Sistema de saúde da Inglaterra: como funciona

Judy Wroblewski
SUS 30 anos
Published in
3 min readNov 20, 2019

O Sistema de Saúde Público (National Health System — NHS) é o mais antigo do mundo, com 70 anos. No final de 2017, ele foi escolhido como o melhor sistema em termos de eficiência administrativa, abrangência, acesso aos serviços e bons resultados. Segundo o Royal College of General Practitioners, o Sistema de Saúde na Inglaterra ficou na frente de países como: Austrália, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Suécia, Suíça, Alemanha, Canadá, França e Estados Unidos da América.

O NHS é gratuito. Consultas, atendimentos e tratamentos são oferecidos sem custos para cidadãos britânicos, residentes legais e seus dependentes, e estudantes em cursos com duração superior a seis meses. Para ter acesso ao sistema, a pessoa deve se inscrever no posto local, determinado pelo seu endereço, portando passaporte e comprovante de residência. Após preencher um formulário básico, em poucos dias, o paciente receberá uma carta com o número de registro e o nome do médico de família, mais conhecido como GP (General Practitioner). Todo esse processo é gratuito e rápido e em uma semana já é possível marcar a primeira consulta.

Para estrangeiros que não são residentes definitivos do país e também não fazem parte da União Europeia, é necessário pagar uma taxa para acessar à gratuidade do sistema de saúde. O valor cobrado por ano é de £200 e £150 para estudantes e dependentes. Na Inglaterra, por ano, 9,1% do PIB é gasto com saúde pública, cerca de US$ 3.377 por habitante. No Brasil, os números são bem inferiores. O gasto por habitante é de cerca de US$ 1.318, apenas 8,3% da riqueza produzida no País.

Em casos de cirurgias eletivas, o tempo de espera é de geralmente dois meses ou mais, dependendo do problema. Uma minoria da população tem plano de saúde, a maioria é tratada pelo NHS. Medicamentos não tem custo para maiores de 60 anos, menores de 16, gestantes, deficientes e estudantes. Os medicamentos, equipamentos e materiais usados são o mesmo no NHS e no sistema privado. Os médicos que atendem também são os mesmos em ambos os setores.

Cirurgia de garganta feita pelo SUS no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Mariana Aguirre foi para a Inglaterra aos 23 anos para fazer intercâmbio. Ela assinou o plano para estrangeiros logo quando fez o visto e relata que nunca teve problemas com o atendimento. “Morei um ano no país. Precisei ir ao médico para consultar com oftalmologista, fiz exames ginecológicas e fui muito bem atendida. O serviço é rápido e muito eficiente. Só precisei me dirigir ao hospital da minha área de residência com o meu cartão de saúde e já marquei as consultas.”

O médico pediatra, Lucas Fernandes, fez especialização na Inglaterra e um ano depois voltou para o Brasil. Ele ressalta que os atendimentos oferecidos aos pacientes eram satisfatórios. “Tive a experiência de trabalhar na Inglaterra quando estava fazendo a minha especialização. Como eu era residente já atendia os pacientes, todos no sistema público. Posso dizer que raramente ouvia reclamações e os pacientes pareciam mais satisfeitos. Hoje, trabalhando no Brasil, posso dizer que o sistema não é ruim. Muitos países não têm saúde pública e termos isso aqui é algo muito bom para a população, mas não posso negar que atrasos e filas longas existam. O NHS é bom e funciona, porém também tem seus defeitos.”

Na Inglaterra, o salário médio de um especialista é de $150.000 ao ano, 4,9 vezes mais que a média salarial da população em geral. Para médicos clínicos gerais, a média é de $118.000, 3,9 vezes mais que o restante da população. O país é o 6° no ranking de melhores salários para médicos e a profissão é a melhor remunerada.

Comparação entre valores gastos em saúde no Brasil e no Reino Unido.

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