O Funeral das Rosas — Bara no sôretsu (Toshio Matsumoto, 1969)

Larissa Goya Pierry
Subvercine
Published in
2 min readOct 1, 2018

Publicado originalmente no Tumblr em 28/06/2016

Imagina só fazer um filme não-linear, experimental e insano sobre travestis e transexuais no Japão da década de 60? Não consigo pensar em algo mais transgressor, em matéria de sétima arte e de declaração política (mesmo que essa não fosse a intenção original), do que isso.

Pelo que pesquisei, esse diretor, Toshio Matsumoto, faz parte da chamada “new wave japonesa”, uma espécie de nouvelle vague da Ásia, que assim como na Europa, introduziu técnicas inovadoras e empolgantes ao cinema da época, que sofria de um leve coma induzido após tantos anos de monotonia. Outros filmes que já vi dessa new wave japonesa e que posso indicar são: “A Mulher da Areia” e “A Marca do Assassino”.

Como faz um bom tempo que assisti ao filme, não posso descrever em detalhes o enredo, mas, posso dizer que é um daqueles filmes em que importa mais a viagem em que se embarca ao escolher assisti-lo do que meramente prestar atenção em detalhes de um enredo com início, meio e fim. A trama se baseia, de certa forma, na história do Édipo Rei, subvertendo outro mito clássico e prevendo a desconstrução de papéis de gênero da pós-modernidade.

É interessante também dizer que esse filme, com sua estética bela, colorida (apesar de ser p&b) e evocando elementos do feminino (como o social o concebe) contrastada com conteúdo obscuro e cenas sangrentas inspirou o imaginário de Stanley Kubrick para que o ajudasse a criar a atmosfera do Laranja Mecânica…apenas mais um estímulo pra decidir assistir a essa obra.

p.s.: alguma semelhança entre essa última imagem e a cena da loja de discos do Laranja Mecânica não é mera coincidência.

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Larissa Goya Pierry
Subvercine

Psicóloga. Feminista. Escrevo umas coisas por aí. Apaixonada por Cinema, Literatura, Música e pelas belas estranhezas da vida.