Gente com Gente: Alinhando Liderança e Gestão dentro da SumOne.

Lucas Prim
Zygo Management
Published in
6 min readNov 1, 2018

Haja gente. Chegamos a 100 pessoas na semana passada. Dá um susto quando você percebe. Até porque você nem para pra pensar porque não dá tempo. É clichê fazer um post pra relembrar, e eu não sou muito chegado em clichê. A verdade? É uma responsabilidade gigantesca e um desafio de igual tamanho colocar ordem, processo e cultura numa empresa começando do zero. É sobre isso que eu quero falar.

Sabe o que é mais ingrato? Você fica distante das pessoas do front muito rápido, e já que os membros da tribo aprendem com o vizinho, o vizinho de hoje é uma pessoa com 2 meses de casa. Na minha vizinhança tem 8 pessoas. Seguindo a métrica deve ter pelo menos mais 12 vizinhanças por aqui. E que burrada se esses vizinhos não estiverem muito alinhados com a cultura e com os valores. É o primeiro ingrediente da receita do caos, é a cultura que não escala e as premissas sobre as quais você começou a empresa indo pro ralo.

Mas fica pior. Sabe o que é pior do que o vizinho desalinhado numa empresa com uma dúzia de tribos? A liderança desalinhada. Eu aprendi na força bruta a ser líder, e demorou tempo pra caramba. Demorou muito mais do que o tempo que os líderes daqui ganham pra se desenvolver. E eu tenho quase 10 anos a mais de experiência no cargo que os líderes que estamos formando, e aqui a única variável que não dá pra negociar é tempo. Precisamos crescer, rápido, 10% mês a mês. Pra crescer precisamos de gente, e com mais gente precisamos de líderes.

Então. Dureza né? Mas tá tudo bem. Melhor resolver esse problema de gente, que pode levar a um desastre no médio prazo, do que ter que resolver coisa pior. Sei bem o que é isso.

Nasce uma nova máquina

Vamos lá, sem mais delongas, vamos dar as boas vindas para a nossa nova máquina, que nem sabíamos que iríamos precisar: A Máquina de Formação de Líderes! 👏👏👏

As Máquinas de Talentos da SumOne

E eu que achava que a máquina de Talentos já tinha responsabilidades demais. Bom, vamos lá, como que podemos formar os líderes que a SumOne precisa? O que precisamos? Fazendo alguns benchmarks com as maiores autoridades em gestão de Talentos do país, chegamos a conclusão de que precisamos:

  1. Definir muito bem os princípios de gestão e liderança, algo que vai do relacionamento entre os sócios executivos até a supervisão.
  2. Criar uma espécie de escola de formação de lideranças, com treinamentos formais em diversos tópicos de extrema importância para qualquer líder: Como fazer entrevistas, como receber novos membros, contratação e demissão, carreira, promoção e sucessão, etc.
  3. Inserir práticas no nosso dia-a-dia para aproximar a alta gestão (quão ridículo é falar que numa empresa de 100 pessoas tem “alta gestão”, fala sério!) do pessoal que está no front.

Começamos com o número 3, “práticas no nosso dia-a-dia para aproximar a alta gestão do front”, que era o mais fácil de se fazer pra começar. Estamos fazendo duas coisas nesse sentido: eu tenho um café de 1h com uma pessoa escolhida dentre os principais líderes da empresa, toda semana, e tenho um encontro mensal com os líderes para falar de estratégia, SAAS e assuntos que são tabu e, como tal, precisam ser discutidos.

Aqui a tudo funciona na base da transparência total e brutal, no sentido de que a coisa pode ficar desconfortável. Sem problemas, é o que pregamos e é o que fazemos. Para o primeiro encontro, fiz uma bela apresentação explicando toda a dinâmica de capital por detrás da empresa, sobre como funciona uma empresa investida por VCs, sobre como funciona o nosso mercado e sobre o que a gente precisa fazer pra vencer a guerra. Rendeu uma boa foto e foi surpreendente em termos de engajamento e participação. Pessoas com pessoas. Dá match!

Primeiro Encontro de Líderes SumOne

A segunda parte desse grupo de iniciativas foi o meu “Café com o CEO”, um ótimo exercício para praticar a minha vulnerabilidade e a dos nossos líderes. Geralmente começa sério e termina leve. Eu não quero avaliar o trabalho de ninguém nesse momento. Quero que me digam o que a gente está fazendo de errado e que me questionem sobre tudo. Conhece uma empresa em que o CEO recebe feedback na boa do estagiário? Prazer. Ser vulnerável e ensinar a vulnerabilidade é o que temos de mais valioso aqui dentro. É a arma anti-bullshit elevada a última potência. Se eu não tenho que esconder nada e você também não, o que resta é trabalhar junto, na moral.

Fala sério, quanta energia é jogada no lixo se você não é vulnerável e transparente. Se já dá trabalho construir uma empresa de crescimento acelerado sem bullshit, imagina com.

Os princípios e práticas das lideranças da SumOne

Nosso coach — os diretores aqui são todos obrigados a fazer coach — puxou nossa orelha: “Já tá na hora de vocês terem um acordo definindo como que se vai liderar e gerir pessoas na SumOne”. Ele tem razão, o crescimento acelerado já está começando a criar problemas de desalinhamento nas práticas e nas crenças dos diferentes líderes aqui dentro da empresa. Na falta de manifestação nossa o pessoal se vira. Foi um mini-infarto quando descobrimos que estava rolando um livro entre os supervisores que ninguém da diretoria havia lido, “meu primeiro cargo de gestão” ou algo assim. Hora de fazer alguma coisa.

Com um Chopp na mão, foi em São Paulo que consegui pegar os 4 diretores juntos e fora da loucura do dia-a-dia. Encontramos uma mesa no evento em que estávamos e começamos uma planilha, capitaneados pelo Marvio, nosso Head de Talentos. “Quais são os princípios da liderança na SumOne?”. Foi uma ótima pergunta, que deu origem a uma ótima discussão. Impressionante como mesmo estando perto tem muita coisa que você não está mais alinhado como já esteve um dia. Juntos chegamos em uns 30 itens, entre práticas, crenças e princípios.

Ficou pra mim o trabalho de transformar esses 30 itens em um documento. Não foi divertido redigí-lo, mas extremamente necessário. No final saiu um documento, com 27 páginas, contendo quatro seções:

  1. A Base — Princípios básicos que orientam todos os demais itens.
  2. O líder e ele mesmo — O que esperamos em termos de comportamentos, atitudes e princípios dos líderes da SumOne.
  3. As Relações — As diretrizes de como o líder deve se relacionar com seus pares, liderados e com o seu líder.
  4. As Práticas — Um guia com o dia-a-dia do líder e as melhores práticas para auxiliá-lo no seu caminho.

Ficou legal, vai ser a base do que vamos construir no último passo pra completar o ciclo de formação de lideranças, a nossa “escola de líderes”. Vou fazer alguns posts aqui no futuro com alguns itens que estão lá no nosso documento de diretrizes.

Será que vai dar?

A partir de agora toda liderança da SumOne passa a ter uma porção de coisas pra que ela se mantenha alinhada. Minha esperança é que com tudo isso a gente consiga manter a cultura, as crenças e as práticas padronizadas e fundamentadas em algo que eu e os outros founders acreditamos. Foi por pouco que a gente não perdeu completamente as rédeas da situação. Tomara que a agenda que definimos seja suficiente pra chegar no nosso objetivo:

  • Café com o CEO (semanal, 1 pessoa por semana)
  • Reunião com as Lideranças (mensal, todos os líderes + CEO)
  • Diretrizes de liderança da SumOne — Documento para consulta
  • Escola de líderes — Periódico, mandatório + reciclagem

Conforme a empresa vai crescendo você começa a se deparar com problemas novos e precisa criar estruturas do zero. O bom disso tudo é que estamos nos apoiando nos ombros de gigantes que passaram por isso antes de nós. Um agradecimento especial ao pessoal que topou conversar com a gente e nos ajudar: Stone, Quinto Andar, Conta Azul, Sérgio Póvoa, Ana Rezende e Márcio Rezende. Nos ombros de gigantes.

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