SumOners no nosso último Regroup da sala antiga

A cultura que nos une: Valores e Práticas

Lucas Prim
Zygo Management

--

Sempre que eu lia sobre gestão, me deparava com esse tema, “cultura”. Que diabos é isso? Pra mim cultura era saci-pererê, Parintins, boi-de-mamão, sei lá. De tão comum parecia clichê, chegava a enjoar. E o pior, as explicações eram vagas e pareciam uma mega compilação de livros de auto-ajuda. Bo-ring!

Ainda assim, mesmo sem entender, resolvi dar uma chance pro tema. Tanta gente boa não pode estar errada. Lembro-me de que a frase que mais me vinha na cabeça era a de que “uma empresa com cultura forte mais parece um culto do que uma empresa”, não tenho ideia de onde eu li isso, mas sei que colou. E logo que surgiu o nome da nova empresa “SumOne”, surgiu também um grito de guerra “1.. 2.. 3.. SumOne!”, com as palavras em inglês. Era ridículo. Eu e mais dois programadores, praticamente a equipe inteira da empresa, numa salinha de 30m2, todo dia, “1.. 2.. 3.. SumOne!”. Sofrível. Mas funcionou. Junto com o cômico grito de guerra vieram também outras práticas, suportadas nos nossos valores da época: Teamplay, Positivity, Learn & Share, Wow!, Data Driven e Customer First. Sem saber, estava dando o kick-off para a construção de uma cultura forte, maluca, que parece mesmo um culto.

Foi lendo o livro Traction, do Gino Wickman, que eu entendi pela primeira vez o que são os valores da empresa, pelo viés prático, não pelo emocional. Se eu bem lembro do livro, ele sugere que você se faça a pergunta: “Quais são as pessoas que, se eu clonar, consigo dominar o planeta?” e, depois de ter uma lista com os nomes, selecionar as características delas que as fazem ser especiais. As mais comuns são os valores da empresa, em geral não mais que uns cinco. Adorei, mas é mais fácil falar do que fazer, vide que já mudamos a nossa coleção de valores algumas vezes. Tanto que nosso valor principal deveria ser Reinvenção. Não é, mas o propósito é. “Pessoas que se reinventam, reinventam tudo ao seu redor, o tempo todo” — inclusive os valores.

Os valores de hoje surgiram numa consultoria com a Ana Rezende, que colocou os líderes todos numa sala e nos fez discutir até sair com uma lista das características que valorizamos nas pessoas que estão conosco. Santo de casa não faz milagre, mesmo. A lista que tiramos de lá foi mil vezes melhor do que a que eu tentei fazer com o pessoal: Brave, Level Up, Human e Owner.

Super bacana né? Mas vem cá, pra mim, soltar as palavras assim sem contexto é pura bullshit. Deixa eu te explicar por que temos cada um dos valores, minha interpretação.

Brave porque somos malucos, somos artistas, gostamos de fazer do nosso jeito. É daí que nasce a coragem, a reinvenção também. Não somos burros, pegamos o que o mundo tem pra oferecer de melhor, mas só pra construir a base do que vai ser o “jeito SumOne de fazer”.

Level Up porque a gente não suporta ficar pra trás. Queremos estar na vanguarda, queremos ser os eternos trend setters, queremos estar na discussão do que há de melhor. Ninguém aqui ainda aprendeu a ser tiozão ou a sentar a bunda na cadeira e deixar a vida levar. Somos self-developers como um estilo de vida.

Human porque, além de ser burrice fazer as coisas sozinho, é muito mais divertido fazer com os colegas. E isso vale pra tudo: pra ser brave, pra praticar o level up, pra crescer e pra ajudar. Além disso, num mercado como o nosso, de negócios locais, se você não é human, não consegue passar dos primeiros passos.

Owner porque a gente sempre acreditou em dar autonomia e liberdade. Mas autonomia e liberdade sem ownership não geram nada, só omissão. Ser owner é tratar os resultados do time, e da empresa, como os seus. Não adianta ser o jogador que fez 3 gols se o seu time perdeu a partida.

É em cima dessa base que a gente seleciona as pessoas que vão trabalhar conosco. Self-Developers, Artistas, Humanos e Pró-Ativos, alguns com características mais fortes, outros menos, todos unidos em prol do objetivo de ajudar o empreendedor local a se reinventar. Fiquei arrepiado.

E na verdade não adianta nada ter valores, saber eles de cor, e não ter práticas para reforçá-los. Costumo me apoiar em dois axiomas quando estou pensando nisso: só existe um tipo de liderança, que é o exemplo e você nunca vai ser repetitivo o suficiente para aquilo que realmente importa. É aí que entram as práticas e os rituais. Não que “1.. 2.. 3.. SumOne!” importe, o que importa é estar num time que te aceita como você é, que joga junto, e mostrar que quando a gente grita junto, o grito ecoa e é forte, inequívoco, conquistador, exatamente o que a gente quer ser como time. Aqui a nuance é mais importante que o fato, a emoção mais que a razão. Já foi na missa e cantou junto? Arrepia! Pra quem nunca foi na missa, e aquele show do seu ídolo que você canta junto? É esse tipo de conexão primal que queremos cultivar, porque juntos conseguimos conquistar o mundo.

E foram várias práticas e rituais que tentamos adotar. Tinha um ritual de sprint planning que era ridículo, o “pam pam pam”, história pra contar. A grande maioria não vingou, mas as que vingaram nos definem enquanto grupo. Desde a maneira como recebemos novos SumOners, contando nossa história e alinhando as expectativas com um “papo-reto” que não se vê por aí, até a maneira como os batizamos no nosso encontro semanal, o Regroup.

Temos os Daily Meetings, as Reuniões de Time, o Regroup, o E-Mail de Abertura da Semana, a Abertura de Quarter. Estamos começando a fazer a Reunião de Líderes, o Café com o CEO, enfim, vale tudo pra manter todo mundo alinhado e manter o grupo unido.

Hoje somos 100, amanhã seremos 1.000, e o que esperamos é que a milésima pessoa a entrar na SumOne se sinta tão parte do grupo quanto a primeira.

--

--