A importância do emocional no desenvolvimento da personalidade da criança

Suely Souza Lima
Suely Souza Lima
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5 min readMar 6, 2017

A história da civilização passou por inúmeras fases, ora dando realce à arte, à literatura, à religião e, atualmente, ao grande avanço tecnológico. Esse desenvolvimento aconteceu em uma velocidade fantástica e permitiu ao homem tornar-se especialista em qualquer ramo da ciência.

Basta ligarmos a televisão que em poucos minutos sabemos de todos os acontecimentos importantes ao redor do mundo. Entretanto, algo básico de nosso ser não teve esse mesmo desenvolvimento; aquele que se refere ao autoconhecimento.

Conhecer o seu emocional é entender o que passa dentro de si quando algo inesperado acontece. Sem esse entendimento as pessoas, muitas vezes, se sentem perdidas dentro de sua própria existência.

Atualmente, é difícil para qualquer pessoa, vivendo em uma sociedade competitiva como a nossa — exigente quanto às normas e padrões, ditadas por regras e preconceitos morais -, viver bem sem ter conhecimento do que se passa dentro de si mesma. Nossa vida é regida por emoções agradáveis ou desagradáveis, daí a grande importância de começar o mais rápido possível esse processo.

As nossas relações mais profundas, sejam elas entre pais, filhos, amigos, chefes ou empregados, estão interligadas pelas emoções. Na relação entre pais e filhos, por exemplo, há hoje uma grande cobrança no que diz respeito ao estudo. A sociedade, a escola e a família cobram da criança, ainda muito pequena, uma grande quantidade de conteúdos adquiridos. A cobrança e a maneira como nos relacionamos uns com os outros, pode prejudicar a relação entre pais e filhos, pois momentos que poderiam ser passados juntos, no sentido de um se encontrar com o outro, acabam não acontecendo.

Mais do que nunca devemos nos questionar, todos os dias, quanto tempo realmente nos dedicamos em estar com nossos filhos, maridos, esposas, amigos… Se prestarmos atenção, observamos que a vida tem nos absorvido de tal forma que não nos resta tempo para ficarmos com o outro.

Todo cuidado com a criança

Toda criança para conhecer o seu emocional precisa colocar para fora as suas emoções: suas angústias, alegrias, tristezas e inseguranças. Enquanto as emoções estiverem guardadas dentro da criança ninguém saberá o que realmente lhe acontece e, como conseqüência, fica muito difícil ajudá-la ou orientá-la.

Permitir que a criança libere o seu emocional é de total importância para o entendimento dela sobre si mesma. Cabe nesse momento aos pais e educadores orientarem suas atitudes mostrando-lhe os limites, ensinando-a a enfrentar os desafios da vida e a criar condições para que possa ousar, se sentir capaz, forte e corajosa.

É comum observarmos que quando uma criança expressa a sua agressividade, a tendência do adulto é de imediatamente reprimi-la de forma violenta. É que nessa atitude a criança desencadeia no adulto o seu lado agressivo, não resolvido.

A agressividade é uma das emoções mais difíceis de ser trabalhada porque o adulto de hoje não teve a oportunidade na sua infância de conhecê-la, conviver com ela sem sentimento de culpa e, agora, muitas vezes sente-se perdido quando ela aparece em seus filhos ou em si mesmo.

A vida psíquica é extremamente ampla e complexa. Não se pode permitir hoje que uma educação ocorra, sem que se fale livremente sobre esse assunto com seus filhos.

É importante o contato físico: abraçar muito, rolar no chão, brincar… Isso enriquece a ambos. Pais com certeza aprendem muito com os filhos. Se isso não acontecer de nada adiantará mais tarde cobrar um abraço amigo, um aconchego maior. Haverá sempre algo que os afastará porque essas crianças não aprenderam este modelo e por isto não podem dar o que não sabem.

Na realidade o adulto tem na criança a sua grande possibilidade de crescimento psíquico, vencer suas limitações, suas dificuldades, vencer sua timidez emocional. A criança é sempre receptiva ao carinho, ao contato físico e às brincadeiras. É nesse momento que o adulto poderá se soltar, se libertar de suas restrições. É aí que está o aprendizado, pois é difícil para o adulto se soltar com outro adulto.

Os pais devem se permitir se sentirem livres nas suas relações com seus filhos. Contarem, na medida do possível e da faixa etária da criança, suas angústias, seus medos, suas ansiedades. Esse contato só fará bem aos filhos, pois eles passarão a olhar seus pais como seres humanos e não como mitos inatingíveis que nunca erram. Mais tarde esses mesmos filhos descobrirão que seus pais são falíveis, que erram como qualquer pessoa.

A relação entre pai e filho deve ser a mais franca e honesta possível, pois é daí que decorre o bom desenvolvimento da personalidade da criança.

Muitas vezes pais dizendo ter um excesso de zelo não permitem que seus filhos façam uma série de coisas que precisam ser feitas, tomem iniciativas que precisam ser tomadas, que aprendam a ousar, a fazer coisas que nunca fizeram. Mas, o que ocorre realmente, é que por trás desse comportamento, a leitura psíquica passada ao filho é a de que ele não é capaz de fazer algo sozinho. Isso é terrível para uma criança pois transmite medo pela vida e insegurança sobre seu futuro.

Na realidade os pais que não permitem que seus filhos FAÇAM é porque eles não conseguiram vencer dentro de si os seus medos, as suas angústias, as suas inseguranças. Por isso projetam nos filhos esses sentimentos acreditando que estão protegendo-os. Este é um assunto que precisa ser amplamente discutido e refletido em família .

Imagens de insucesso ficam gravadas no inconsciente da criança e um dia ela vai ter grande dificuldade de vencer na vida. Em relação aos pais, este é um processo muitas vezes inconsciente, pois ninguém deseja o pior para seu filho.

Nada pior para um ser humano do que não acreditar em si mesmo.

É importante estar junto um com o outro, numa relação profunda e única na existência. Cada um desses momentos marcarão para sempre a vida das pessoas. Assim, as relações entre pais e filhos tornam-se verdadeiras e eternas.

Pais, não percam a oportunidade de um abraço, de um sorriso amigo, de um piscar de olhos, de um afago na cabeça, de um chorar no ombro amigo. Isso é viver junto, é estar no outro, é fazer parte de sua existência, é se fazer presente a vida toda.

Extraído do livro da autora “Educar à luz das Emoções”

Suely Souza Lima
Terapeuta Comportamental e Life Coach
Coordenadora de Life Coaching do Programa Pentágono (Capacitação em Liderança)

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Suely Souza Lima
Suely Souza Lima

Pedagoga, Psicoterapeuta Junguiana, Psicodramatista, Especialista em Desenvolvimento Comportamental, Life Coach em Programas de Liderança e Escritora.