o que diz no título: “além” do que é visto, nos mostrando o lado B da fama em Los Angeles naquela época.

Tendo sido produzido em 1970, numa fase de transição, acredito que o filme conseguiu reunir aspectos das duas décadas de uma forma genial. Da década de 60, tem os cenários, o visual coloridão e os figurinos, bem como as festas sediadas na casa do “Z-Man”, com todos os tipos de figuras excêntricas…já da década de 70, tem a liberdade sexual beirando o sexploitation e bastante nudez, como sempre nos filmes do Russ Meyer, né. Aliás, o personagem “Z-Man” é pra ser um tanto Andy Warhol, um influente artista (que a gente nunca sabe o que faz exatamente).

Chega a ser difícil de explicar a viagem que esse filme proporciona, ele é tão camaleão, que consegue oscilar entre drama, comédia, horror e erotismo em uma mesma sequência de cenas. Não se decide se vai ser sério, satírico ou assustador, e acaba sendo os três ao mesmo tempo. Basicamente, conta a história de três meninas em uma banda (The Carrie Nations), mais o seu empresário, que vão para L.A. tentando alcançar a fama. Lá, todas elas passam por diferentes aventuras, com uma história separada, que, ao final, se interliga em um desfecho inesperado.

É uma experiência cinematográfica única, o filme não te deixa respirar por um momento com tantos atrativos visuais e sonoros. De certa forma, lembra a “cultura MTV” que iria surgir na década de 80, pois o filme tem quase um formato de videoclipe, com seus cortes rápidos e interposições de imagens. Consigo pensar em, pelo menos, dois outros filmes que foram influenciados por ele, Rocky Horror Picture Show e Natural Born Killers, só pra início de conversa.

Ta aí uma ótima pedida pra quem gosta de um bom exploitation, mas que vai bem além do mero choque visual, a história é interessante e faz com que você se identifique com os personagens, se importando com o que vai acontecer a eles no final.

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Larissa Goya Pierry
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Psicóloga. Feminista. Escrevo umas coisas por aí. Apaixonada por Cinema, Literatura, Música e pelas belas estranhezas da vida.