Manda nudes: peladices

Swarm Creativity #7

Rodrigo Turra
swarm creativity

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[Este texto fui publicado originalmente em out/2014 em outra plataforma. Esta é uma versão atualizada e otimizada, já que continuo amando ficar pelado]

Pra quem não me conhece, sou o Rodrigo Turra e adoro peladices. Não posso ver uma chamada, um livro, uma matéria do assunto, que me coça a mão para ver. E só pra ficar um pouco mais estranho, se eu te conheço, provavelmente já te imaginei pelado. Mas relaxa, é uma coisa minha.

Apesar de não ficar despido tanto tempo quanto eu gostaria, sou um grande entusiasta do tabu, que por incrível que pareça, é abominado por algumas pessoas. Inclusive, acredito que parte da minha fascinação (e da maioria das pessoas) pelo assunto se dá por um motivo: sua repressão. Por outro lado, não param de nascer iniciativas que incentivam a nudez e a tratam com naturalidade. E a Swarm Creativity #7 é justamente sobre isso!

Na edição passada da minha coluna, convidei você para vestir a fantasia de turista na sua cidade, pois hoje convido você para tirar a roupa e curtir esta newsletter comigo.

Interaja por aqui usando a feature de comentários do Medium ou lá no grupo com a hashtag #MandaNudes!

1. Pelo direito de pagar peitinho

É no mínimo estranho o fato de que homens podem sair sem camiseta por aí e mulheres não, né? Para não dizer enraizadamente machista. Na verdade, nem precisamos sair de casa: fotos de peitos femininos são bloqueadas do Facebook, e as dos homens circulam à vontade.

No lado positivo, em Nova York e em alguns distritos do Canadá, por exemplo, mulheres já podem andar com os peitos à mostra na rua se quiserem. Isto inspirou Lili Boisvert, uma jornalista, a experimentar sair pelas ruas de Montreal sem camiseta. Adivinha o que aconteceu? NADA!

Ela não foi estuprada, insultada, ameaçada ou desrespeitada. Ela registrou tudo e relatou ter sido ignorada por praticamente todos (teve até gente que veio pedir informação). Em seu artigo ela ainda diz: “se somarmos mulheres heterossexuais e homens homossexuais, há uma grande porcentagem da população que sente atração pelo corpo masculino, não o feminino. Então por que tudo bem um homem sair sem camiseta e uma mulher não?”

Você toparia a experiência?

2. Linguagem do corpo

Já sabemos como a nossa postura influencia a nossa imagem, não é mesmo? A fotógrafa Gracie Hagen decidiu registrar isso em uma série genial chamada Ilusões do Corpo.

Ela compara duas fotos da mesma pessoa: uma com a postura relaxada e uma dirigida pela fotógrafa, com iluminação e ângulos bem trabalhados. Além da lição de que nossa postura muda como somos vistos, Gracie mostra como muitas fotos que criam o padrão de beleza são ilusões (além dos tratamentos de Photoshop).

Agora entendeu como tirar aquele nude perfeita pelad@, independentemente do seu tipo de corpo? #mandanude

3. Seu corpo é lindo

É verdade: existe um padrão de beleza corporal, ainda reforçado pela mídia. E a conseqüência disso é a nossa insegurança com nossas gordurinhas, proporções, cicatrizes, etc. Um dos primeiros projetos que conheci que incentivam o amor ao próprio corpo foi o The Nu Project, que já passou pelo Brasil e foca nos lindos corpos de mulheres do mundo todo.

Aqui no Brasil, conheci os projetos Nenhuma Nudez Será Castigada, Nu Cotidiano, 365nus e o Chicos que têm o mesmo viés, cada um com seu jeitinho especial.

Você curte essas iniciativas? Posaria para alguma delas? Compartilhe com a gente no grupo!

Felipe e Marlon para Chicos.cc, em protesto.

4. Nudez causa

Não é incomum ver a nudez sendo utilizada como ferramenta de protesto ou de incentivo a causas. No caso da Pedalada Pelada (versão brasileira do World Naked Bike Ride) ciclistas saem nus pela cidade para conscientizar os motoristas da fragilidade do corpo dos atletas.

Já o time de remo da Warwick University tira a roupa para lutar contra a homofobia, e os alunos da Oxford University fizeram um calendário lindíssimo para arrecadar fundos para caridade. São abordagens diferentes e igualmente válidas que aproveitam a polêmica do corpo despido para o bem.

O que você acha desses protestos / causas?

5. Liberte o pinto

Quantos homens pelados você já viu em filmes/séries/novelas? E quantas mulheres? Pois é…

A nudez masculina, sem dúvidas, ainda é tabu para a grande maioria das pessoas (lembrei da polêmica no desfile de Rick Owens com pintos à mostra). E o Kevin Bacon (que já ficou completamente nu em mais de um filme), lançou a campanha humorística #FreeTheBacon, falando algumas verdades.

Você acredita que a nudez masculina deveria ser mais explorada?

//Para Degustar

Curta-metragem: e se todo mundo vivesse pelado e só você quisesse usar roupas?
O corpo é arte: Spencer Tunick, que já esteve no Brasil, usa corpos nus como parte central em suas fotografias e instalações.
Já conhece o maior banco de genitálias do mundo? Você também pode participar.
O Buzzfeed decidiu gravar melhores amigos se vendo pelados pela primeira vez. Olha só o que acontece.
Dimitris Papaioannou criou essa coreografia em homenagem à genial Pina Bausch. É hipnotizante!

//Digital Detox

Peladices pra sair do digital

Snaps Fanzine: pra sair um pouco da tela e ver peladices no papel, indico a Snaps. A quarta edição da Zine de nus masculinos do fotógrafo Gianfranco Briceño já foi anunciada. Aqui você conhece mais publicações.

Suruba para colorir: Se você ainda não tinha entrado pra onda dos livros de colorir, agora tem um motivo. Os dois volumes trazem vários ilustradores e foi lançado pela editora Bebel Books. E você? Pinta como eu pinto? :P

Alair Gomes: PercursosPra quem estiver em São Paulo até o dia 04 de outubro está rolando uma exposição com fotos inéditas do fotógrafo brasileiro precursor da arte homoerótica. O olhar do artista voyeur é icônico e está de explodir a cabeça.

// Swarm Creativity

A cada mês, publicamos um novo conjunto de artigos, que se integram em uma experiência coletiva e são complementados por você.

Na Swarm Creativity, analisamos e discutimos temas diversos, promovendo pesquisas e encontros com o objetivo de agregar conhecimento e estreitar laços. Consumir menos para pensar mais, coletivamente. Assine nossa newsletter, participe das discussões no nosso grupo no Facebook e leia todos os artigos já publicados aqui em nossa coleção no Medium.

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Rodrigo Turra
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Publicitário, canhoto, geminiano e mutante. Aprendi que um dia sem aprender é um dia perdido. À procura do meu próximo eu. http://www.hiphipturra.com.br/