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“Tudo flui, nada permanece”: Heráclito e a Mentalidade de Desenvolvimento Contínuo

Ana Paula Lafuente
Supernova cc
Published in
5 min readJun 26, 2020

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“Tudo flui, nada permanece”. Heráclito já dizia que ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. Quando imergimos novamente, aquelas águas que nos banharam antes já não são as mesmas. Com esse exemplo, ele ilustrou a sua tese mais famosa, a Teoria do Devir de Heráclito de Éfeso.

Essa frase e tese de Heráclito nunca fizeram tanto sentido como nos tempos atuais. Para ele, o mundo está em constante movimento e mudança contínua, o universo anda em um eterno fluir, com cada coisa sendo e não sendo ao mesmo tempo. E este é o retrato perfeito do que estamos vendo — e vivendo — hoje.

Essa mesma ideia já aparecia no conceito de modernidade líquida de Zygmunt Bauman. O autor afirma que modernidade líquida é um período que se iniciou após a Segunda Guerra Mundial e ficou mais perceptível a partir da década de 1960. Ela diz respeito a uma nova época em que as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, fugazes e maleáveis, como os líquidos.

Esses conceitos podem ser amplamente usados para se referir ao mundo de 2020, em que todas as coisas deixaram de ter um padrão, uma forma, algo que estabeleça o certo e o errado. Um mundo cujas mudanças são tão aceleradas que atualizam — e por vezes desorganizam — a nossa vida em vários âmbitos: social, econômico, profissional e tantos outros. E o que estamos passando neste momento de quarentena e COVID-19 se não uma completa desorganização e um caos do que a sociedade conhecia como padrão, hábito ou paradigma?

Bom… deixando esse lado filosófico um pouco de lado, a questão é uma só: o mundo ocorrerá e fluirá independente da minha vontade e eu só tenho 2 escolhas: acompanhá-lo ou ficar para trás. E aí, qual você escolhe?

O mundo (MU)VUCA chegou, definitivamente, para ficar! Vivemos em tempos cada vez mais:

  • Meaningful (senso de propósito e de impacto);
  • Universal (ações que tenham impacto global);
  • Volatility (volatilidade);
  • Uncertainty (incerteza);
  • Complexity (complexidade);
  • Ambiguity (ambiguidade).

Mas, você pode me perguntar: ‘Onde você quer chegar com tudo isso?’ Neste mundo em constante mudança, o conhecimento deixa de ter uma validade por toda uma geração, deixa de ser uma opção, escolha ou mesmo questão de gosto ou dúvida continuar estudando. Aprender passa a ser ESSENCIAL! Precisamos, desta forma, adquirir uma mentalidade de Lifelong Learning ou de Desenvolvimento Contínuo.

Não existe mais a figura de quem aprendeu, mas sim de quem está aprendendo. Todos os paradigmas estão sendo quebrados neste momento, não existe mais conhecimento para sempre. A reinvenção e o (re)aprendizado devem ser constantes. Eu sei que mudar é difícil, mas não mudar é fatal nos dias de hoje e tudo isso depende de como dominamos o nosso cérebro.

[O CÉREBRO]

Não existe outro membro do corpo humano mais responsável por toda essa mudança e reinvenção do que o nosso cérebro.

Um cérebro que não aprende se atrofia mais rapidamente. Se você não desafia o seu cérebro, ele entrará em um modo automático e cria uma zona de conforto, ou seja, ele sabe que não terá trabalho com o novo, com novas conexões; e ele busca e gosta disso!

Seu cérebro te trapaceia justamente para te impedir de mudanças, porque é da natureza dele. Ele busca onde não precisa gastar tanto tempo e esforço.

[O TEMPO]

E o tempo é justamente o 2º ponto deste desenvolvimento contínuo. Se eu quiser continuar aprendendo e crescendo, eu vou ter que administrar o meu tempo. Ele é a chave para qualquer gestão estratégica, de mudança e de aquisição de conhecimento. Como Leandro Karnal já dizia:

“Aproveitar o tempo é estar a frente dele, é preparar-se para ele, é antecipar-se estrategicamente a ele”.

Preciso olhar para dentro e entender que eu posso, sim, promover mudanças e me adaptar. Cuidado com a Síndrome de Gabriela, ou Síndrome dos Determinismos -“eu nasci assim, eu cresci assim…”. É uma brincadeira, mas é a mais pura verdade. Você precisa entender que pode, sim, melhorar a sua realidade, e você tem liberdade para isso!

Aproveite o dia, aproveite o tempo da melhor forma!

Se quiser entender e saber um pouquinho melhor como organizar e gerir o seu tempo é só ler o meu artigo sobre Gestão de Tempo aqui.

[O MEDO E O ERRO]

Precisamos ter um MOVIMENTO PERMANENTE em direção ao nosso objetivo. Se você sempre reclama “Ah, eu nunca consigo aprender inglês”, pergunte-se antes de tudo: “Mas eu estudava todo dia?” “Eu tentei estudar por mais de um ano?” “Eu busquei livros e/ou vídeos para tentar formas mais didáticas até encontrar a minha melhor solução de estudo?”

Sabe qual é a atitude mais comum do fracasso? É achar que você não tem culpa de nada, é sempre do outro, do professor que não ensinou correto ou do curso que era fraco… Cuidado: você é protagonista da sua vida!

Ter medo é normal, mas precisamos ter um medo prudente e não aquele que nos paralisa, o medo covarde. Esse, na verdade, é o seu cérebro querendo te deixar na sua zona de conforto. Dê nome aos seus demônios, esse é o primeiro passo para exorcizá-los.

Outro ponto fundamental é o erro. Não devemos ter medo dele. Ele é um recado estratégico que lhe avisa por qual caminho deve seguir. Você aprende errando. Erros lhe tornam menos vaidoso, menos confiante em si e mais confiante no poder do aprendizado.

[PROTAGONISMO]

1% é inspiração e 99% é transpiração

Você, com certeza, já ouviu essa frase em algum lugar. Ela é o exemplo perfeito da dicotomia existente entre o conceito de Protagonismo e Consciência. Você é o autor da sua vida! O sócio majoritário dela. Sua família, renda, aprendizado… nada é determinante e tudo depende de um desafio da sua consciência de concentrar toda a sua energia naquilo que, de fato, pode mudar. Desenvolver-se e se melhorar depende da sua consciência. Então, tenhamos mais Ação e menos Reclamação!

Como o Karnal já dizia, você deve aceitar o limite, a imperfeição e o fracasso. Acredite sempre no esforço e na perfectibilidade — capacidade do ser humano de sempre se aperfeiçoar. Até porque “você é menor do que Deus e maior do que uma folha.”

Até o próximo artigo!

Este texto foi baseado no curso ‘Mentalidade de Desenvolvimento Contínuo’, ministrado pelo Leandro Karnal para a PUC-RS. Para saber mais, clique aqui.

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Ana Paula Lafuente
Supernova cc

Carioca e libriana, sou apaixonada por GENTE! Amo contar histórias e escrever sobre comportamento, branding, negócios, produto, e claro, muito marketing. 🌻