Sistema de saúde da Inglaterra: como funciona
O Sistema de Saúde Público (National Health System — NHS) é o mais antigo do mundo, com 70 anos. No final de 2017, ele foi escolhido como o melhor sistema em termos de eficiência administrativa, abrangência, acesso aos serviços e bons resultados. Segundo o Royal College of General Practitioners, o Sistema de Saúde na Inglaterra ficou na frente de países como: Austrália, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Suécia, Suíça, Alemanha, Canadá, França e Estados Unidos da América.
O NHS é gratuito. Consultas, atendimentos e tratamentos são oferecidos sem custos para cidadãos britânicos, residentes legais e seus dependentes, e estudantes em cursos com duração superior a seis meses. Para ter acesso ao sistema, a pessoa deve se inscrever no posto local, determinado pelo seu endereço, portando passaporte e comprovante de residência. Após preencher um formulário básico, em poucos dias, o paciente receberá uma carta com o número de registro e o nome do médico de família, mais conhecido como GP (General Practitioner). Todo esse processo é gratuito e rápido e em uma semana já é possível marcar a primeira consulta.
Para estrangeiros que não são residentes definitivos do país e também não fazem parte da União Europeia, é necessário pagar uma taxa para acessar à gratuidade do sistema de saúde. O valor cobrado por ano é de £200 e £150 para estudantes e dependentes. Na Inglaterra, por ano, 9,1% do PIB é gasto com saúde pública, cerca de US$ 3.377 por habitante. No Brasil, os números são bem inferiores. O gasto por habitante é de cerca de US$ 1.318, apenas 8,3% da riqueza produzida no País.
Em casos de cirurgias eletivas, o tempo de espera é de geralmente dois meses ou mais, dependendo do problema. Uma minoria da população tem plano de saúde, a maioria é tratada pelo NHS. Medicamentos não tem custo para maiores de 60 anos, menores de 16, gestantes, deficientes e estudantes. Os medicamentos, equipamentos e materiais usados são o mesmo no NHS e no sistema privado. Os médicos que atendem também são os mesmos em ambos os setores.
Mariana Aguirre foi para a Inglaterra aos 23 anos para fazer intercâmbio. Ela assinou o plano para estrangeiros logo quando fez o visto e relata que nunca teve problemas com o atendimento. “Morei um ano no país. Precisei ir ao médico para consultar com oftalmologista, fiz exames ginecológicas e fui muito bem atendida. O serviço é rápido e muito eficiente. Só precisei me dirigir ao hospital da minha área de residência com o meu cartão de saúde e já marquei as consultas.”
O médico pediatra, Lucas Fernandes, fez especialização na Inglaterra e um ano depois voltou para o Brasil. Ele ressalta que os atendimentos oferecidos aos pacientes eram satisfatórios. “Tive a experiência de trabalhar na Inglaterra quando estava fazendo a minha especialização. Como eu era residente já atendia os pacientes, todos no sistema público. Posso dizer que raramente ouvia reclamações e os pacientes pareciam mais satisfeitos. Hoje, trabalhando no Brasil, posso dizer que o sistema não é ruim. Muitos países não têm saúde pública e termos isso aqui é algo muito bom para a população, mas não posso negar que atrasos e filas longas existam. O NHS é bom e funciona, porém também tem seus defeitos.”
Na Inglaterra, o salário médio de um especialista é de $150.000 ao ano, 4,9 vezes mais que a média salarial da população em geral. Para médicos clínicos gerais, a média é de $118.000, 3,9 vezes mais que o restante da população. O país é o 6° no ranking de melhores salários para médicos e a profissão é a melhor remunerada.